Corações em chamas

Capitulo 2: Fuga Desesperada

Não é possível. Esses homens não vão embora nunca. Estou cansada, com frio e fome. Já tem uns três dias que estou fugindo deles. Tento não deixar meu rastro, como fui ensinada. Mas estou cansada.

Suspiro saudosa. Queria estar agora na nossa cabana... O fogo estaria acesso e um belo ensopado de coelho ferveria no caldeirão. Teria me banhado no rio e depois de me alimentar, me deitaria no meio das minhas peles e, assim, dormiria quentinha.

Susan me ensinou tudo que sei. Caçar,  preparar minha comida, fazer minhas roupas e calçados e usar a natureza para salvar vidas, além disso, também me ensinou a manter distância de guerreiros e de qualquer pessoa que não fosse ela. Por isso, sei me esconder muito bem e se necessário usar a adaga que trago escondida nas minhas roupas. 

Foi mais que uma mãe, era minha amiga e mentora. Sei que ela me criou desde bebê. Nunca perguntei de meus pais e ela nunca falou. No final, ela era minha família.

Sua morte foi muito dolorosa para mim. Fiquei de luto durante muito tempo. Fiquei trancada e deitada. Não queria me alimentar ou me lavar.

No final, consegui seguir adiante. Princesa, minha cachorra, me deu forças para continuar. Ela foi a única que esteve ao meu lado durante meu período de tristeza.

E por ela, tenho que voltar. Ela não pode ficar sozinha. Não sabe se defender.

Aproveito que anoiteceu e uso as sombras da floresta para continuar minha fuga daquelas pessoas. Não sei o motivo de estarem me procurando.

Só lembro que sai para me banhar no rio, como faço todos os dias de manhã e antes de dormir. Hábito que Susan me ensinou. Quando estava retornando ouvi Princesa latindo ferozmente e vozes. Me escondi nas árvores e fui me aproximando. Observei homens entrando na cabana. E outros estavam fora. Pareciam me procurar. Um homem muito alto se mantinha no cavalo. Parecia dar ordens para os outros. Provavelmente, era o senhor dos demais. Do meu esconderijo não conseguia ouvir ou ver o rosto do homem misterioso.

Quando ele se virou em minha direção me escondi. Mas pressentindo que tinha me visto, comecei minha fuga.

Desde então, estamos nessa caçada.

Ouço os cascos de um cavalo que se aproxima, não terei tempo de subir em uma árvore para me esconder, então, corro.  Corro como se minha vida dependesse disso. No final, ela depende...

O suor escorre pelas minhas costas, os galhos arranham minha pele, mas não diminuo a corrida e nem olho para saber se meu perseguidor está próximo. Sinto... Sinto ele me alcançando e um desespero enche meu coração. Lágrimas caem de meus olhos, não consigo evitar.

Eu, Briana, serei morta numa floresta escura. E ninguém vai cuidar da minha Princesa.

Sinto um peso sendo jogado nas minhas costas e caio de cara no chão. Folhas e terra entram na minha boca. E sinto uma dor enorme.