CAPITULO 1

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NATHÁLIA

          Enquanto eu estava a desencaixotar algumas caixas da mudança, as outras meninas arrumavam seus quartos, ainda tínhamos muitas coisas para mexer, a cozinha estava uma zona de guerra e eu tinha uma pilha de processos para analisar, que provavelmente teriam que ficar para o outro dia, já que eu não conseguiria dormir nessa bagunça, parecia que a minha cabeça estava igual. Estava bem concentrada colocando os enfeites na sala, quando a campainha tocou, fiquei me perguntando quem seria, se nós havíamos acabado de nos mudar.

Abri a porta e meu coração deu um salto com tanta beleza. Um loiro, de olhos bem verdes e brilhantes, estava na minha porta, eu estava totalmente descabelada, com um uma roupa velha de faxina, que vergonha.

- Oi, bom dia! Desculpe a intromissão, mas é que eu sou vizinho de vocês, eu vi que estão de mudança e vim oferecer ajuda para carregar as caixas... - colocou uma mão no topete loiro, que lhe dava um charme, sorriu. — Antônio, prazer...
— Meu Deus, eu estou toda assanhada, suja de faxina...eu sou Nathália, o prazer é meu. - Sorri, eu não tinha como recusar, tão gentil, tão lindo. — Se não for muito abuso, eu aceito a ajuda, estou ficando louca, tem mais duas caixas enormes lá embaixo, se você puder...
— Claro que sim, se puder deixar a porta aberta... - sorriu, já se despedindo e apertou o botão do elevador, só deu tempo eu acenar e dizer:
— De onde surgiu esse Deus grego! -- coloquei as mãos no rosto, ainda meio perplexa e sorri.

Deixei a porta encostada, sem medo algum, pois um condomínio fechado com um aluguel exorbitante tinha que ter uma segurança confiável.  Voltei para dentro e comecei a limpar os objetos da caixa dos enfeites. Eu me distraí tanto, que nem vi quando o deus grego entrou e deixou as caixas no chão da sala.

— Aqui estão, só faltavam essas? - ele sorriu e perguntou, enquanto eu provavelmente estava babando e perplexa com tamanha gentileza. — Eu sei que pode parecer maluco, mas eu realmente quero ajudar...quantas de vocês vão morar aqui?
Saí do transe, e respondi:
— Eu e mais três, Juliana e Marina estão no outro apartamento limpando pra entregar as chaves ao dono. Aqui está eu e a Gleice, que está lá dentro provavelmente foi engolida pelas caixas. Ele gargalhou, e eu também, movida por tanta simpatia, eu tinha medo que eu pudesse me apaixonar, ele é uma tentação, assim mais de perto, pude ver que era forte, não muito exagerado, mas com bíceps acentuados, duas tatuagens na lateral de seu pescoço, como estava de regata, dava pra ver que tinha mais, parecia que tinha acabado de vir da academia, eu realmente estava encantada com aquele espécime de deus nórdico. O que será que ele fazia da vida? Me perguntei.
— Nathália, sem querer me intrometer, mas você está falando alto. - Riu, e eu fiquei vermelha de vergonha. — Mas obrigado pelo “deus nórdico” acho que vou dormir muito bem hoje.
— É, me desculpe...eu às vezes penso e falo alto demais, me desculpe. - Ri, sem graça, meu Deus, agora o homem vai me achar maluca.
— Eu que deveria dizer que você é uma deusa, mesmo assim descabelada, você é linda. - Sorriu de canto, deixando à mostra sua covinha. Será que aquele homem tinha algum defeito?
— Nathália, você falou alto de novo. - Dessa vez ele riu ainda mais alto. — E a resposta é sim, eu tenho defeitos, e muitos deles. Mas, eu sou legal, eu juro.
— Meu Deus, Antônio...me desculpa, eu não sei controlar. - Ri novamente sem graça— Então você quer ajudar, você poderia pegar esses livros e colocar naquela estante, já me ajudaria muito. Se não for muito incômodo, claro.
— Incômodo nenhum, hoje eu me dei uma folga. - Começou a mexer nas caixas onde eu guardo os livros da sala, todos eles sobre arte, música e culinária. — Nossa, eu tenho esses livros, os de culinária são muito bons.
Você cozinha?
— Sim, uso a cozinha como terapia. - Sorri, colocando o último enfeite no móvel. — Acho que aqui na sala, só falta esses livros e a televisão. Tenho que organizar a cozinha, não vou conseguir dormir sabendo que ela está essa bagunça.

Como a cozinha era americana, bem espaçosa, a sala era acoplada a ela, o apartamento em si é muito grande, os cômodos eram abertos, arejados, um projeto bem feito, eu diria.

— Sei bem como é, eu já estou aqui há dois anos, mas o começo foi assim mesmo.
— Já que somos vizinhos, bem que você podia me dizer onde tem lugares para pedir comida, eu não sei quando vou conseguir mexer aqui, pra fazer algo decente.

— Bem, ao lado de onde eu trabalho, tem um restaurante muito bom, comida simples e deliciosa, acho que eles fazem delivery.
— Ótimo, quando terminarmos essa parte, vamos pedir almoço, estou azul de fome.

            Eu sei que parece louco, mas o vizinho que eu acabei de conhecer, o deus nórdico gentil, não me parece ser um estuprador, maníaco ou algo do tipo, conversamos sobre tudo, ele me contou o que faz e eu contei a ele como era ser advogada no meio de tanta injustiça e impunidade, o que me deixou ainda mais curiosa foi dizer que era dono de uma empresa, sendo que eu olhava pra ele e não dava nem trinta anos, o fauno de mármore tinha trinta e quatro e eu fiquei ainda mais encantada com a forma que ele me tratava e percebi que era assim na vida, pois Gleiciane, Marina e Juliana que chegaram depois de algumas horas, ele as tratou de uma forma diferente, eu conhecia muitos homens, nenhum deles era assim tão gentil e respeitoso, sim, pra mim ele não tinha defeito. Antônio Bianchi, a minha ruína tinha nome, sobrenome e um vício em lanches que me fez ainda mais encantada.

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