Capítulo 14: Anseios

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Sinto algo se mexer em minhas costas. Logo sinto Connor tentando sair da cama improvisada sem me acordar. É inevitável não sorrir, fico quietinha fingindo ainda estar dormindo. Escuto o rosnado de Princesa.

- Não tente me morder. Sua dona está dormindo e você pode ficar em silêncio. - Connor sussurra.

- Volte. Ainda está escuro e frio lá fora. - Acabo fazendo o pedido, pois não resisti. Se fosse possível ficaria na cama uns dois dias, ainda não me recuperei da viagem.

- Durma, pequena. Começarei a organizar tudo para nossa partida. - Seu olhar me transmite uma sensação gostosa.

Não digo nada, apenas me levanto e vou até onde ele está. O abraço forte, no início sinto seu corpo tenso, mas depois ele relaxa e retribui o gesto. Meu grandão apoia seu queixo no topo da minha cabeça, só consigo suspirar de prazer. Seus braços me acolhem. Me aconchego mais em seu corpo.

- Briana...

- O Senhor me faz sentir coisas que não entendo.

- Quando chegarmos em nosso lar poderemos conversar sobre tudo. Infelizmente, agora temos que nos apressar. Aqui não é seguro.

Seus lábios se aproximam dos meus e só posso pensar em como é bom a intimidade que um casal compartilha. Sinto um friozinho na barriga e só penso em tirar as roupas para me esfregar nele. Sinto seu corpo encaixar no meu e sua varinha me cutucar a barriga. Sua língua passeia pelos meus lábios e sinto uma mordida.

- O senhor me mordeu. - Me separo dele, estou indignada com sua risada.

- Briana, isso foi um carinho. Tenho vontade de te morder inteira. Isso é o que acontece por ficar me tentando.

- Oras, o senhor que me beijou. Eu só dei um abraço de forma inocente.

Quem ele pensa que é?

Susan provavelmente me bateria se soubesse que estou de saliências com um homem que acabei de conhecer.

- Se você prefere acreditar nisso... - Diz dando de ombros e com um sorriso de canto.

Acabamos os dois rindo. A vida é surpreendente e o que está acontecendo aqui é a prova que não temos controle de nada. Só podemos seguir o rumo que a correnteza nos leva e buscar aproveitar a viagem da melhor forma possível.

- Vou organizar tudo lá fora. Estarei te esperando.

Ficamos eu e Princesa observando Connor sair apressado. Suspiro e começo a arrumar nossa tenda.

Quando saio vejo que o acampamento está praticamente desmontado. Homens carregam tudo para seus cavalos. Princesa está ao meu lado rosnando para todos, ela é tão fofa me defendendo.

Vamos até a fogueira, um senhor barrigudo e com o rosto bem vermelho mexe um grande espeto com algumas partes do que já foi um porco do mato. 

- Oras, oras... Vejo uma criança faminta com seu cão magricelo. - Sua barriga se mexe quando ele começa a rir.

- Meu nome é Briana e essa é Princesa. Realmente estamos com fome.

- Connor disse que teria que alimentar algumas damas. Deixei o melhor para vocês. Antes que eu esqueça meu nome é Aidan. Um guerreiro velho, que agora foi nomeado cozinheiro.

- É um prazer conhecê-lo. - É inevitável não sorrir para um senhor tão simpático. Comemos alguns pedaços da carne que ainda está quente.

Observo Connor arrumando seus pertences. Nossos olhares se encontram e meu coração dispara. Um suspiro sai de meus lábios antes que eu possa evitar, rapidamente viro meu rosto para a direção oposta.

- Não adianta tentar evitar o destino. Tudo já está traçado.

- Não sei do que o senhor está falando.

- Sou velho, mas não cego. Ainda me lembro da minha doce esposa... Bons tempos. Espero que compreenda a importância de ser a protegida dele. - Aidan diz me encarando, parece que está decifrando minha alma. 

- Também espero que ele entenda que agora me tem... - Sinto que posso falar com Aidan. - Apenas tenho medo. Medo de não ser aceita pelas pessoas que são importantes para ele. Medo de não ser boa o bastante para estar ao seu lado... Eu gostaria que Susan estivesse aqui para me aconselhar - Digo baixinho minha confissão, meus temores foram expostos... Não digo o nome do Connor, pois sei que meu novo amigo percebeu que minha vida será traçada ao lado do guerreiro.

- Criança, você não entende agora. Mas seus medos serão deixados para trás quando chegarmos ao Castelo. Os ventos da paz sopram e devemos aproveitar. Vá encontrar seu destino.

Aidan dá tampinhas em minha mão, só posso sorrir diante de tais palavras. Expectativas calorosas aquecem meu coração com a possibilidadr de logo chegar num novo lar. No nosso lar...

Corações em chamas Onde histórias criam vida. Descubra agora