CAPÍTULO 11

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Gleiciane

            Diante da confusão amorosa que Nathália se meteu, resta ser eu a procurar o prédio em que vamos colocar nossos serviços de contadora, advogada e arquiteta, respectivamente. Cada uma de nós já tinha uma cartela de clientes, precisávamos apenas de um espaço nosso. E era isso que eu estou a procurar nesse exato momento.
            Fui apresentada a um dos donos do edifício, de nome Felipe, um rapaz bem apessoado e bem gentil, fez questão de mostrar todos as salas do prédio, que ficava duas ruas antes de nosso condomínio, também bem próximo da empresa do Antônio, um bairro bem requisitado e movimentado, eu estava quase decidida. Só precisava mostrar as meninas e assim teria o aval final.
           Peguei o cartão dele, fiquei de mandar mensagem caso quisesse marcar outra visita com as meninas. (Ou uma visita particular haha.)
           Depois que eu comprei o carro, tudo ficou mais fácil, não precisava mais pedir carona a Nath, ou andar de Uber por aí. Voltei pra casa antes do finalzinho da tarde, encontrei Nathália deitada no sofá no típico clichê, com um cobertor, um pote de sorvete e um prato de brigadeiro, e olhos imensos de tanto chorar, imagino.
           Larguei a bolsa no aparador, joguei as chaves e fui até ela.
— O que houve, Nath? – Perguntei me sentando ao seu lado, colocando seu cabelo atrás da orelha, tentando entender o porquê de ela estar desse jeito. Ela me olhou com a cara amassada, como se tivesse horas daquele jeito. Quando eu sai pela manhã, ela estava no quarto, mal a vi.
— Ele...fechou...a porta... – Fungando muito, ela quase não conseguia formular uma frase. — Na...minha cara...
— Ele que você diz, é o vizinho? – Ela assentiu, fungando mais uma vez. Eu vi vermelho nesse momento, quem esse desgraçado pensa que é? Tentei guardar meu ódio, já que minha amiga precisava de mim. Depois eu me resolveria com esse sujeito. — Nath, olha pra mim, meu amor ele não merece uma mísera lágrima sua...você me entende?
— É difícil. – Respirou fundo, para que eu pudesse entender o que ela queria dizer. — A culpa é minha, Gleice.
— Nada disso, você nem pense nisso! Culpa por que? Você foi honesta desde sempre. O que aconteceu?
— Você sabe que eu o evitei esses dias, acabamos nos encontrando no corredor e aí eu fiquei sem saída, eu fiz errado em fugir, devia ter dito que queria um tempo pra pensar, as coisas estavam acontecendo rápido demais, sabe. – Suspirei, pensando que essa coisa de se relacionar é bem difícil, prefiro a minha liberdade. — Eu gostei dele de cara, mas eu não me sinto muito preparada pra investir em outra relação, tenho muito medo de machucar outra vez.
— Mas você sabe que não dá pra fugir dos nossos sentimentos, não é? Digo, você não pode fingir que não sente nada, só pelo medo de se machucar, se você não der uma chance, você vai ficar chorando arrependida de não ter feito nada. É uma faca de dois gumes, mana.
Nos abraçamos, e ela continua fungando.
— Eu sei, mas eu fico com mais medo do que eu estou sentindo, pois eu ao mesmo tempo que eu tenho vontade de beija-lo, eu tenho vontade de me afastar por insegurança. – Ela suspira cansada, ela pega o prato de brigadeiro e come uma colher. — Fazia tanto tempo que alguém não mexia comigo, o último você sabe o que aconteceu.
— Mana, o Antônio não é o Lucas, nem de longe, o cara que puxa cadeira pra mulher nos dias de hoje é no mínimo uma incógnita, mas não um cara abusivo. Cuidado pra você não criar ideia que não existe.
Um dos maiores medos que eu tinha, era que ela criasse caraminholas e perdesse um cara legal, que poderia faze-la feliz e criar aquele conto de fadas que ela quer. Um lar com marido e filhos, e talvez o monte de livros que ela tem.
— Eu sei mana, mas o que eu faço? Preciso me resolver antes de falar algo pra ele, aliás, eu acho que ele nem quer mais olhar na minha cara.
— Vamos por partes, se tem uma coisa que eu percebi é que aquele homem está muito afim de você, então você precisa trabalhar essa cabecinha pra ver o que é melhor pra você. Primeiro, esquece o Lucas, aquele lá só Deus sabe onde está, espero que esteja no inferno! Segundo, procura ver o Antônio, o cara que mora logo ali, que te ajudou com a tv, com a nossa mudança, que almoçou com a gente e que foi gentil com todas nós. Foca nisso. E terceiro, dê tempo ao tempo, vamos continuar com esse brigadeiro e ver um filme bem legal, por que homem nenhum vale nossas lágrimas.

            Ela aquiesceu, antes de me juntar a ela, fui ao meu quarto e tomei um banho bem gostoso, fiquei pensando no cara gato que conheci hoje, tinha um quê de Michael B Jordan, fiquei observando aqueles músculos enquanto ele falava do prédio, será que ele topa tomar uma cervejinha comigo? Gleiciane, você não tem jeito mesmo! Oxe, eu não sou nem livro velho pra ficar cheia de teia de aranha.
            Terminei o banho, meus pensamentos sórdidos e safados ficariam pra mais tarde, pois minha amiga precisava de mim. Vesti meu pijama de frajola e Piu-Piu, minhas pantufas amarelas e fui fazer pipoca. Depois de tudo, acabou que Marina chegou e se jogou entre nós no sofá, roubando uma colher do brigadeiro e gritando assim que viu o que estávamos assistindo.
Magic Mike
— Meu Deeeeeeeus, que homem é esse, Jesus, alguém me joga água por favor!!!
E acabou que Nathália ria tanto, que nem parecia a pessoa que eu encontrei quando cheguei da rua. Agora, amanhã o vizinho vai saber que não faz minha amiga chorar e fica por isso mesmo.

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