A Cidade Solitária

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Olá!


O clima no complexo ainda estava indiscutivelmente tenso quando quatro de julho chegou. Peter estava se isolando dentro de seu quarto, recusando-se a interagir com qualquer um que não fosse Bucky, Wanda ou Natasha, ignorando firmemente o elefante – ou a manada deles – presente entre ele e a equipe. Ele não sabia se estava sendo incrivelmente covarde ou incrivelmente corajoso de dar um gelo nos Vingadores de todas as pessoas, mas enquanto tivesse dois ex-assassinos e uma bruxa do seu lado, ele achava que poderia continuar em seu isolamento auto imposto sem grandes interferências.

Ou ao menos até um deles decidir que já estava cansado de cobri-lo.

Mas ele estava tentando não pensar nisso ao mesmo tempo em que relia seu livro favorito do Doutor Banner – quem ele também estava ignorando – para tentar afastar o tédio.

Ele pensou muito sobre o que dizer, qual atitude tomar diante de suas revelações e pensou ainda mais nas reações que receberia dos outros. Ele foi estupido e sabia disso, ser ex-cobaia de uma organização nazista não era exatamente algo que você saia por ai dizendo na hora de jantar para seus amigos que era exatamente os maiores inimigos dessa tal organização, mas agora era tarde demais para voltar atrás.

Peter sabia que precisava tomar vergonha na cara, vestir-se e ir para a festa de Steve, mas as coisas não eram tão fáceis assim. Ele nem sabia se ainda era bem vindo, embora seu patrono, Ares, tenha lhe dito que aquela não seria uma batalha com a qual se preocupar. Não que isso melhorasse alguma coisa, de jeito nenhum. Nem mesmo os incentivos irritados de Éris – ele tinha passado o dia anterior quase que inteiro retomando contato com seus patronos, o que tinha sido bom, porque ele realmente precisava de alguns conselhos, e ao mesmo tempo ruim, porque eles eram bem vocais quanto a não aprovarem sua covardia. Mas era isso que você ganhava por trabalhar com o deus da guerra e a deusa da discórdia. Não que fosse exatamente culpa dele.

Tudo bem, ele estava divagando.

Bufando e com raiva de si mesmo, ele se levantou e jogou o livro de qualquer jeito do outro lado da cama, foi para o banheiro e se enfiou de baixo do chuveiro, levando um minuto ou dois para perceber que ainda estava de cueca e meias e finalmente tomou banho. Às vezes sua mente era sua maior inimiga, forçando-o a uma paralisia onde ele era perfeitamente capaz de raciocinar tudo o que precisava fazer, mas ao mesmo tempo não conseguia se forçar a realmente realizar suas tarefas.

Era exaustivo. E o deixava com raiva.

Os raros momentos de clareza entre seus pensamentos honestamente desnorteadores eram sua única oportunidade de forçar seu cérebro a se levantar da cama, parar de procrastinar e cumprir seus objetivos, então era isso que ele estava fazendo agora enquanto raspava furiosamente sua barba rala que insistia em nascer.

- Esse cabelo de cú do caralho, coisa feia da porra. – ele resmungou enquanto enxaguava o rosto, notando vários pequenos cortes já em diferentes estados de cura – Pelo menos pra alguma coisa aquela merda de aranha serviu, além de tornar minha vida um inferno.

- Uau, alguém está de mal humor. – Bucky diz de algum lugar atrás dele. E Peter, que tinha ouvido ele chegar com sua audição aumentada, apenas bufou em resposta – Não precisa falar comigo se não quiser, eu só vim aqui pra te arrastar a força para a festa.

- Boa sorte com isso, eu sou mais forte que você.

- E eu sou mais velho e mais bem treinado, garoto. – o Barnes respondeu ainda parecendo divertido – Mas eu não vim aqui para brigar. Nat disse que caso você não apareça lá essa noite ela vai te chutar daqui até a Rússia.

After Dark - SENDO REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora