CAPÍTULO 9

4 1 0
                                    

Nathália


              Uma semana, exatamente cinco dias que não vejo, não mando mensagem para Antônio, mas em compensação faz cinco dias que só penso nele. Leticia me mantem informada, por que eu realmente precisava colocar minha cabeça no lugar e tudo estava indo muito rápido e eu estava assustada, embora não me arrependesse do beijo.
Eu estou com medo do que estou sentindo.
              Eu já senti isso antes, borboletas no estômago, aquela vontade de estar sempre perto, o beijo arrebatador, juras de amor e no fim, o cara era um tremendo narcisista, abusivo e cafajeste.
              Não que Antônio fosse igual, não por isso, mas a minha insegurança e a falta de confiança nos homens em geral, tirando meu pai, eu não confiava em mais nenhum. E se eu quisesse viver algo com ele eu teria que lidar primeiro com essas coisas que sinto, por isso eu me afastei, para pensar em tudo, deixar que ele também pense. Letícia era a melhor confidente, apesar de irmã dele, ela entendia os dois lados e me atualizava sobre ele, definindo que o mesmo estava triste e cabisbaixo, zangado e estressado por estar sem ir ao trabalho e a mão doía como o inferno, de acordo com ela, estava próximo de retirar os pontos, mas em processo de cicatrização ardia e coçava e ele ficava ainda mais furioso.
             Um pouco depois dela ir para o apartamento dele, eu o representei na empresa, na reunião contra o concorrente, havia estudado o caso com atenção e descobri as incoerências, colocando a empresa concorrente contra a parede, descobri que um de seus donos tinha uma insatisfação com os Bianchi, referente ao sucesso surpreendente após Antônio assumir a presidência, então eu fiz um acordo com um dos donos, onde ele tinha que retirar o processo ou ele iria ser intimado por fraudulência. Simples, acordo de uma parte só, não lhes dei opções, pois já me encontrava com as provas cabais de que tudo era uma armação contra a empresa de Antônio.
              Após a vitória, ele me agradeceu e disse que eu assinaria contrato com sua empresa, e seria advogada principal, e eu tive que recusar, pois eu abriria em breve um escritório com as meninas e não queria me filiar a uma empresa. Obvio, que se ele precisasse de ajuda, ele poderia contratar o meu escritório. Depois disso, eu sumi de suas vistas, dei uma sumida de redes sociais ou podemos chamar de fuga.
             Evitei até mesmo o elevador principal, Letícia dizia que ele não estava saindo de casa e eu me aproveitei disso, também me falava que o que estava fazendo não era correto, mas que era adulta e sabia o que estava fazendo. Eu me sentia muito mal por estar fazendo ele ficar triste, mas eu precisava mesmo desse tempo só meu.
Não sei quanto tempo duraria, mas eu estava disposta a encarar as consequências disso.
                Gleiciane e eu saímos juntas para a concessionária, onde a mesma iria comprar um carro, já havia escolhido o modelo e precisava só de alguém que pudesse ler o contrato e se certificar que estava fazendo o negócio correto. 
               Acabamos por sair cada uma em seu carro, ela estava muito feliz, e eu estava ainda mais por vê-la feliz. Ela seguiu para o trabalho, e eu voltei pra casa.
              Passei rapidinho em um supermercado, comprando algumas coisas que estavam faltando, não esquecendo da farinha láctea de Juliana, das cervejas de Gleice, das bananas de Marina e muito menos dos meus ingredientes de fazer milk shake. Cada uma com uma preferência diferente. E nenhuma delas lembrava de uma coisa chamada exercícios. Precisávamos urgente de uma rotina organizada.
Já no carro, as compras no porta-malas, eu, o trânsito caótico de São Paulo e a música “Watermelon Sugar” no mais alto volume.
Depois de enfrentar um engarrafamento infernal, eu e minhas comprinhas chegamos no condomínio, cheguei ao elevador e rapidamente subindo ao meu andar, carregada de compras, coloquei a chave no trinco, mas antes de conseguir abrir a porta, uma voz bem conhecida soou bem atrás de mim.

— Até quando você vai fugir de mim? – Sim, a voz de Antônio, bem carregada de tristeza, raiva ou uma mistura de algo assim, e apenas virei para ver o que eu preferia ter ficado sem ver. Antônio estava a cara da destruição, olheiras, cabelos assanhados, olhos sem brilho, pijama e a mão machucada estava presa ao corpo.
          Diante dessa visão, eu só conseguia ter um pensamento.
Culpa.


Todas as Formas de Amor - Ame-se Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora