CAPÍTULO 3

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NATHÁLIA

           Depois de um final de semana cheio de novidades e muita bagunça, finalmente o apartamento estava de pé e eu muito satisfeita. Marina e Juliana vão continuar a faxina nos últimos detalhes, enquanto eu vou na empresa de Antônio e Gleiciane vai trabalhar. Pesquisei a empresa de Toni e pasmem, ela é uma das melhores do país no ramo tecnologia e marketing, Antônio estava em todas as páginas de pesquisa, sempre com o olhar compenetrado e atento, e aquele belíssimo par de olhos fixados e brilhantes, com orgulho. Tomei uma ducha rapidamente, procurei o melhor terninho que eu tinha, saia cinza lápis, um scarpin médio e uma bolsa que facilmente caberia meu apartamento dentro, depois de uma maquiagem leve e acessórios nada chamativos, eu estava pronta. Fiz uma tapioca rápida e tomei meu desjejum, peguei as chaves do carro na bancada e segui para o meu destino. Bianchi Tecnologia aí vou eu…

          No caminho, percebi que a empresa era bem próxima ao nosso condomínio, não durou nem quinze minutos de engarrafamento e eu já estava pleníssima adentrando o estacionamento da mesma. Estacionei com facilidade na vaga destinada aos visitantes, depois de verificar se o carro estava bem colocado, segui para a entrada da empresa e rapidamente peguei o cartão que Toni havia me dado, que dizia "Visitante Vip", nem preciso dizer que amei, não é!? Ele é muito gentil. Assim que fui liberada, peguei o elevador para o último andar, onde ficava a sala dele.

Assim que pisei na entrada no andar, sim, pude perceber a quão sofisticada era a empresa e impecavelmente brilhante. Não podia dizer o mesmo da secretária que estava a poucos metros da porta da sala de Toni.

— Olá, bom dia! Sou a Dra. Nathália Barreto, eu tenho uma reunião com o Sr. Antônio Bianchi, ele está me esperando. - Coloquei o meu melhor sorriso e minha maior cara de falsa, pois eu não havia gostado da cara da individua. E pelo jeito, nem ela da minha.
— O Sr Bianchi, nesse momento está ocupado. A senhorita pode sentar-se e aguardar. - Indicou os sofás na frente.
— Ele me mandou uma mensagem, dizendo que eu poderia entrar sem nenhum problema, é uma reunião de trabalho, Sra. Débora Castro. - Vi seu nome no crachá e indiquei o celular mostrando a mensagem que ele havia mandado a poucos minutos. Com essa cara de laranja azeda, ela me indicou a porta e em seguida pegou o telefone, anunciando meu nome. Ela abriu a porta e lá estava ele, de terno, óculos de grau, e um sorriso de inundar qualquer calcinha. Santa Mãe de Deus!
— Nathália, bom dia! Como vai? - esse homem ainda vai me matar, precisa agir como CEO sério e lindo, assim eu não resisto.
— Bom dia, Antônio! Estou bem, e você? - sentei na poltrona que ele indicou.
— Agora bem melhor. Já que estamos a sós, podemos deixar as formalidades de lado. Preciso muito de você e dos seus dons de mestre do Direito, Nath. - Sorriu, apesar do semblante estar preocupado.
— Fico lisonjeada com o elogio, mas ser advogada é uma conquista de muito estudo e esforço, dom é demais pra mim. - Sou sincera ele sorri, lindo. Antônio é definitivamente um destruidor de calcinhas! — Então, vamos a solução! Conte-me um pouco mais sobre o problema que nós vamos chegar à solução.

Ele sentou à minha frente e indicou alguns papéis, com uma caneta na mão, ele começou a indicar os números e depois um processo que a empresa estava sendo submetida por fraude, a empresa concorrente de Antônio estava denunciando a criação de uma plataforma digital, que segundo eles a ideia central era do diretor criativo da empresa deles, em contrapartida após uma lida rápida no processo, pude perceber as incoerências e uma possibilidade de se tratar de uma armação para prejudicar o nome da BTe, após uma longa conversa com Antônio, decidimos que eu sou a mais nova advogada contratada da BTe e que eu poderia levar o processo pra casa, para melhor análise do mesmo. Aos pormenores, questão de custas e honorários, eu resolveria com outro departamento, por enquanto meu único interesse era literalmente enquadrar a Tecnologia do Futuro nos art. 186 e 927 do Código Civil, apenas. Danos morais e o que mais eu puder arrancar dessa situação. Ninguém mexe com meu colírio de olhos brilhantes!

— Ficamos acertados, assim? - levantei-me ajeitando a saia e indicando minha mão, para que ele apertasse.
— Claro, eu fico muito agradecido que você tenha entendido o meu ponto, e espero que você possa me ajudar com isso, eu já estava ficando louco! - colocou a mão na têmpora e ali massageou. - E dando-me dor de cabeça.
— Eu com certeza pretendo vencer essa causa, isso tem cheiro de armação e eu vou descobrir!

Trocamos mais algumas ideias e até pequenas aleatoriedades, depois que saí da sala, percebi que a secretária não havia gostado em nada da minha demora, já que passei boas horas lá dentro com ele. Eu estava prestes a pegar o elevador, quando uma figura de pessoa esbarrou em mim, com seus cabelos cacheados e um sorriso belíssimo, derrubando uma penca de livros e um deles me chamou a atenção.

— Enquanto puderes erguer os olhos para o céu, sem medo… - eu peguei o livro e li " O diário de Anne Frank" e as palavras simplesmente saíram sem que eu pudesse controlar.
— ...saberás que tens o coração puro, e isto significa felicidade. - A mulher completou e ambas sorrimos, ela é uma pintura de tão linda. — Oi, sou Leticia Bianchi!

Ergueu a mão para que eu a cumprimentasse, e eu o fiz, ajudando-a com os livros.

— Nathália Barreto, prazer. - Sorri e ela pareceu empolgada ao ouvir meu nome.
— Meu irmão tem razão em dizer que você é linda. - Irmão? como assim? me surpreendi e ela riu do meu espanto. - Sim, eu sou irmã do Tonton, ops, Antônio! Ele vai me matar…
— Meu Deus! Você é irmã do Toni, a mesma gentileza e simpatia, como eu não percebi!
— Por eu puxar a mamãe e não o papai, como Antônio sempre diz.
— O prazer é todo meu Leticia, desculpe o esbarrão.
— Que nada cunha... Nathália, eu que sou uma desastrada mesmo. A propósito, você já leu Anne?
— Duas vezes, eu adoro. - Ri, empolgada.

Ela sorriu e quando ia me contar alguma coisa, a porta do escritório do irmão abriu-se e ele saiu da sala com uma pasta nas mãos, e ficou surpreso ao me ver perto de sua irmã.

— Peste? Nathália? - aproximou-se de nós duas e eu só pude perceber o olhar enorme que a laranja azeda deu sobre nós. Não gostei dela. — Vocês se conhecem?
— Não, acabamos de nos conhecer. - Eu ri. — Leticia é uma figura!
— Agora fez sentido você falar tão bem dela, Tonton! - ela disse e eu corei, possivelmente Antônio ficou vermelho, mas não transpareceu.
— Agora você pode perceber que o peste faz sentido. - Ele riu. — Bom, já que as mocinhas se conhecem e ficaram amigas, o que acham de almoçar com esse príncipe que vos fala?

Gargalhamos e assentimos, entramos os três no elevador e eu parecia amiga de infância de Leticia, mesmo que ela fosse bem mais jovem que eu. Fomos até a cantina italiana ao lado e o príncipe encantado destruidor de calcinhas fez o que só existe em conto de fadas, puxou a cadeira para sentarmos. Conversamos amenidades e Antônio contou as peripécias de sua irmã e como eles eram unidos apesar de não viverem juntos. Leticia também deixou escapar alguns segredos dele, como o que ele tocava violão e que era viciado em jogar God of war no videogame, ou que tinha mania de cantar ao tomar banho. Era praticamente um convite para conhecê-lo melhor.

Depois de almoçarmos, Antônio fez questão de nos levar até o estacionamento e como mudança de planos, eu me ofereci para deixar Leticia em casa, e ele agradeceu pois havia uma reunião que não podia perder, e assim eu fui o caminho inteiro até a casa de Leticia ouvindo Taylor Swift no último volume.

— My baby's fly like a jet stream, high above the whole scene… - cantarolei bem alto, rindo da cara que Leticia fazia, também empolgada.
— Loves me like I'm brand new, so call it what you want, yeah, call it what you want to… - continuou a cantoria completando a música que tocava no meu painel.
— Achei uma parceira pra ser minha dupla pop, uhuuuul! - vibrei empolgada, após alguns minutos, estacionei numa calçada de pedras muito bonitas, onde havia uma casa grande, sem exageros, cheia de flores e árvores, adornava um portão de ferro bem rústico. - Chegamos ao destino da princesa…
— Princesa? Eu sou a rainha, meu bem! - Riu, abrindo a porta do carro. E após ajeitar os livros na mão, colocou a cabeça para dentro e falou:
— E você, é minha futura cunhada, Nath… - e saiu correndo, me deixando lá com a cara mais surpresa, e um sorriso de lado, que com certeza eu havia gostado dessa escapada.
— Ele já destruiu minha calcinha no primeiro olhar…, espero que não faça isso com meu coração.

E eu ri de mim mesma, falando sozinha no carro, eu pensava que pela primeira vez na vida, depois de inúmeras relações sem futuro, eu finalmente me sentia confiante com o que eu estava sentido. E a resposta seria sim, estou atraída pelo senhor Antônio Bianchi, destruidor de calcinhas.


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