Capítulo 8: Faíscas

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Minhas costas doem muito, nem sinto minhas pernas. Nunca imaginei que andar de cavalo era algo tão doloroso.

Espero que esses bárbaros decidam logo onde vamos acampar, já é quase noite. Preciso de um banho, comida e uma cama bem quentinha.

Como não sei cavalgar e não tinha nenhum animal sobrando, estou agora numa situação bem pecaminosa. Posso ser uma moça simples, contudo, compreendo os comportamentos sociais permitidos ou não. Susan me ensinou.

Meu grandão - já desisti de não pensar nele como sendo meu - e eu dividimos o mesmo cavalo. Estou protegida em seus braços e nunca me senti tão aquecida. Ele mantém um braço ao redor de minha cintura e com a outra mão segura as rédeas do cavalo.

Como será que é a varinha dele? Sinto um calor pelo corpo. Queria tanto que Susan estivesse aqui. Estou confusa e curiosa sobre essas sensações que ele me provoca.

- Milady parece cansada. - De onde esse soldado saiu? Que susto.

- Sua cara também não é das melhores. O que você quer? - Já pergunto de forma grosseira para deixar bem claro que não estou aqui para ser amiguinha de ninguém.

- Só manter uma conversa cordial com uma dama tão educada. - Diz de forma debochada. Era só o que me faltava...

- Liam, o que está acontecendo por aqui? - Sua voz soa irritada.

Sorte desse tal de Liam que meu grandão não está para conversa, já estava me preparando para dar uma resposta bem desbocada.

- Só estava perguntando se milady está bem. Notei que estava quase caindo da sela.

Rapidamente arrumo, do jeito que posso, minha postura. Não vou mostrar sinal de fraqueza. Até Princesa, que está amarrada em meu corpo, se apruma - nunca que deixaria Princesinha andar por horas.

- Ninguém aqui pediu sua opinião. Estou muito bem, obrigada. - Respondo de forma arrogante.

Que Deus me ajude a manter minha boca fechado pois, depois de dar essa resposta atravessada, a corrida se intensificou. Tenho certeza que é vingança. Connor deixou de ser Meu grandão e passou a ser O babaca.

Já era noite alta quando resolveram montar acampamento. Não consegui mexer as pernas. Só me curvei e tentei escorregar pela lateral do cavalo, Princesa ficou tensa.

- Milady, precisa de ajuda?

- Não consigo mexer minhas pernas, estou com câimbras. - Choramingo, pois estou com muita dor e não consigo me mexer.

Connor rapidamente desce a Princesa e me pega no colo. Eu sei que ele exagerou na cavalgada. Mas não consigo ficar brava, não quando estou em seus braços fortes.

Ele me coloca no chão perto da entrada de uma tenda.

- Aqui ficará protegida do frio da madrugada. Já consegue andar?

Mexo minhas pernas devagar. Aos poucos sinto que consigo me equilibrar melhor.

- Obrigada pela ajuda. Mas isso não te tira a culpa de ser o causador do meu estado. Precisava andar tão rápido com os cavalos? Por acaso somos fugitivos? - Não controlo minha boca, quando percebo já falei tudo e a cara do Connor não é das melhores.

- Tenho vontade de te estrangular. Sorte sua que não bato em mulheres. - Diz já com a voz alterada.

-Meu olho roxo mostra a delicadeza como trata as mulheres. - Debocho.

Percebo seu pescoço ficar vermelho e as veias saltarem. Ele respira algumas vezes e, simplesmente, vai embora.

- Seu selvagem. - Grito num momento de insanidade.

Não espero sua resposta e entro na tenda.

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