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Se eu fosse completamente normal e sem essa doença, eu poderia dizer que estou tão nervosa, que estou suando frio, mas esse é meu estado normal. Sempre fria.

  Mas eu estou mesmo nervosa, não é todo o dia que você recebe um exame que decide sua vida. Eu não sei como vai ser daqui para a frente, mas espero que dê tudo certo.

  A sala do Dr. Morais é bem fria, mas não me incomoda, gosto de frio. Estou aqui a menos de um minuto e já tenho um medo horrível da resposta dos exames. Então o doutor pede que nós nos sentíssemos a vontade e começa a falar com minha mãe como se eu não estivesse aqui.

  Então, ele pega um envelope e entrega à minha mãe. Ela está tremendo.

- O que significa doutor?

- É o que temíamos, o sangue que era forte, está cada vez mais fraco. Ela está com leucemia. E esse não é o pior quadro, o pior e mais difícil é encontrar um doador compatível. E nós sabemos que nenhum de vocês pode doar.

- Encontramos alguém que possa!

- Seja breve. Essa doença está muito avançada, não sei como ela ainda suporta ficar de pé.

  Eu me meto na conversa.

- Acontece que eu não sou fraca igual muita gente por aí é, não desisto do que eu quero, e o que eu quero é viver e ser feliz.

- Vamos precisar dessa sua força de vontade mocinha. Você vai ter que aguentar alguns procedimentos do tratamento e eles são bem pesados. - O doutor me alerta.

- Ok, eu não sei se consigo, mas eu vou tentar.

                      ~♡~

  Tenho passado pelas seções de tratamento mais dolorosas possíveis. Meu corpo dói por inteiro, não tenho forças para nada.

  Meus pais me dão forças, pedem para que eu não deixe a luz me levar antes deles terminarem os sonhos que eles tem para mim. Eu não sei quais são esses sonhos, mas quero realiza-los. Quero ver meus pais felizes.

  - Mãe! - Eu chamo e não ouço nenhum barulho na casa.

Então desço para ver o que está havendo.

  Ando a casa inteira, observo os castiçais antigos em cima de estantes mais antigas ainda, o tapete persa em tons de marrom e vermelho, as cortinas cor de marfim e chifres de veado na parede. O lugar é lindo, eu amo ter crescido aqui.

  Mas vejo que a casa está vazia, então abro a porta dos fundos e chego ao jardim ensolarado.

- Filha, estava procurando você... Filha!!!

Estou fraca, a luz e a escuridão me pegaram ao mesmo tempo.

A casa não tem portas, nem janelas. Mas eu entrei aqui... Como vou sair? O lugar é enorme, escuro e frio.

Onde eu estou?

" você está em casa"

Casa?

"Sim, sou seu irmão"

Como se chama?

"Robian"

Robian, Robian, Robian...

- Madeleine,Madeleine! Ela não pode ir doutor!

Ouço minha mãe aos berros e um barulho chato que parece uma buzina com som agudo.

- Ahh... Mãe, desliga a porcaria do despertador!

Abro os olhos e vejo todos na sala com cara de quem viu um ET.

A verdadeira doença após a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora