Hey, pessoinhas.. como vcs estão?
Obs: preparem o coração!!
BOA LEITURA!!
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______________________Camila
— Preciso ir para casa — corto o silêncio assim que termino de comer.
Avisei a minha mãe que estaria fora, mas não a noite inteira. Ela deve estar preocupada.
— Brian saiu. Deixe-o voltar, e você pode ir. — Shawn se ergue e caminha para o sofá em que estava antes.
— E nossa conversa? Você disse que conversaríamos quando voltasse a Nova York — relembro e ele acena enquanto cruza os braços. Seus olhos não encontram os meus e eu respiro fundo, tentando me acalmar.
— Quero que volte comigo para a Itália. Isso não é novidade — a voz de Shawn ecoa e eu suspiro, balançando a cabeça.
— Esqueça — murmuro me erguendo também. — Não vou criar meu filho…
— Para ser um mafioso como o pai dele. — Sua risada amarga me faz ficar calada. — Eu não pedi por isso, Camila. Você sabia? Nascer com o sangue dos Mendes foi o motivo. É a minha família. — Shawn olha diretamente para meu rosto, me fazendo desejar me enrolar em uma bolha. — Eu não queria ser sujo, aprender a matar e torturar, mas eu fui obrigado. Já fiz minha cama, Camila, eu vou deitar nela mesmo que esteja repleta de facas afiadas.
Ele se vira e eu sinto mais um pedacinho do meu coração ser quebrado.
Shawn não quer essa vida, agora eu sei.
— Saia dessa vida, então…
Sua risada me interrompe. É sarcástica, e eu fico instantaneamente envergonhada.
— Você viu o que eu tive que fazer para meus irmãos viverem felizes…
— Era diferente.
— Sim, era. Eles se amavam e não podiam ficar juntos. Eu fiz o que precisava para eles ficarem. — Shawn sorri sem qualquer traço de humor e anda até o minibar.
— Se você saísse…
— Eu morreria — sua frase me cala imediatamente e meus olhos se arregalam. — Antes mesmo de eu terminar de falar que eu desejo sair da máfia eles enfiariam uma bala na minha cabeça, Camila. Não seja ingênua…
— Shawn… — arquejo e volto a me sentar. Ele bebe um generoso gole de uísque e volta a me encarar.
— Eu já matei homens que queriam sair. Fui ordenado. — Suspiro fechando meus olhos. Não! — Isso resolveria seus problemas, não? Shawn morto, filho seguro, Camila morando onde quer. — A rispidez no seu tom não esconde a dor.
— Nunca! — grito horrorizada. — Não quero vê-lo morto. Quero que nosso filho cresça na sua presença. Que ele conheça o pai. — Balanço a cabeça para enfatizar. — Não, por favor, não me culpe por querer criá-lo longe dessa bagunça, Shawn…
— Não culpo. — Ele se serve de mais bebida e em um segundo bebe mais um copo. Desse jeito ele vai acabar bêbado em meia hora.
— Podemos fazer um arranjo. Não precisamos brigar judicialmente, você não precisa…
— Não preciso o quê? — Seus olhos me encontram e eu engulo em seco.
— Não precisa roubá-lo de mim — minhas palavras saem trêmulas.
— Você está ouvindo o que está falando? — Shawn sorri sem qualquer vestígio de divertimento. — Eu não quero tirar ele de você, Camila! Só quero que me deixe fazer parte da vida dele.
— E você fará — afirmo e ando na sua direção. — Mas não me peça para voltar. Por favor.
— Eu te falei que não vou tirar ele de você. Mas eu não posso morar aqui. Você sabe disso…
— Eu tenho que morar lá? Preciso abrir mão de tudo que reconquistei por causa da máfia?
— Não! Eu não quero que abra mão da sua família. Temos um avião à sua disposição. Pode vir sempre que quiser, todos os fins de semana…
— Você também pode, então — corto sua fala e ele morde o lábio, acenando.
— Pense, Camila. Depois não diga que não te avisei.
Ele se afasta e pega a garrafa de uísque a caminho do quarto.
— É uma ameaça? — sussurro indo ao seu encontro, novamente.
— Não. — Ele para na porta e se vira. — Vou pedir guarda compartilhada. Preciso de algo, certo? Ou você quer que eu saia de Nova York e esqueça que tenho um filho?
— Guarda compartilhada? — Minha voz baixa mais ainda. — Dias na Itália e outros em Nova York? Isso não é saudável para um bebê…
— Você vai saber os arranjos pelos meus advogados.
Ele entra no quarto e bate a porta na minha cara. Agarro minha barriga e sinto as lágrimas se formando. Shawn está tão decidido e isso me faz ficar em alerta. Ele não roubaria meu bebê, mas era óbvio que algo seria feito para ele ter o filho por perto.
Volto para a sala e continuo caminhando para a cozinha. Bebo água e me sento no sofá, tentando me acalmar e colocar os pensamentos em ordem.
Minutos depois, vou para o quarto e suspiro ao vê-lo deitado na cama com o braço cobrindo os olhos. Eu me sento na varanda e levanto minha blusa quando o bebê chuta forte. Acaricio o lado dolorido e sorrio.
— Seu pai é teimoso. Sinceramente, eu espero que você não herde isso dele — murmuro relaxando contra as almofadas do sofá. Ele volta a chutar, e eu sorrio, sabendo que isso foi uma bela resposta.
Eu me aconchego e bocejo, tentando não ligar para o sono que me acompanha, mas é em vão. Acabo adormecendo.
***
Demora para que eu me situe, mas quando faço sinto uma mão contra minha barriga. O bebê chuta e eu escuto uma respiração forte ao meu lado. Ele continua chutando enquanto eu sinto o corpo de Shawn se tensionar.
Abro meus olhos e vejo que estou na cama no quarto. Shawn com certeza me trouxe para o quarto. Isso é um ato que aquece meu coração.
Pode parecer uma bobagem para muitos, mas quando os gestos são escassos, ao acontecerem, eles se tornam preciosos.
— O almoço chegou — Shawn murmura contra minha orelha e eu me viro encarando seus olhos.
— Você pensou em algum nome? — questiono, de repente. Ele franze as sobrancelhas e balança a cabeça.
— Não. E você?
— Eu gosto de Matteo. Seu significado é…
— Presente de Deus — ele completa e eu aceno, surpresa. Pensei em Shawn sendo tudo, menos ligado a significados de nomes. — Gosto desse também. — Shawn se inclina em minha direção e eu chego a imaginá-lo me beijando, mas é apenas o impulso para se erguer.
— Então será Matteo — afirmo e o bebê chuta. — Ei, você gostou? — Sorrio aliviada e percebo Shawn de pé, parado, me olhando.
— Vamos comer.
— Quanto tempo eu dormi? — questiono me levantando.
— Já passa das duas da tarde, então… muito.
Ando para a sala e vejo Brian de pé ao lado da porta.
— Boa tarde! Aonde foi, hein? — Sorrio erguendo a sobrancelha. Suas bochechas coram e ele balança a cabeça.
— O que foi? — Shawn questiona, parando ao meu lado. — Se tornaram amigos?
Brian respira fundo e encara meu rosto.
— É claro. O que esperava? Sou amigável, e Brian cuida de mim — respondo firme e vou para a mesa posta. Minha barriga ronca e eu sorrio para a comida.
— Eu cuido de você. Brian está trabalhando para mim — Shawn me corta e eu me viro, engolindo em seco. Sei identificar quando ele está com ciúmes e esse é o momento.
— Brian, pode nos deixar sozinhos? — peço e ele acena saindo em seguida. — Não é errado sermos amigos. É normal. Pare de bufar a todo segundo.
— Do mesmo jeito que seu amigo disse que era? — Ele arqueia a sobrancelha e eu fecho meus olhos, balançando a cabeça.
— Não. Liam é somente meu amigo. Só. Nunca o olhei dessa maneira e eu estou cansada disso — respondo chateada e ando para a mesa, me sentando em seguida.
— Volto para casa hoje — Shawn anuncia pegando seu paletó. — Vou tomar banho…
— Por que tão cedo? — Mordo meu lábio, piscando em seguida. Droga. — Quero dizer…
— Porque eu tenho que organizar as novas meninas da boate que ganhei. Chegaram duas e eu preciso de alguém que faça isso o mais rápido possível — ele responde já no quarto, e eu me ergo, sentindo meu sangue esquentar. Boate?
— Boate? Sério? — questiono, vendo-o entrar no banheiro.
— Sim. São negócios da máfia. É uma casa de prostituição. Simplificando.
Mordo minha unha, tentando imaginá-lo no meio de várias mulheres seminuas. Minha barriga gela com o pensamento de ele ter ido para a cama com alguma delas.
— Deve ser incrível. O quê? Quantas já tentaram tirar sua roupa? — murmuro e escuto a respiração grossa dele pela porta.
— Na verdade, muitas. É cansativo. — Sua voz é séria e abafada. Aperto minhas mãos e corro para a porta do banheiro.
— Já estou indo para casa — digo, mas não obtenho resposta. — Não esqueça a camisinha. Não quero irmãos bastardos para Matteo. — Mordo minha língua, pensando no que falei.
Idiota, estúpida e idiota, novamente.
A porta se abre e eu dou um passo para trás ao ver o corpo nu de Shawn na minha frente. Em seus lábios tem um sorriso e eu me odeio mais um pouco por começar a amá-lo mais diante disso.
— Você está mais atrevida a cada dia — ele comenta e eu suspiro, saindo de perto dele. — Sempre uso camisinhas com as outras. Só você me tem nu, baby. — Ele pisca e eu me viro no momento em que tremo, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. — Eu estou mentindo. Você sabe muito bem disso. — Em um segundo sinto-o me rodear. Elevo minha cabeça e ele segura meu queixo entre os dedos. Devagar, Shawn limpa meus olhos molhados. — Só quero você, Pequena. Quando quiser, a hora que quiser. Ligue e eu serei seu. — Seus lábios descem sobre os meus e eu relaxo.
Shawn toma seu banho depois de me soltar e, juntos, descemos para o hall do hotel. Ele segura minha mão pelo caminho e esperamos o carro ao lado de Brian e mais dois seguranças. Sinto-o relaxado e me permito ficar também.
— Dei a Brian um cheque para as despesas do bebê. Tudo. Sei que já comprou muitas coisas, mas quite-as com esse dinheiro. — Ele acaricia minha mão e eu aceno para não discutirmos na frente dos seus homens.
— Sr. Mendes — um dos seguranças entoa mais alto e eu me viro na sua direção.
Um grito rasga minha garganta antes que eu consiga visualizar o homem.
Caio na calçada violentamente. O som de tiros me deixa surda por longos segundos. Sinto dor se alastrar pela minha barriga e agarro meu bebê.
Desorientada, procuro por Shawn e o vejo a dois metros de mim, também caído ao chão. Tento me arrastar até ele, mas a dor se multiplica. Elevo minhas mãos e fico em choque ao ver o sangue banhando minha pele.
— Fique parada — escuto Brian e o encaro em cima de mim. — A ajuda está chegando.
— O que…
— Você foi baleada. Shawn também, mas ele aguenta.
— Não! — murmuro apavorada e Brian segura meus ombros no chão. — Quero ver ele. Me ajude…
— Pense no filho de vocês. Por favor. — Os olhos do segurança se enchem de pena e eu tento acenar mesmo diante da dor insuportável.
Choramingo, olhando para o céu escuro.
Assim que a ajuda chega, eu começo a rezar. Não posso perder meu filho.
Não, Deus! Não deixe que isso aconteça. Não os tire de mim.
Vejo Shawn numa maca ao lado da minha e soluço, vendo a quantidade de sangue no chão, ao lado do seu corpo. Oh, meu Deus!
— Está tudo bem agora, querida. — Uma enfermeira se aproxima e coloca uma bolsa de soro perto de mim.
A mulher de cabelos escuros começa a se esvair diante de mim e eu sinto a escuridão me engolir.
***
Quando encontrei minha mãe, eu achava que Deus estava cuidando de tudo. Ele cuidava de mim todos os dias da minha vida, mesmo quando eu estava nas mãos de Bertoni. O que eu ainda não sabia é que ele, as vezes, nos deixa sozinhos. Por questão de segundos. É doloroso estar sem a sua presença. e eu me pergunto o porquê de ontem eu estar sem ele. O que aconteceu?
— Eu sinto muito — as enfermeiras dizem quase juntas ao mesmo tempo que a médica me olha com pena. Uma pena que eu nunca vi no olhar de ninguém. Uma pena que eu nunca senti por ninguém.
— Eu quero vê-lo — peço enquanto as lágrimas caem por minhas bochechas.
— Tem certeza? Você ainda está se recuperando…
— Agora — decido firme e agarro minha barriga, agora vazia. Totalmente.
Elas me colocam em uma cadeira de rodas e me levam.
Meus olhos o localizam em meio a vários bebês. Ele é pequeno, muito mais que os outros bebês. Meu coração dá um salto, vendo seus cabelos escuros. Iguais aos do pai dele.
— Sabia que ele seria minha cara — a voz do próprio diabo ecoa e eu sorrio, vendo-o ao meu lado. Shawn encara o nosso filho pegando minha mão.
— Como está? — depois de algum tempo ele questiona ao se ajoelhar ao meu lado.
— Fora o fato de que arrancaram meu útero. — Dou de ombros, sentindo meu peito doer.
O tiro pegou na minha barriga. Quase matou meu filho, mas, como falei no começo, Deus estava longe apenas por alguns segundos. Ele salvou Matteo.
— Eu sinto muito. — Seus olhos lindos e brilhantes me fazem começar a chorar. Meus soluços fazem Shawn tremer. Seus olhos escurecem e ele segura minhas bochechas, para eu encará-lo de maneira firme. — Vou matar quem fez isso, Camila. Eu juro.
Shawn não precisa me jurar, eu sabia que aquilo seria feito..
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______________________Eai? Vcs estão vivos?
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