Capítulo 2: O início do...fim?

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POV SARAH - Sábado

Despertei inquieta novamente, já era um hábito com tudo que vinha acontecendo, mas logo a paz cativou meu coração quando meus olhos a viram dormir ao meu lado. Faço carinho nas mechas de seu longo cabelo e afasto os fios que insistiam em cair por seu rosto angelical. Estar ao lado de Juliette era como entrar em êxtase, como se o mundo ao meu redor freasse e tudo que importava era Ela.

Ainda assim, eu sabia que o pior estava por vir, antes de ser retirada de meu paraíso e transe particular, eu lhe recordo, quase que em um sussurro:

– Tudo que eu vou fazer, será para o nosso bem, ok? Independente de qualquer coisa, quero te lembrar que eu te amo Juliette Freire de Andrade, como nunca amei antes e certamente como nunca amarei alguém novamente.

Nosso momento é interrompido quando o sinal de notificação de meu celular insiste em rasgar meus ouvidos, apanho-o rapidamente para silenciá-lo e evitar que minha esposa desperte. Logo tenho que me levantar, pois, novamente, meus estagiários haviam cometido alguma gafe na campanha de lançamento de nossos clientes. É sábado, mas em nossa empresa os finais de semana são bem raros.

Me levantei como um furacão, tomei um breve banho gelado, mesmo com o dia frio, apenas para que meu corpo reagisse mais rapidamente. Vesti uma das quinhentas blusas brancas sociais que Juliette havia insistido em comprar pois as minhas já estavam "passadas demais", segundo ela e coloco minha calça preta social. Como de costume, apanhou a jaqueta jeans, mas antes de sair, aproveito para separar a roupa que meu amor usaria mais tarde. Ao contrário de mim, minha esposa amava roupas muito cheias de cores, então separo seu tradicional vestido roxo e uma jaqueta preta para caso o tempo decida esfriar mais tarde, afinal, São Paulo é imprevisível, aqui as quatro estações do ano, acontecem em um mesmo dia.
Já ia saindo do quarto quando parei na porta e decidi voltar para deixar um beijo em sua testa, com todo o cuidado para que a mesma não acordasse, sussurro em seu ouvido um singelo "Te amo" e saio apressada.

Dirijo pela cidade vazia, o que em São Paulo era um verdadeiro milagre, mas devido ao horário e ao dia, era compreensível. No ambiente, as notícias saiam como uma metralhadora do rádio, mas minha cabeça estava longe de conseguir concentrar-se em algo.

Rapidamente cheguei à empresa, subindo diretamente para a sala de reuniões do meu andar. Ao iniciar a reunião, deixo algumas orientações, mas era visível que minha cabeça não estava ali. Eu sabia que em breve já não passaria tão despercebido a indiferença que eu, como presidente desta empresa e diretora de marketing da mesma estava passando nas reuniões. Mas, por ora, a desculpa do falecimento de meu pai serviria como um disfarce para que eu pudesse me concentrar na avalanche de problemas que o destino decidiu me colocar.

Ao fim da reunião sigo em direção a minha sala mas não sem antes perguntar a minha secretária Vitória, uma jovem moça loira, muito prestativa e sempre disposta a aprender novas funções, sobre meus recados matinais, cartas e até possíveis encomendas que vez ou outra chegavam por ali. Mas, como um novo e péssimo costume, ela me entrega novamente mais um dos envelopes amarelos. Aqueles malditos envelopes amarelos, sem qualquer tipo de remetente, apenas com meu nome escrito em alguma parte do mesmo. Sigo para a minha sala enfurecida por saber que o conteúdo daquele envelope me faria ter mais problemas. Já havia tentado entrar em contato com todas as transportadoras da cidade para saber de onde aqueles malditos vinham, mas era um mistério, pois, em nenhuma delas constava algo enviado à mim e isto só servia para que minha preocupação dobrasse, pois só alguém com muita influência passaria despercebido de tal maneira.

Abri o envelope com ansiedade e apanhei a carta em seu interior, nela constava meu ultimato:
"Seu prazo está se esgotando, Sarah Andrade, deixe-a ou Fátima Freire poderá sofrer um terrível "acidente", não me subestime, não pretendo evitar derramamento de sangue!" E junto a carta, mais fotos de minha amada sogra, a qual eu considerava como uma segunda mãe, saindo de seu trabalho.
Eu sabia que não poderia mais adiar a pior decisão de minha vida, mas era necessário tomá-la, pelo bem da nossa família. No momento em que meus olhos terminam de observar a última foto, minha esposa entra em minha sala radiante, e eu esforço-me para esconder o maldito envelope em uma das gavetas o mais rápido possível, rezando para que a mesma não tenha percebido minha movimentação brusca e que não pergunte sobre. Percebo pela sua expressão que havia notado meu comportamento, mas prefiro ignorar tal fato.

Levanto-me e vou até minha morena, passando minhas mãos por sua cintura e selando nossos lábios rapidamente, para lhe desejar um "bom dia". Não pude deixar de notar que os seios de minha esposa estavam mais fartos, provavelmente sua menstruação estava próxima.

Recebi uma careta de minha amada que parecia ter odiado o meu contato mas antes que pudesse questioná-la, ela seguiu para sua sala, fechando a porta violentamente e tudo que fiz foi cheirar minhas roupas, que por sinal, estavam normais, continham o tradicional cheiro de meu perfume que Juliette sempre rasgava elogios, mas não tenho tempo de pensar a respeito.

Logo, sou tomada por várias tarefas, que me fazem deixar a situação de lado. Passei o dia tentando ensaiar o que diria à ela mas sempre que pensava em algo, lágrimas insistiam em escorrer pelo meu rosto e sabia que no momento em que fosse conversar com Juliette isto não poderia acontecer.


Ao final do expediente minha esposa quis passar em um restaurante chinês para que levássemos comida pra casa, estranhei, pois, Juliette nunca fora muito fã deste tipo de comida, mas não a questionaria, minha cabeça já tinha problemas demais. Na volta para casa o silêncio no carro era ensurdecedor então, minha esposa decidiu ligar o rádio e para minha dor "Fica- Anavitória" soava pelos alto falantes de meu carro, sendo acompanhado pela doce voz de meu amor. Aquela cena me dilacerava, senti uma lágrima solitária escorrer por minha bochecha, mas rapidamente a sequei para que Juliette não notasse minha tristeza, ainda que já estivesse notando há semanas meu estranho comportamento.

Ao chegarmos em casa, corri para o banho como o diabo corre da cruz, deixando minha esposa para trás e lá me permiti soltar algumas lágrimas mas sempre me atentando de molhar o rosto para caso Juliette entrasse ali, nada fosse percebido pela mesma. Vesti meu moletom de estimação, também conhecido como meu moletom da faculdade e coloquei uma calça de pijama, separei um pijama para minha esposa e sem trocarmos uma só palavra me direcionei para cozinha. Juliette entrou logo após de mim para tomar banho e eu fui aprontar as coisas para servir nosso jantar, ainda que eu estivesse ciente que no fim, nada comeria naquela noite. Talvez fosse minha ansiedade, mas tive a sensação que Juliette estava demorando demais em seu banho, logo, decidi tomar minha tradicional coragem líquida, como dizem por aí, para me acalmar, coloquei gelo em meu copo o preenchi de whisky.

Eu estava encarando o copo quando a ouvi descer as escadas e se aproximar, a olhei de relance e a vi radiante vindo em minha direção, não consegui encará-la, então quando minha morena parou a poucos metros de mim, eu voltei a fitar as pedras de gelo enquanto dedilhava meus dedos pelas bordas do copo, anunciando que precisávamos conversar, engoli todos os meus sentimentos, e a fitei, dizendo: "Juliette, eu quero o divórcio".

Vi o rosto do amor da minha vida ser banhado por um rio de lágrimas e toda a luz que envolvia minha mulher sumiu. Não aguentei ver tal cena, levantei-me e fui até ela, abraçando-a e novamente sussurrando no pé de seu ouvido:

– Não é por falta de amor e sim pelo excesso do mesmo, talvez, um dia, você me entenda, minha estrelinha. É por nós, por todas nós.

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- Batgirls 

Não olha assim pra mim - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora