Capítulo 4: Família

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(Sugestão de música: Pra você guardei o amor - Nando Reis e Ana Cañas)

Mais uma vez, o destino pregando uma peça em Sarah, que após passar dias e mais dias no hospital com seu pai e jogar aos setes ventos que não colocaria os pés em um, ali se encontrava novamente, perdida em pensamentos na recepção do hospital, dessa vez esperando notícias de sua esposa e seu filho. Naquele momento, a loira só queria ser capaz de voltar no tempo para poder reverter aquela situação, pensou nas milhares de coisas que poderia ter feito para evitar que sua esposa saísse de casa daquela forma, poderia tê-la abraçado mais forte, trancado as portas ou simplesmente tirado as chaves dela, poderia tê-la amado mais, ainda que tudo que tenha feito foi justamente por isso: amor. Entretanto, a única coisa que foi capaz de fazer, foi sofrer, assim como tinha feito nos últimos meses, em que sua vida perfeita parecia se tornar um verdadeiro pesadelo e, como sempre, seu medo a dominou e a situação saiu de seu controle, coisa que Sarah odiava.

Encarava a tela de seu smartphone, constatando que já era próximo das 3:20 a.m, e na tentativa de distrair-se, montava algo para sua família, em especial, para o/a nova integrante, que habitava o ventre de sua amada. Não pode deixar de notar como as horas haviam passado, mas ainda assim pareciam rastejar. Cogitou ligar para a família e os amigos, mas foi interrompida pela presença da médica que trazia as tão esperadas informações. O ar lhe faltou naquele momento e somente quando as palavras que tanto ansiava saíram da boca da médica, a loira sentiu o oxigênio voltar a seus pulmões.

— Sua esposa e o bebê estão bem, senhora. Apesar do susto, nada de grave aconteceu, ela sofreu apenas ferimentos leves e aparentemente tudo está bem com a gestação, ainda assim, queremos observá-la e fazer mais alguns exames, mas no geral ela está bem, somente alguns arranhões.

— Eu posso vê-la, Doutora? - disse quase que suplicando, suas mãos e pernas ainda tremiam de ansiedade, confiava nos médicos, mas precisava ver por si própria se ambos estavam realmente bem.

— Claro, deixe que eu lhe acompanho até o quarto, devo ressaltar que agora ela está medicada e dormindo. Sua esposa precisa, acima de tudo, descansar e se manter tranquila. Me acompanhe, por favor. - disse e se virou para um corredor a direita de Sarah, que a mesma mal havia percebido.

Rapidamente chegaram ao quarto de número 210, Sarah abre a porta devagar e logo avista Juliette, que dormia pesadamente. A loira agradeceu baixinho a médica, logo, adentrou ao quarto e a simpática doutora acena cerrando a porta, deixando-as sozinhas.

Sarah se aproxima lentamente da estranha cama de hospital, observando os aparelhos aos quais sua esposa ainda estava conectada. Da beirada da cama pode ver os arranhões em suas mãos e em seu rosto. A morena dormia profundamente como a médica havia comentado. Naquele momento Sarah ansiava acordá-la para pedir perdão por tamanha covardia, queria lhe dizer os reais motivos por trás de sua precipitada "decisão" e comentar o quão machucado seu coração estava por vê-la daquela maneira, mas simplesmente cerrou seus lábios e engoliu o choro que se formava em seu âmago.

Se aproximou mais um pouco, lhe fazendo um carinho na bochecha com a ponta dos dedos, encarou cada detalhe de sua esposa, como se desejasse recordar de cada um. Suavemente puxou um pouco das cobertas que aqueciam o corpo de Juliette, constatando que a outra usava somente aquela tradicional roupa de hospital, pousou seus dedos no ventre da esposa e passou algum tempo ali, fazendo carinhos e agradecendo aos céus por finalmente suas preces estarem sendo ouvidas. Em poucos meses estaria com seu filho ou filha em seus braços e logo sentiu seu coração aquecer, embora ainda guardasse dentro de si um gigantesco medo do que pudesse acontecer à sua família. Sentou-se na cadeira ao lado da cama da morena, e aproximou os lábios do ventre de sua mulher, dizendo:

— Oi bebê, oi meu amorzinho - começou num sussurro - é a mamãe, sua outra mamãe, na verdade. Não faz barulho pra não acordar sua mãe Juju, tá bom? - sorriu boba de si mesma - eu só queria dizer o quanto eu te amo, meu pinguinho de gente, que você é um pedacinho do amor que eu sinto pela sua mãe, é um sonho realizado - não conteve mais suas lágrimas e o choro que tanto tentou controlar, saiu baixo. Um choro que tinha mais emoções do que poderia enumerar, nunca havia sentido tanta felicidade em sua vida, nem mesmo no dia em que tornou Juliette sua esposa oficialmente, nada se comparava com a sensação de saber que seu filho ou filha estava ali.

Observou a expressão de Juliette que ainda dormia tranquilamente, mas parecia estar mais "leve", um pequeno sorriso havia se formado em seus lábios, Sarah queria poder ler os sonhos da morena, talvez neles, as coisas estivessem mais calmas. Suspirou para então continuar:

— Sua mamãe deve estar bem brava comigo, bebê e tudo bem, eu também estaria. Mas eu amo tanto vocês, que não sei mais como agir, eu só quero protegê-los de todo mal do mundo, mas talvez eu nunca seja capaz. - as lágrimas escorreram ainda mais por seu rosto - Mas a mamãe promete tentar, meu amor. Se comporta direitinho, ok? Agora dorme que já tá bem tarde pra ficarmos conversando. Eu te amo, bebê.

Sarah segurou a mãe de Juliette e seguiu acariciando a barriga da morena, logo se lembra da playlist que havia criado enquanto esperava por notícias dos dois, esta havia sido criada para embalar o sono de seu pequeno presente que era carregado no ventre de Juliette. Apanhou o celular pressionando o play, deixando baixinho, para que não acordasse sua esposa. "Pra você guardei o amor" começou a ecoar baixinho pelo quarto e Sarah permaneceu ali, segurando a mão de sua esposa e cantarolando, vez ou outra, para seu mais novo amor. Não percebeu quando o sono lhe atingiu, sequer se lembrava de estar tão cansada.

CONTINUA

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Finalmente um dia de paz para vocês leitores, mas ai vai uma dica: não se acostumem para depois não sofrerem kkkkkk

O feedback de vocês nos motiva a postar cada vez mais capítulos e até mais longos, então não se esqueçam de curtir e deixar um comentário para nós!

- Batgirls 

Não olha assim pra mim - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora