I'll Be Good

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Peter acordou em um pulo, completamente suado. Seu coração batia a mil por hora contra a sua caixa torácica, e ele sentia a cabeça pesar.

Foi para o banheiro, sendo guiado totalmente pelos seus sentidos aranha, que mesmo estando um tanto quanto nublados, ainda eram eficientes. Ligou a luz amarelada e esperou os pontinhos negros sumirem de suas vistas.

Se encarou no espelho e não se reconheceu.

O próprio Peter não sabia aonde ele começava e onde a dor dentro de si terminava. Eram quase como um só, e em manhãs como aquela, via o quão entrelaçados estavam.

Tomou uma ducha gelada, escovou os dentes e se trocou, completamente no piloto automático. Saiu do quarto que lhe parecia tão restritivo como se fugisse da cruz, e antes que sequer pudesse raciocinar direito, se viu no telhado do complexo.

O sol nascia no horizonte, tornando o céu uma aquarela azul, laranja e rosada. Nuvens branquinhas se tingiam de amarelo e sufocavam sua garganta.

Respirou fundo, tentando livrar sua mente do pesadelo que tivera. Não conseguiu.

Podia ver seu tio Ben estirado do chão, seu peito aberto e sangrando. Podia sentir os destroços jogados em cima de si. O medo, o pânico, o auto ódio.

Encarou a garrafa de licor que nem lembrava de ter pego e a abriu. Encarou-a com incerteza, até ouvir uma voz atrás de si.

"Vai ficar olhando a garrafa ou vai beber?" O som era feminino, e tinha um sotaque sokoviano inconfundível.

"Eu nunca fiz isso." Admitiu.

Wanda encarou as costas do menino. Embora fizesse o seu melhor para não deixar que seus poderes se infiltrassem na mente dele e a deixassem saber o que se passava na cabeça do Parker, sua angustia era tão grande que era facilmente perceptível.

Caminhou em passos lentos e cautelosos, até que se sentou ao lado dele. O menino não chorava, mas parecia a beira de um ataque de pânico. 

Com cuidado, retirou o licor das mãos calejadas dele. Encostou as costas no pequeno quadrado de concreto que havia ali, e que não sabia para o que servia, e sinceramente nem queria saber, e guiou o corpo do menino para que se descansasse contra o seu.

Peter ficou entre suas pernas, o corpo maior quase cobrindo a figura feminina de Wanda, se não fosse pelo fato de que ele estava com a cabeça deitada em seu ombro.

Passou os dedos delicadamente pelos fios curtos, sentindo-o ficar tenso. Segurou uma das mãos dele com a sua e começou a respirar lenta e profundamente, logo vendo-o imitar seus movimentos.

Passaram longos minutos daquele jeito, até que toda a dor e angústia parasse de o sufocar e diminuísse até um nível aceitável. E então, ele levou o licor até os lábios, sugando o líquido forte lentamente.

O álcool desceu queimando por sua garganta, e ao contrário do que imaginou que seria, a sensação era estranhamente agradável. Ouviu Wanda rir levemente por trás de si, até ela tomar a garrafa de suas mãos novamente e tomar a bebida também.

A cada gole a mente de Peter se embaçava mais e mais, e a dor diminuiu a um ponto em que ele se sentiu completamente entorpecido. Sua cabeça pesava e o sol, que já deixava o céu naquele tom claríssimo de azul, misturado com o típico cinzento da Costa Leste, começava a incomoda-lo.

Wanda balançou os dedos, fazendo com que o Parker começasse a flutuar. A Maximoff então começou a árdua tarefa de carrega-lo por telecinesia, enquanto usava seus poderes para liberar o caminho de qualquer ocasionais Vingadores que poderiam estar passando por ali.

After Dark - SENDO REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora