CAPÍTULO 8

4 1 1
                                    

Juliana

                Quando eu ia imaginar que meu sonho se concretizaria e eu seria uma Blue Angel, após muitos anos de estudo e dedicação, eu estava no auge de minha carreira, com muitos compromissos, a agenda cheia, e o principal, muito feliz.
                A tarefa de dividir apartamento com três mulheres completamente diferentes era sem dúvida uma aventura, eu, tatuada dos pés à cabeça, piercings escondidos, cabelos pretos, olhos amendoados e um desejo enorme de apenas viver intensamente. Conhecia as meninas de longa data, somos muito próximas, mas cada uma vive sua vida independente, talvez a maior loucura que inventamos juntas foi dividir o mesmo teto, mas quer saber? Eu adoro! Imagina, chegar em casa e ter com quem conversar as loucuras do dia-a-dia, ainda mais eu, que mal vivo em casa, a melhor parte da profissão é viajar.
                Minha vida amorosa é um trem desenfreado, eu nunca sei onde vai dar, só sei que vai bater em algum momento e eu vou me quebrar toda. Faz parte, seria bom viver um amor tranquilo, ter um coelho pra chamar de filho, e um cozinheiro de cueca na cozinha pra eu chamar de marido, mas isso ainda não aconteceu. Por enquanto, eu na minha, ele na dele e aquela dúvida “Será se somos namorados, ficantes ou inseguros?” Bom, fica no ar esse questionamento.
            Nem sempre nossa felicidade se resume a um homem, algumas mulheres tem esse pensamento, nossos antepassados tem muita culpa, onde nos tempos de mães e avós, a mulher era praticamente uma figura de dona de casa, que vivia para o marido e para os filhos, não tinha direitos e nem livre-arbítrio, atualmente isso é diferente. Nós somos poderosas, vivas e grandes profissionais! Ainda temos que lutar por nossos direitos, mas em comparação ao antes, estamos progredindo, e o futuro nos espera.
              Por que eu estou falando isso? Ora, eu tenho vinte e quatro tatuagens, todas elas em diferentes cantos de meu corpo, sou bem intensa, não deixo as coisas para viver depois, eu vivo, se for bom, vira momento, se for ruim, aprendizado. Estou dizendo que a vida é muito curta pra ficar esperando que alguém tome uma decisão, quando é você que tem esse poder. Não esperar o homem perfeito, pois ele não existe, existe alguém cheio de defeitos e qualidades, que vai te somar e não te completar, pois já somos completas. Sem essa de metade da laranja, que mania de falarmos que somos metades de alguém. Não! Somos pessoas inteiras e merecemos alguém inteiro que nos some.
              Levando para o lado mais especifico, que nos respeite, nos dê orgasmos loucos e cozinhe de cueca, tipo Rodrigo Hilbert versão falsificada, já que o existente tem dona. Mas em tese, é isso, temos que parar de buscar o amor da forma errada, procurando que a outra pessoa venha te amar e te completar, e sim que você se ame ao ponto de somar esse amor a outro, que também faça o mesmo por você.
             A vida é boa para um caralho e deve ser aproveitada de forma intensa e responsável. Isso inclui uma boa cerveja (de preferência uma “verdinha”, um bom petisco para acompanhar e uma música para melhorar o ambiente.
             Bom, depois de desbravar meus pensamentos sobre tal assunto chamado amor, cujo o meu é próprio, voltemos ao ponto inicial. Quem sou eu?
Juliana Mendes, trinta e um anos, tatuada, cheia de sonhos, decidida, metida a astróloga, conselheira amorosa de rede social, tenho vontade de ter coelhos, jabutis e um peixe-boi, sendo o último impossível de criar em apartamento. E isto é, pode ter aqueles de pelúcia que vende em farmácia, onde carinhosamente ou gulosamente chamo de rocambole. Então, o que posso reclamar da vida?
Como diz uma de minhas tatuagens: be my guide but never hold me down.
Seja meu guia, mas nunca me segure.

Todas as Formas de Amor - Ame-se Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora