CAPÍTULO 6

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NATHÁLIA

Depois de tantas emoções por hoje, que eu realmente não pensei que fosse mexer comigo, mas eu fiquei realmente preocupada, e tudo que eu queria fazer era cuidar dele e eu não sabia o que fazer, pois eu estava entre a linha ir devagar para não me machucar e vai logo e não perde tempo, a vida é curta demais. Eu não sei o que pensar, eu deixo rolar e depois eu que me lasco. Ainda seguindo a onda do "acontecer naturalmente" eu tomei banho e vesti um short e uma blusinha simples, fiz a pipoca rapidinho e coloquei no meu super balde da mulher maravilha, e rumei ao apartamento do vizinho. O meu vizinho favorito.

Como ele estava com dor, de acordo com a mensagem que ele me mandou, a porta estava encostada e eu poderia entrar. Entrei devagar, abrindo a porta aos poucos, até estar totalmente dentro do apartamento como se fizesse aquilo com frequência. Percebi que ele estava lá dentro, então deixei a pipoca na mesinha de centro e sentei no sofá.

Depois de alguns poucos minutos, ele apareceu com um cheiro de loção pós barba e de quem havia tomado um banho bem demorado, vestindo um short de surfista e uma camiseta preta, ele estava descalço, os cabelos bagunçados, os olhos brilhando, a mão machucada junto ao corpo, na altura do abdome e a carinha de quem diz "vou destruir sua vida".

— Que bom que você chegou, eu estou com uma dor desgraçada e ainda por cima esses pontos pinicam! - ele sentou ao meu lado, eu ajeitei uma almofada para ele apoiar a mão e assim ele continuou resmungando: — Essa parte você não me contou.
— Faz parte do processo de cicatrização, calma, daqui a pouco alivia, você precisa ficar quieto, evitar movimentar muito essa mão, isso significa não ir trabalhar pelo menos nestes primeiros dias. - Ela disse, analisando o machucado, que estava milagrosamente intacto. — Não se preocupa, eu tenho certeza que tem pessoas competentíssimas na sua empresa, então você pode se dar esse tempo.
— Mandei mensagem pra minha secretária. Disse que só iria depois de uns cinco dias. - Fiz cara feia após ele citar a cara de laranja azeda e ele percebeu. — O que foi?
— Nada, é que sua secretária é uma antipática, apenas. - Ele riu.
— A Débora é fechada mesmo. - Fiz mais uma vez cara feia e dessa vez ele gargalhou.
— Ela não tem nada de fechada, ela é antipática mesmo, cara azeda. - Ele riu e assentiu, concordando comigo.
— Não posso opinar, não temos contato pessoal.
— Enfim, não quero falar sobre a laran... essa moça.

Ele concordou, se ajeitou no sofá e pegou o controle da televisão, clicando no meu aplicativo favorito, a Netflix. Escolhemos um filme lindo, que era lançamento, intitulado a batida perfeita. Ao começo do filme ainda estávamos meio travados, sentados um ao lado do outro, ele olhava de vez em quando e eu também, na metade do filme, ele se aconchegou mais perto de mim e eu com todo cuidado do mundo me ajeitei de um modo que ele não se machucasse mais.

E assim ficamos, até a parte final do filme, ele já havia devorado o balde pipoca inteiro, eu rindo dele que não parava de falar durante as cenas de ação e eu querendo me concentrar no filme. Terminou o filme e ele estava enganchado no meu colo e as nossas pernas enroscadas, nós parecíamos...namorados.

— Eu amo Tom Cruise, ele é maravilhoso! - Suspirei encantada, eu realmente amava o ator e todos os seus filmes.
— Eu sou quase ele, podia ser Toni Cruise. Até combina o nome. - Eu ri alto e ele também. Nos divertimos bastante. — Gostou do filme?
— Eu amei, ansiosa para o próximo filme dele. - eu enfatizei, ele sentou-se direito no sofá, resmungando.
— Achei que era para o próximo filme comigo.
— Bobo, eu adorei ver o filme com você. Deixe disso! - eu acariciei seu rosto, sorrindo e arrancando dele aquele sorriso que eu amava ver. — É claro que vamos ver outros filmes juntos.
— Eu sou bobo mesmo, e fico ainda mais quando estou com você, Nathália. - Ele suspirou e tocou meu rosto da mesma forma que eu havia feito com ele. — Não quero ser invasivo, nem precipitado, muito menos fazer algo que possa te magoar, mas eu me sinto tão bem quando estou com você.
— Sabe Antônio, eu namorei muito anos e fui infeliz, não sabia que podia voltar a sentir algo por alguém, eu também não quero lhe machucar, nem me machucar, mas eu também me sinto feliz quando estou com você.

Nossos olhares se cruzaram, ele aproximou o rosto do meu e delicadamente me beijou, cheio de carinho, eu correspondi ao toque. Um beijo leve, cheio de sentimento. Ele mordiscou meu lábio e sorriu durante o beijo. Nos soltamos, ainda sorrindo ele me roubou um selinho e em seguida gritou:

— Hoje é o dia mais feliz da minha vida! - E ele se afundou no sofá, jogando a cabeça pra trás.
— Exagerado! - ele se empolgou demais e acabou batendo a mão machucada. — Meu Deus, cuidado Antônio!
— Caceta! - Ele chiou, peguei sua mão com cuidado e verifiquei. — Acho que não abriu nenhum ponto, linda.
— É, mas tenha cuidado.  Já tomou o remédio pra dor?

Mesmo a casa não sendo minha, me senti à vontade para levantar e pegar água na geladeira e os comprimidos em cima da bancada. Rapidamente voltei ao sofá e lhe coloquei os comprimidos na palma das mãos, entregando a água. Antônio tomou os dois de uma vez e depois entregou o copo vazio, que eu coloquei na mesa de centro.

— Você não precisa fazer as coisas pra mim, Nath, eu agradeço, mas não quero te incomodar. - Ele pontuou.
— Não preciso, mas eu quero Toni. Você está com dor, não me custa ajudar.
— Obrigado, de verdade. - Ele sorriu e me beijou novamente, dessa vez rapidamente. — Achei outra qualidade em você…
— Qual? - perguntei.
— Seu beijo, sua boca, quero te beijar até perder a noção do tempo.
— Não te prometo amor, paixão, desejo, mas te prometo que meus beijos serão seus…- e agora ele gargalhou, pois eu havia citado um trecho de um livro.
— Gostei dessa promessa. - Ele colocou meu cabelo atrás da orelha e eu sorri. — Nath, eu acho que estou me apaixonando por você, mas eu não quero te assustar, nem forçar nada, mas eu quero te conhecer melhor…se você quiser, é claro.
— Antônio, é muito claro pra mim os meus sentimentos, mesmo que às vezes pareça que não, eu sei do que eu sinto agora, e eu também me sinto encantada por você, por ser muito cautelosa nas minhas relações, eu não quero ir colocando o carro na frente dos bois e nós dois nos machucarmos no processo. Pode parecer bem racional e é mesmo, mas eu já não tenho dezessete anos pra acreditar em príncipe encantado e conto de fadas. - Eu fui bem sincera, ele pegou minha mão com sua mão boa e olhou firme em meus olhos.
— Eu te entendo, eu não sou nenhum moleque, já tenho trinta e dois anos e por já ter sido noivo, eu sei bem do que você fala, não se sinta na obrigação de se explicar, as suas dores, inseguranças, são seus escudos, eu entendo perfeitamente, só quero que você saiba que eu vou fazer de tudo pra ser o que todos esses ex-namorados não foram pra você, mas eu te prometo ser o Antônio sempre, vamos deixar rolar naturalmente…

Ele era encantador, todo cuidadoso com as palavras, todo seu entendimento em relação ao meu passado, e as minhas feridas, mas o que me deixou surpresa e minha antena ficou ligada, foi a palavra 'noivo'. Só eu mesma, o homem se declarando pra mim e eu preocupada em ter uma possível concorrência.

— Você foi noivo? - perguntei, e ele riu. — Não ri, é sério.
— Sim, fui noivo cinco anos e fui abandonado no altar.
— Meu Deus! Quem teve a coragem de abandonar um deus nórdico de olhos brilhantes que nem você!! - eu gritei assustada.
— Deus nórdico de olhos brilhantes? - ele riu que a barriga fazia dobrinhas, se é que é possível num abdome daqueles. — Você é uma figura!
— Ah, você é lindo, tem os olhos mais lindos que eu já vi, tenho certeza que seu coração é lindo também, mas vamos ser sinceros, não é? Você é uma escultura nórdica, feito a dedo.
— Eu que o diga de você, quando te vi a primeira vez, toda descabelada, carregando as caixas no corredor, eu fiquei fascinado. Mas voltando ao fato de eu ter sido noivo, fui sim, sempre fui muito quieto e namorei pouco, mas sempre bem duradouro, namorei Sofia e logo noivei, fiquei cinco anos com ela, e no dia do casamento ela me largou pra ficar com um gringo. Fim.
— Minha nossa, mas você é um gringo brasileiro. Eu não entendo certas mulheres, sério mesmo. Quero te dizer que independente do que nós tivermos e a evolução disso, eu não vou abandonar você.

Nós conversamos bastante sobre o que estamos sentindo um pelo outro, e sobre quase tudo, nos beijamos muito, preciso dizer que ele beija muito bem, viu? Deixar claro, quesito beijo é nota mil.

O negócio estava tão bom que começou a evoluir calorosamente, mas eu voltei a sanidade, e lembrei que não poderíamos fazer nada pois ele estava machucado.

— Eu sei que 'tá difícil… - me cheirando o pescoço, ele mordiscou aquele cantinho onde eu tinha uma sensibilidade aflorada. — Toni...Toni, sua mão…
— Deixa ela, 'tá ótima… - foi subindo a mão boa para minha cintura, por debaixo de minha blusa. — Você é tão cheirosa…
— Toni, você está machucado, não quero que te cause mais dor, por favor… - parei o beijo, e ele fez bico. — Não faz essa cara, estou sendo responsável por nós dois.
— Dorme aqui? - ele perguntou e eu fiquei pensando, não poderíamos fazer nada mais quente, o máximo que poderia acontecer seria uma conchinha, então não faz sentido eu sentir receio de aceitar. — Diz que sim…
— Não Toni, eu fico aqui até você dormir, mas dormir não, que eu sou difícil! - ele riu.
— Não se preocupa, eu sou bom em matemática, linda.
Sem entender, perguntei:
— O que isso tem haver?
— Eu e você igual à soma perfeita.
— Como você é fofo! - beijei ele várias vezes em todo seu rosto, achando lindo a forma como ele falava e lidava com o que acontecia conosco.

E depois de muito tempo no sofá, nós dois fomos até o quarto dele, onde ele me mostrou um pouco de suas coisas, fotos de sua família, fotos dele criança, na faculdade e fotos dele adulto surfando, tocando violão, enfim, ele não sabia, mas havia despertado em mim uma parte que adormecia, depois que ele deitou e acabou adormecendo, eu deixei um bilhete em seu móvel ao lado da cama.

Qualquer coisa estou no celular, se cuide, um beijo :D.

E eu dormi na minha cama, mas um pedacinho de mim ficou lá com ele, eu teria que lutar muito contra os meus sentimentos, pois com certeza eu estava me apaixonando por esse homem.

Todas as Formas de Amor - Ame-se Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora