Tá aí o primeiro capítulo!!
BOA LEITURA!!♥️
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___________________Shawn
Meus olhos se prendem na fumaça. Ela é densa, mas aos poucos começa a sumir, não sobrando nada. Trago mais forte, inspirando calmamente para logo expirar. Minha irmã sempre reclama quando me encontra com cigarros. Já a avisei que fumar é um dos meus vícios menos preocupantes. Tenho alguns muito mais sombrios.
Novamente encaro a fumaça e me forço a me levantar da poltrona do apartamento pomposo. O silêncio no cômodo é o completo oposto dos barulhos lá fora. Las Vegas é a cidade que não dorme, eu acho que até mais que Nova York. Não que eu vá muito a essa cidade. São palavras das pessoas. É o que comentam.
Sirvo-me de uísque puro e caminho para a minha janela. As luzes estão brilhantes, na cidade; os carros, barulhentos; as boates e cassinos, abertos, à espera dos festeiros. O que não é o meu caso.
Moro na Itália, um lugar afastado de Roma. Minha casa fica, como dizem, no meio do nada. Cresci em um lugar cercado por árvores e é lá que vivo até hoje com meus dois irmãos, Aaliyah e Raul.
De uma casa para outra são uns bons cinco minutos de carro. A pé, eu diria que uns trinta. É o meu lugar. Não saio de lá nem com uma arma na cabeça. Morrerei dentro do meu jardim.
— Acho incrível seu modo de aproveitar a cidade, Shawn. — Deixo os meus olhos fixos na rua assim que escuto a voz do meu irmão.
— Pensei que já estivesse com o pau enterrado em alguma vagabunda dessa cidade — digo, virando o copo e deixando o líquido amargo descer queimando minha garganta.
— Temos trabalho a fazer… — ele murmura e eu me viro, dando de cara com ele de braços cruzados. Somos quase idênticos, mas Raul é mais novo e mais idiota que eu.
— Sério? Que curioso você lembrar disso hoje. — Arqueio minha sobrancelha e ele fecha os olhos, respirando fundo.
— Não sei por que sempre fica remoendo essa bobagem…
— Você me deixar quase morrer sozinho enquanto estava transando com uma puta é bobagem? — questiono cruzando os braços. Minha voz é séria.
Uma semana atrás quase morri em um dos confrontos pelas ruas de Roma. Drogados filhos da puta me atraíram para uma emboscada. Quase fui morto. Minha sorte foi que um dos meus soldados entrou na minha frente e matou o homem que estava pronto para me mandar para o inferno. Não tinha sinal de Raul, e quando o encontrei ele estava entre os lençóis de uma prostituta. Ou pelo menos é o que ele pensa que eu acho.
Raul tensiona o rosto e se vira, indo pegar seu próprio copo com uísque.
— Você distorce tudo — resmunga enquanto se volta para mim. — Vista-se. Estamos saindo em dez minutos. — Ele sai da sala sem outra palavra. Idiota.
***
— Casa bonita — resmungo entrando no hall da casa de Bertoni. Ele está sentado no sofá da sua sala enquanto eu ando por ela, ouvindo os cliques repetidos do meu sapato contra o chão.
As paredes da mansão são escuras, deixando o lugar completamente negro. As únicas coisas claras nesta casa são alguns móveis. Viro-me devagar e, o encarando, viro o uísque que ele me deu.
— Você veio aqui por um motivo e eu sei qual. Que tal parar de enrolação e ir direto ao ponto? — Sua voz é rouca e eu sorrio, fazendo seu rosto se contorcer com irritação.
Bertoni é alto, magro e parece um homem comum, mas disto ele não tem nada. Seus roubos às minhas cargas estão fodendo com a logística dos meus negócios. Controlar uma cidade já dá trabalho demais, Bertoni só está adicionando merda no meu caminho.