Love Is (Not) Easy

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Peter estava tendo um dia relativamente bom. Esqueça isso, aquele era definitivamente um dia bom. O sol estava escondido atrás de nuvens em um tom de cinza claro, e o vento fresco batia contra seu rosto, coberto pela mascara. O ar cheirava a orvalho, devido às chuvas do dia anterior, e New York se afundava em uma onda de calmaria que lhe era incomum.


Tudo tinha dado certo em seu dia. Havia acordado ao lado da mulher mais bonita do mundo, a qual tinha a honra de chamar de namorada, recebido um longo beijo de bom dia, tomado um delicioso café da manhã com as três pessoas que ele mais amava no mundo – tia May, Wanda e Wade – e ganhado uma nova jaqueta de sua tia.


A escola também tinha sido ótima, por incrível que pareça. Ele acertou todas as perguntas feitas pelos professores, tirou um A+ no teste de inglês, matéria na qual ele não tinha muita facilidade, apesar de ser de longe um dos melhores da turma; Flash havia o deixado em paz, o que havia se tornado estranhamente comum no últimos tempos, e ele conseguiu ter uma longa e agradável conversa com Ned sobre Star Wars durante o almoço.


Após o treino de Decathlo, Michelle havia lhe chamado em um canto e o elogiado e agradecido por ter dado o seu melhor e por ter voltado a ficar em bons termos com Ned. Não só isso, a amiga lhe confidenciou que estava gostando do Leeds e, relutantemente, pediu por alguns conselhos. Isso não só fazia Peter imensamente feliz, por gostar de ver seus amigos felizes – e ele tinha certeza quase que absoluta de que os sentimentos de Michelle eram correspondidos -, mas também sanava aquele pequeno medo que ele tinha em relação a nova proximidade dos dois.


Não o levem a mal, ele absolutamente amava os dois amigos, e os conhecia bem o suficiente para dizer que eles eram boas pessoas, e acreditem, Peter conhecia muitas pessoas ruins. Mas é que Michelle sempre foi uma pessoa muito reservada, e era difícil dizer o que exatamente ela estava sentindo. Já Ned era exatamente o oposto, quase como um livro aberto. E lhe causou um pouco de medo de que os sentimentos de seu amigo não fossem correspondidos.


Peter já havia machucado as pessoas ao seu redor o suficiente. Ele mentia, omitia e as manipulava quando achava necessário. Não era algo que ele fazia por maldade, era apenas um reflexo adquirido após os anos passados como vigilante de NY. Ele havia aprendido que, às vezes, a linha tênue entre a mentira e a verdade era tudo o que impedia um de seus entes queridos de estar entre a vida e a morte.


Balançou a cabeça, tentando se livrar daqueles pensamentos. O sol estava escondido atrás de nuvens em um tom de cinza claro, e o vento fresco batia contra seu rosto, coberto pela mascara. O ar cheirava a orvalho, devido às chuvas do dia anterior, e New York se afundava em uma onda de calmaria que lhe era incomum. Era o dia perfeito.


Até mesmo os criminosos pareciam concordar que aquela tarde era pacifica demais para causarem algo de ruim. Pois, até aquele momento, tudo o que ele havia feito era orientar pessoas perdidas, ajudado velhinhas a atravessar a rua e salvado crianças elétricas de serem atropeladas. O ponto alto de seu dia havia sido impedir uma dupla de assaltantes – que não passavam de dois garotos de rua com fome – de levarem a bolsa de uma mulher. Já longe da vista dos outros, ele deu 50$ para cada um, fazendo-os prometer que não voltariam a fazer algo do tipo. Ele sabia que aquilo era inútil, pois a fome atacaria e eles seriam levados a cometerem os mesmos erros. Mas Peter entendia e, afinal, era para isso que o Homem Aranha estava ali: para ajudar as pessoas.

After Dark - SENDO REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora