Capítulo 23

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ULTIMOOOO
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Camila

Os dias aqui passaram sem maiores acontecimentos. Shawn passa o dia na empresa, voltando para casa apenas para o almoço e ao final do expediente.

Ainda fico sem graça quando o pego brincando com Matteo pela casa. Os dois juntos me deixam boba.

Ontem foi dia de vacina para Matteo e infelizmente a noite foi horrível. Ele sentiu febre, e a perna dolorida não o deixou dormir. Como consequência, eu e Shawn ficamos acordados, acalentando-o.

— Ele dormiu. — Shawn cai na cama ao meu lado assim que o relógio dá cinco da manhã. — Preciso me levantar daqui a duas horas. Me deseje sorte. — Eu sorrio e me aconchego em seu peito.

Em segundos, nós dois adormecemos.

Uma semana depois, eu estou sentada em uma das janelas da casa com a babá eletrônica na mão. A janela parece mais uma porta e o estofado no batente supergrande dela me dá conforto suficiente, porém não consigo relaxar.

Shawn deveria ter chegado há duas horas e até agora nada, nenhum telefone ou mensagem.

— Está tudo bem? — Ângela sussurra atrás de mim e eu forço um sorriso.

— Está. Só estou esperando Shawn …

— Ouvi os seguranças falando que ele estava na boate. Ele fazia isso com frequência antes de você e Matteo virem morar aqui — ela explica suavemente e eu suspiro.

Ângela se tornou minha amiga. Ela é incrível com Matteo e comigo. Aprendi, com pouco tempo, a adorar sua presença. Ela mora numa casa nos fundos com seu marido, Herbert, que é o jardineiro da propriedade. Outro ser humano incrível.

— Você sabe onde fica? — questiono com um sorriso.

— Não, mas os seguranças sim. Eles a levarão até lá, se pedir.

— Mas Matteo…

— Eu olho seu menino. Não se preocupe. — Eu fico olhando para seu rosto por longos segundos, ponderando essa ideia.

— Obrigada. Aprecio a oferta e aceito também.

Corro para as escadas e troco de roupas. Coloco um vestido azul-escuro colado, que vai até o meio das minhas coxas. Deixo meu cabelo solto e amasso as pontas, espalhando um pouco de reparador. Coloco um pouco de batom vermelho e rímel. Suspiro, me olhando no espelho. Estou incrível.

Passo pelo quarto de Matteo e o vejo dormindo pacificamente. Beijo sua mão e saio depois de me despedir de Ângela.

***

— Preciso ir à boate — digo assim que alcanço a entrada da casa. Os seguranças se viram e eu vejo alguns deles arregalarem os olhos e com rapidez olharem para o chão.

— Senhora, preciso avisar ao Sr. Mendes…

— Não! Quero fazer uma surpresa, deixe de ser um estraga-prazeres — eu o interrompo, temendo que Shawn os mande me amarrarem na cama, e sigo para o carro. A limusine está longe de ser vista.

— Ok. — Dois deles me seguem e entro no carro.

O caminho é feito em silêncio e quando menos espero eles param.

Entrar na boate foi fácil, já que eles me guiaram para dentro. O ambiente escuro e cheio de luzes vermelhas me deixa cega por um momento.

A primeira coisa que vejo ao ajustar meu olhar são as mulheres fazendo pole dance. Minhas bochechas coram ao ver os peitos de uma delas em plena exibição. Meu Deus!

Mais adiante vejo um bar e é lá que vejo o que me faz arregalar os olhos.

Brian.

Eu me aproximo rapidamente, passando entre os homens sentados às mesas. Os seguranças me seguem e quando Brian me vê seu corpo fica tenso.

— O que diabos você está fazendo aqui? — ele grita por cima da música e eu cruzo meus braços.

— O que você está fazendo aqui? Pensei que ainda estava se recuperando da cirurgia…

— O quê? É claro que não. Já estou cem por cento. — Ele balança a cabeça e foca sua atenção no segurança atrás de mim. — Você a trouxe? Ele vai te matar.

— Ela disse que faria uma surpresa para o Sr. Mendes.

— Sei. — Brian o descarta com a mão e se ergue. — Vamos lá fazer a surpresa. — Ele me deixa passar na frente e andamos até um corredor.

Brian e eu continuamos até uma porta. Ele bate nela, mas ninguém abre. Bato eu, e desta vez e uma voz surge.

— Estamos ocupados droga! — É uma mulher e eu respiro fundo batendo de novo. — Que porra?!

Abro a porta e paro ao ver uma mulher seminua ao lado de Shawn. Sua camisa está aberta, e seu paletó, longe de ser visto. Em seus lábios há um cigarro e eu sei que ele bebeu só de olhar para seus olhos.

— O que diabos você está fazendo aqui? — Ele se ergue e a mulher segura seu braço.

— Perguntei a mesma coisa — Brian resmunga e eu lhe dou uma cotovelada.

— Quem é essa mulher? — Eu me aproximo, tentando ficar calma. Eu nunca quis bater tanto em alguém. — Pare de tocá-lo agora, droga! — exijo encarando-a.

— Quem pensa que é? — a nojenta questiona e eu a alcanço, puxando seu braço. A mão dela colide com meu ombro e ela some. Shawn a segura pelos pulsos longe de mim.

— Como se atreveu a tocar nela? Ela é minha, droga! Não toque no que é meu. — Ele empurra a mulher e ela se afasta a caminho da porta.

— Vou sair. — Brian também some, nos deixando sozinhos.

— O que você estava fazendo? — questiono cruzando meus braços.

— Nada. Ela é a Lindsay. Ela cuida das meninas.

— E de você também, pelo que vi — murmuro começando a andar pelo lugar.

— De mim não! Bebi demais com Brian, vim aqui para ver umas coisas da boate e ela veio para conversarmos sobre as meninas, nada do que está pensando.

— Não estou pensando em nada — resmungo e encaro a porta. — Eu já vou, desculpe atrapalhar seu “trabalho”. — Faço aspas com as mãos e saio do seu escritório.

Ando a passos largos e encontro Brian no final do corredor. Ele respira fundo e me segue para a saída.

— Vocês são porcos imundos — resmungo chegando à rua e encontrando os outros seguranças. — Não podem ver um par de peitos que ficam como um cachorro com fome, mesmo já tendo mamado em casa! Imbecis. Isso é o que vocês são! — esbravejo e o silêncio reina até entrarmos no carro.

Brian vem atrás comigo, mas o carro nem sai do acostamento.

— Saiam. Todos — a voz autoritária late ordens e os capachos somem em segundos. Shawn abre a minha porta e me puxa para fora da forma mais gentil que ele pode. — Aqui. — Ele abre a porta da frente e me enfia lá.

— Você está bêbado, deixe Brian dirigir…

— Bebi sim, mas estou em meu pleno estado. — Ele entra no carro e sai cantando pneus. Sim, super.

Chegamos em casa mais rápido que o permitido. Subo diretamente para o quarto de Matteo. Ângela está adormecida na cadeira e meu filho dormindo tranquilamente no berço. A acordo e agradeço pela ajuda. Ela vai para casa em seguida.

— Você está brava? — Shawn pergunta quando nos encontramos no quarto.

— Não — resmungo enquanto tiro meus sapatos. Ele para em minha frente e eu semicerro os olhos.

— Pequena…

— Eu quero dormir, Shawn. Se você não quer o mesmo que eu, saia do meu quarto. — Aponto para a porta e ele se inclina em minha direção.

— Nosso quarto — ele me corrige e me dá um beijo de supetão. Eu me afasto e empurro seu peito.

— Vai tomar um banho e tirar esse fedor de uísque. E não me toque.

Vou para o closet e o deixo do lado de fora. Só saio quando escuto o chuveiro ser ligado.

— Você é muito previsível, Pequena. — Ele me pega nos braços quando grito assustada ao vê-lo de pé na porta do closet, depois que a abro.

— Shawn!

Ele me joga na cama e sorri. Não qualquer sorriso, um daqueles brincalhões que eu nunca o vi me dar. Respiro fundo, tentando ordenar as batidas do meu coração.

— Não estou bêbado. Eu estou ciente de cada coisa que você faz. — Ele sorri de novo e desliza a mão pelo meu rosto. — Cada respiração sua ecoa pelos meus ouvidos aumentada dez vezes. Quando você sorri me dá vontade de trancar você numa torre comigo para sempre. E quando chora, você não faz ideia… eu quero matar quem fez isso. Porém, na maioria das vezes, fui eu, Pequena. Eu te fiz chorar. — Ele respira fundo e eu sinto meu queixo tremer com o choro. — É loucura, foda-se, é isso aí. Você é tudo. Meu mundo todo.

Sua testa desce para a minha e ele fecha os olhos esverdeados que tanto me perseguem.

— Eu também te amo — afirmo engolindo com dificuldade. Seus olhos se arregalam e suavizam ao me encarar.

Seguro sua cabeça e beijo sua bochecha. Shawn se agarra a mim e coloca seu rosto em minha barriga Nós adormecemos abraçados um ao outro e eu nunca dormi de maneira mais confortável.

***

— Brian? — murmuro descendo as escadas com Matteo em meus braços. — Shawn já chegou? — questiono sorrindo. Ele nega com a cabeça e sorri para meu filho.

— Ele foi resolver algumas coisas. — O modo como ele fala isso me faz encarar seus olhos mais séria.

— Da máfia? — gaguejo e Brian permanece sério, sem responder.

— Shawn sabe se cuidar, Camila. Não se preocupe com ele.

— Ele é pai do meu filho, é obvio que me preocuparei com ele.

— Pense em outras coisas.

— Ok. — Saio da sala e vou em direção à cozinha.

Encontro Ângela cozinhando e sorrio. Já está quase na hora do jantar, mas pelo que Brian falou hoje comerei sozinha.

Volto para o quarto do Matteo e lhe dou banho, colocando-o para dormir em seguida. Volto para a sala com a babá eletrônica em mãos. Ando pela sala, tentando me acalmar.

Sei que Shawn tem a vida dele na máfia, de um jeito torto, aceitei a vida dele pelo nosso filho. Porém não quer dizer que eu não sinta medo. Lembrar a morte de Austin me dá calafrios e imaginar Shawn no chão, como aquele homem, me faz tremer.

***

Shawn

Eu dou passos em direção a casa em silêncio. Os homens dele devem estar reunidos e tenho a certeza disso quando o vejo no seu escritório, rodeado deles.

Espero calado ouvindo suas instruções para com os soldados. Vejo Sebastian ao seu lado enquanto acendo um cigarro. Faz tempo que não fumo, mas hoje preciso relaxar.

Assim que os homens se dispersam Gabriel fica sozinho. Ele é arrogante, talvez seja pela idade, não admite que os seguranças o protejam. O idiota diz que pode muito bem se proteger sozinho. É o que vamos ver.

— Don — cuspo a palavra e ele se vira assustado.

— Shawn, não pensei que estava entre nós. Ninguém avisou da sua chegada.

— Percebi. — murmuro dando alguns passos até estar à sua frente.

— O que devo a honra da sua presença? — Ele cruza os braços e eleva a cabeça tentando ficar na minha altura. Por alguns centímetros me elevo sobre ele e acho que isso irrita seu ego.

— Como foi? — pergunto calmamente e trago mais do cigarro. A fumaça sai por meus lábios deixando a imagem do rosto dele embaçada.

— Como foi o que? — ele franze as sobrancelhas e eu sorrio descartando o cigarro no chão. Piso sobre a chama e a vejo se desfazer.

— Tocar nela. Tocar no meu filho. — Sua boca se torce e ele sorri. Oh, sim, ele sorri.

— Cara, você envergonharia seu pai. Preocupar-se com uma mulher qualquer... — Suas palavras cessam quando o primeiro soco atinge seu rosto. O sangue jorra e eu seguro seu pescoço, cortando o ar e seu possível grito.

— Minha mulher. Só o fato dela ser minha deveria ser o suficiente para você nunca querer colocar as mãos sobre. — Sorrio vendo seus olhos esbugalharem. — Já matei por menos, você acha que eu não te mataria? Pensou mesmo que machucaria minha mulher e filho e sairia ileso?

O empurro até a parede com o quadro e retiro uma das minhas facas das costas. O medo que vejo em sua íris me faz querer uivar de alegria. Sim, desgraçado, você vai morrer.

— Que encontre seu pai no inferno, Gabriel. — Enfio a lâmina lentamente em sua garganta e vejo a vida se esvair do seu corpo.

Escuto sapatos e me viro dando de cara com Sebastian, o subchefe. Ele não para ou me confronta. Apenas sai, me deixando só com o corpo sem vida de Gabriel.

***

Camila

Escuto meu celular tocar e caminho até o sofá. Meus olhos se prendem à janela de vidro. Vejo os seguranças juntos e um carro chegando. Meu sentido fica em alerta e eu atendo o celular ainda presa à visão.

— Pegue Matteo, encontre Brian e venha até mim — é a voz de Shawn.

— O que aconteceu? — murmuro e ofego ao ver dois homens saindo de um carro preto. Ambos começam a atirar e os seguranças revidam na mesma hora. — Oh, meu Deus.

— Camila? Que diabos! — ele grita enlouquecido e eu começo a correr para as escadas.

— Tem gente atirando lá fora. Dois homens. Oh, meu Deus — choramingo e chego ao quarto do Matteo. — O que faço? O que eu faço? — pergunto tremendo enquanto pego meu filho.

— Onde Brian está?

Na mesma hora Brian aparece na porta. Eu corro em sua direção e ele me puxa para a janela do quarto de Matteo.

— Ele chegou — lembro-me de Shawn no celular e falo.

— Faça o que ele mandar. Logo estaremos juntos. Me ligue quando estiver no carro. — Escuto sua respiração pesada e algo se estilhaçar.

— Desça! — Brian ordena e eu encaro a escada. Olho para Matteo e balanço a cabeça.

— Nunca vou descer com ele nos braços. Podemos cair, ou pior: ele deslizar.

— Você é a mãe dele, Camila. Você nunca deixaria Matteo cair. Ele está seguro com você, agora faça o que mandei. — Meu queixo treme, mas aceno e passo da janela. Coloco meus pés na escada segurando Matteo com apenas uma das mãos enquanto a outra segura a escada.

Desço devagar e logo meus pés tocam o chão. Brian me alcança enquanto estou respirando fundo, tentando me acalmar.

— Vamos lá.

Ele me guia até um carro e suspiro, aliviada, quando saímos da casa nova do Shawn sem chamar a atenção de ninguém.

— Ligue para Shawn — ele manda, e eu aceno apertando Matteo contra mim.

— Estamos no carro — afirmo assim que ele atende. — Shawn, o que está acontecendo?

— Preciso de vocês em segurança. Agora. Depois nos falamos.

— Brian está me levando até você agora. Logo estaremos seguros…

— Ok.

Eu adormeço durante a viagem e fico bastante confusa quando vejo Shawn parado diante da porta do carro. Ele tira Matteo dos meus braços e me ajuda a sair. Seu silêncio é estranho, mas estou sonolenta demais para falar.

Assim que elevo a cabeça, desperto. Calafrios percorrem meu corpo e eu dou um passo para trás. É a mansão dos Mendes.

— Por favor — Shawn pede e eu aceno, sentindo meu queixo tremer.

Ele me leva para meu antigo quarto e eu suspiro, olhando a cama em que fizemos amor a primeira vez que ele me tocou. Matteo é depositado sobre ela e a ironia não passa despercebida.

— O que aconteceu, Shawn? — questiono cruzando os braços e me aproximando dele. Seus olhos estão presos em Matteo enquanto anda pelo quarto como um animal enjaulado.

— Fiz algo que vai levar à minha morte — sua voz é fria, seu olhar não me alcança e isso começa a me fazer ter medo.

— O que fez? — Minha voz treme e ele me encara.

— Matei um homem. — Franzo as sobrancelhas e sinto um gosto ruim subir à minha boca.

— Você já matou dezenas de homens…

— Gabriel. Matei o Don da máfia italiana. — Abro meus lábios e minhas pernas perdem a firmeza, me levando a sentar na cama.

— Shawn…

— Ele tocou em você, sequestrou meu filho… ele merecia morrer. — Esfrego meu rosto sem saber o que responder. — Você e Matteo não estão seguros comigo. Raul vai buscar você na casa da sua mãe. Irão morar com ele…

— Não! — Balanço a cabeça veemente. — Não vou deixar você, Shawn.

— Mantenha Matteo seguro, Camila.

— Eu não vou a lugar nenhum! — Eu me ergo e ando até ele. — Você me trouxe para essa vida e eu fiquei por causa do nosso filho, mas não vou deixar você para morrer. Nunca.

— Preciso disso, você não entende? Eu errei em trazê-la para cá. Foi idiota e egoísta…

— Shawn… — Balanço a cabeça e me seguro contra seu peito.

— Me perdoa. — Lágrimas quentes e grossas descem por minha bochecha e ele acaricia meu rosto. — Eu estava errado. Você estaria segura longe de mim. Eu faria acontecer, mas eu queria tudo. A máfia, você e Matteo. Eu não posso ter tudo.

— Você tem a mim. Nós temos Matteo. E isso é a única coisa que importa…

— Eu sei. — Ele morde meu lábio inferior e treme sob minhas mãos.

Eu me coloco sobre a ponta dos meus pés e colo meus lábios nos seus.

Sua mão envolve minha cintura e ele me ergue. Abraço sua cintura e sua língua varre minha boca. Seguro seu rosto e o beijo com todo meu amor. Tudo que tenho dentro do coração.

— Não vou embora — digo séria e ele me puxa para seu peito.

— Eles chegaram, Shawn — Brian bate na porta e avisa.

— Você precisa ficar aqui com Matteo. — Ele segura meu queixo e me faz encará-lo. Seu olhar está escuro e eu sei que o modo proteção foi ligado.

Arrumo seu terno e beijo seus lábios, acenando.

***

Shawn

— Você deveria ir até mim, não eu vir até você. — Seb resmunga tragando seu charuto.

— Estava me preparando — resmungo e estranho imediatamente ao ver que é apenas ele na sala. — Cadê seus homens?

— Eles não vieram. — Ele ri e se senta na minha poltrona. Tem um copo com uísque em sua mão e ele o vira, bebendo o líquido todo.

— Estou pronto…

— Para quê? — Ele arqueia a sobrancelha e eu me aproximo quando ele faz o gesto me chamando. — Para ser morto ou subchefe? — Seus olhos detectam minha confusão e logo se desviam de mim para as escadas.

— Para ser subchefe — a voz de Camila ecoa e eu me viro vendo seus olhos cheios de convicção.

— Camila, sobe agora! — ordeno alto e ela baixa os olhos para seus pés.

— Estou vendo que sua mulher tem voz na sua casa. — Sebastian cospe no chão e eu respiro fundo. — Então, Shawn, você quer ser meu subchefe?

— Por quê? Eu matei Gabriel, você viu…

— Isso mesmo. Eu. Ninguém mais. — Seb respira fundo e seu olhar escuro varre minha casa antiga. — Eu mesmo queria ter matado Gabriel, mas você sabe, problemas. Você foi a solução. Minha forma de agradecimento é subindo você de cargo, já que agora serei o Don. — Ele sobe os ombros, sorrindo sorrateiramente.

— Sebastian…

— Ou morra. São essas as condições.

Eu me viro e aperto a mandíbula ao ver que Camila ainda paira na escada. Seus olhos grandes, que parecem nuvens em dias de chuva, me fazem suspirar. Ela pisca, e eu sei que ela quer que eu aceite.

— Acho que tenho sua resposta. — Eu me viro ao ouvir a voz de Seb. — Você será chamado, finja que essa conversa nunca aconteceu.

Ele vai embora sem dizer mais nada.

Mila desce as escadas e se joga em meus braços, respirando aliviada.

— Ainda bem — ela repete essas palavras e beija meu rosto.

— Não entendo. Você odeia a máfia…

— Mas eu te amo. E, Shawn, eu prefiro viver com você nela do que encarar uma vida com você morto. — Seus olhos incríveis se enchem de lágrimas e eu me inclino, beijando seus lábios.

— Eu queria me matar agora.

— Por quê?

— Por causa das suas lágrimas. — Suspiro e a carrego para cima.

— Obrigada por me tirar do inferno e cuidar de mim — Camila resmunga contra meu peito e em seguida se afasta para me encarar. — Você foi minha salvação e eu sei que fui a sua também.

— Como você sabe? — Encosto-a na parede das escadas e ela sorri ainda completamente lambuzada do choro.

— Por que… — Ela engole em seco e desvia os olhos.

— Por que, Mila?

— Porque você me ama. O amor foi sua salvação. — Novas lágrimas surgem e eu limpo cada uma delas com meus dedos.

— Eu amo — digo simplesmente e cubro seus lábios com os meus.

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Esse foi o último capítulo!!
Espero que tenham gostado!!
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