CAPÍTULO 2

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ANTÔNIO

             Cheguei da academia, e tinha uma movimentação muito grande no elevador de serviço, parecia uma mudança, tinha duas mulheres carregando caixas, eu subi rapidamente e percebi que elas mudariam para o apartamento ao lado do meu. Como poucas pessoas moravam ali naquele andar, por se tratar dos andares mais caros, eu tinha agora quatro vizinhos. Pode parecer maluco, mas oferecer ajuda não quer dizer que eu esteja dando em cima de alguém, ou será que ficaria? Eu realmente só quero ajudar. Criei coragem e apertei a campainha, quando uma dela atendeu, eu pensei, morri e estou no paraíso, uma morena de olhos castanhos escuros, parecia bem séria, mas foi bem simpática, ela me analisou por completo e aceitou minha ajuda, depois de carregar algumas caixas e ajudá-la a arrumar algumas coisas, nós conversamos bastante e eu entreguei meu número de celular caso precisasse de mais alguma coisa, e ainda assim poderia bater na minha porta.

           Sai de lá já estava quase na hora do almoço, estava suado da academia e ainda mais agora sujo de faxina, tudo pelo bem da boa vizinhança. Eu sei que não existem homens gentis como antigamente, mas eu fui criado para cuidar e respeitar as mulheres, não que elas não sejam auto suficientes, elas são, eu apenas quero me sentir útil a elas. Meu pai sempre diz “O que você puder fazer para ver uma mulher sorrir, faça” então eu fiz, ajudei e ela me agradeceu sorrindo e com um convite para jantar assim que o apartamento estivesse pronto.

Abri a porta, e não surpreso, encontrei Letícia sentada no sofá, com as pernas na mesinha de centro, com um balde pipoca a sua frente, assistindo mais um episódio de Friends, o que não é grande novidade, já que ela saía da faculdade direto pra cá.

— Ei peste, tire esses pezinhos da mesa! - pedi, brincando, mas óbvio que eu não ligava muito pra isso, eu só queria implicar. — Friends de novo?
— Irmão, eu nunca vou me cansar de ver Friends. - Sorriu, uma das coisas mais lindas naquela peste, era o sorriso. — Tonton, o que vamos almoçar?
— Você é um saco sem fundo! - eu ri. — Vou tomar um banho primeiro, eu estava fazendo faxina.
— Faxina? Você não foi na academia? - perguntou surpresa.
— Digamos que eu fui, mas a vizinha nova precisou de uma ajudinha e eu fui oferecer.
- Hum, a vizinha né? Foi oferecer uma xícara de açúcar, irmãozinho? - eu ri, a peste era debochada. — Devia ter oferecido seu corpinho lindo...ela ia amar!
— Peste, me respeita, sou seu irmão mais velho!
— Você é meu único irmão, Tonton! - gargalhou. — Apesar de bem chatinho, você é o melhor!
— Sei, você já arrumou a bagunça na minha cozinha? Vou tomar um banho e quero aquela cozinha limpinha quando eu voltar, senão você vai comer macarrão instantâneo.
— Você não vai estragar minha dieta, Antônio! Não venha com essa!

Eu ri e fui tomar banho, enquanto ouvi a peste, vulgo Letícia amor da minha vida cantando bem alto, pra animar os vizinhos no mínimo, enquanto lavava a louça. Nós temos condições de ter empregados, mas nossos pais nos ensinaram a cuidar de tudo, eu não gosto de estranhos, então eu cuidava de tudo em casa, assim como minha irmã que não morava comigo, mas vivia aparecendo pra ver filme e série comigo.

Não era fácil, principalmente eu que na maioria das vezes não tinha tempo pra nada, a empresa me consumia por completo, eu só ficava livre quando eu me dava uma folga, o que aconteceu hoje.

Tomei meu banho sossegado, imaginando o que a vizinha nova estaria fazendo agora. Como eu tinha anotado seu número, resolvi mandar mensagem. Me surpreendi ao ver que sua foto já aparecia no contato, ou seja, ela salvou o meu número.

Oi vizinha, gostaria de uma xícara de açúcar?

Ri de meu atrevimento, mas esperei pacientemente a resposta que veio depois de alguns minutos.

A xícara não precisa, mas o dono não seria nada mal. Brincadeira...Oi vizinho, tudo bem!?

Me surpreendi com a resposta, apesar de pelo pouco que conversei com ela, percebi que ela é bem direta e gosto disso.

Tudo ótimo, estou começando os preparativos do almoço, a peste da minha irmã está aqui. E você, pediu lá na cantina?

A resposta dessa vez não demorou nada.

Sim, pedi um macarrão ao molho pomodoro, delicioso, Gleiciane já repetiu duas vezes. Bem, vou te deixar terminar seu almoço, mais tarde a gente conversa. Ou se vê. Obrigada pela ajuda hoje, não vou esquecer! xD

Sem pestanejar, respondi:

Pode contar sempre, vizinha. Mais tarde a gente se vê, com certeza. Eu também não vou esquecer. xD

Com um beijo de emoji ela se despediu e eu fui a cozinha começar o almoço, Letícia me ajudou e juntos fizemos uma salada de abobrinha com macarrão feito com espinafre, já que a peste estava numa dieta maluca, onde ela viraria uma vareta, já que estava sumindo.

— Peste, você emagreceu muito, já não acha que é hora de parar essa dieta e apenas não comer mais besteiras? - perguntei a ela, interessado, gostava de como ela se cuidava e como estava feliz. Seu sorriso era tudo pra mim. — Aquele moleque do Heitor que fica colocando porcarias na sua cabeça, você é linda irmã, basta se cuidar, sem essa de dietas, só alimentar-se bem e saudável.
— Não é o Heitor, é que eu estava muito inchada irmão, demorei a ter resultado, quero ter certeza que vai continuar. Você não sabe como é difícil ficar sem um chocolatinho ao leite.
— Não sei e nem quero, eu faço “crossfit” justamente pra poder comer minhas besteiras em paz.

Almoçamos, e depois fui deixar minha irmã na casa de nossos pais. Eu adorava tê-la comigo, mas eu também gostava de estar nu pelo apartamento. Quando cheguei em casa, joguei as chaves do carro no aparador e fui ao escritório trabalhar. Minha mesa estava cheia de papéis, projetos, ideias e eu precisava urgente de alguém que pudesse me ajudar com uns processos. Um babaca resolveu processar a minha empresa, apesar de que o motivo é completamente insano, e com certeza não seria por conta de um projeto, e sim o motivo seria eu ser uma das empresas mais bem sucedidas de São Paulo. Mas eu não cairia nesse jogo, mas nunca. Tenho que mudar a tática e conseguir um advogado competente para cuidar dos assuntos da empresa, já que o último eu demiti.

Depois de horas trabalhando, resolvendo problemas e criando outros, eu recebi uma mensagem inesperada.

Ocupado?

Meio surpreso e completamente interessado no que ela poderia me dizer.

Agora não mais. Muito problema pra resolver, mas tô sem cabeça. E você!?

Antes que ela respondesse, eu me levantei da cadeira e fui até a cozinha pegar uma água.

Tem que procurar a cabeça, não dá pra ficar sem ela, vizinho. Bom, eu estou terminando de arrumar essa zona e gostaria muito que meu vizinho gentil me ajudasse a não quebrar minha tv.

Ri de sua piada sem graça.

Olha, minha cabeça continua por aí, perdida. Mas é claro que seu vizinho gentil pode te ajudar a não destruir a tv. Me dá só um minuto, que eu tô indo.

Depois de mandar uma última mensagem, esperei a resposta e rapidamente fui ver o meu estado no banheiro, estava cansado, mas eu peguei apenas uma camisa e fui.

— Oi Antônio! Eu acho que quebrei a televisão! - sorriu tímida, meio sem graça e abriu a porta pra mim. — Quer uma água, um café?
— Não, obrigada. Vamos ver o que houve!

Eu olhei e percebi que ela havia apenas trocado os cabos, coloquei a tv no lugar e ela agradeceu. Enquanto eu arrumava a tv na parede, ela fez um café e alguns biscoitos.

— Olha, eu serei eternamente grata por tanta gentileza. Sério mesmo, Antônio. - Sorriu, bem simpática e como não havia reparado tão bem da última vez, ela estava mais linda, com um short jeans não muito curto e uma camisa vermelha, cabelos soltos e brincos pequenos, linda.
— Acho que você pode me chamar de Toni. - Ela sorriu e assentiu. — Me sinto com cinquenta anos com Antônio!

Agora nós rimos juntos.

— Muito bem Toni, pode me chamar de Nath. - Sorriu, tomando um pouquinho do café. — Então, o que te fez perder a cabeça?
— Ah, isso...problemas na minha empresa. Preciso resolver juridicamente.
— Se quiser ajuda, pode contar comigo. Não é minha área, mas eu posso ajudar.
— Muito obrigada, mas seria uma dor de cabeça pra você.
— Não precisa se preocupar com isso, eu gosto de resolver problemas jurídicos.

Depois de muita insistência da parte dela, eu abri sobre o problema da empresa e ela ficou indignada, com um tom de advogada ela praticamente disse que era questão de honra ganhar o processo.

— Eu me recuso a não ganhar esse processo! Esse sujeito não vai te arrancar um centavo, Toni! - Ela levantou, com a mão na cintura, e eu ri, fascinado por tamanha beleza.
— Então amanhã você aparece lá na empresa, que a gente conversa sobre isso melhor, eu detesto essas formalidades, mas se tratando da empresa, temos que seguir essas regras. — Tudo bem. Mas hoje não é dia de empresa. O que acha de uma pizza? Quero te apresentar as meninas.
— Opa, será que elas não vão ficar incomodadas?
— Óbvio que não, você é nosso vizinho, não é como se fosse um maníaco do parque. Elas vão te adorar!

Após toda a empolgação, conheci Gleiciane, Marina e Juliana, o quarteto de mulheres mais extraordinárias que eu tive o prazer de conhecer, todas elas com histórias completamente diferentes e ao mesmo tempo muito unidas, conversamos muito e depois de muitas horas eu fui pra casa com a certeza de que pegar aquelas caixas foi a melhor coisa que eu fiz na vida. E que Nathalia Barreto era a consequência mais linda dela, eu sem dúvidas estou fascinado.


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