A verdadeira doença após a morte

Amigos

Sabe, quando eu decidi abandonar tudo e seguir em frente com meus problemas, eu pensei que doeria muito mais. Pensei que voltaria na primeira semana. Mas estou longe a meses.

Durante este tempo, nenhum amigo meu entrou em contato, nem mesmo aqueles que eram considerados irmãos. Pensei que isso também doeria, pensei que perderia mais essa batalha da vida. Pensei que me sentiria só, que precisaria de amigos, pais, escola. Mas tudo isso é simplesmente parte da mentira que eu vivia, ninguém sabia o que meus pais tinham feito comigo, nem eu mesma sabia.

Todo esse tempo pensando que era filha única, sendo que tenho um irmão maravilhoso. E esse é o motivo de não me sentir mal por abandonar tudo. Ele está comigo a todo o tempo, é como se não faltasse nada quando ele está perto. Até o ar que eu respiro é mais puro quando ele está aqui.

Estamos em algum lugar na Itália, Napoli, eu acho. Não sei se é esse lugar aqui em especial, mas tudo aqui me parece um pouco morto. As cores dos prédios na sua maioria são, marfim, marrom e cinza. Tons neutros.

Estamos indo para casa de uma prima.

Segundo Robian, hoje a noite, iremos conhecer alguns amigos dele e Estefânia vai ser a anfitriã.

***

Até que estou bonita para uma cover da noiva cadáver. Nada nesse mundo consegue esconder minhas veias aparentes em minha pele extremamente branca e fina. Minha intolerância ao sol está piorando, por mais que eu me alimente bem, a minha pele está em uma camada muito fina e sensível. Qualquer coisa que seja passada com um pouco mais de força contra minha derme me fere.

A pele não é meu único problema. Minhas unhas não crescem se eu não comer comida comum. Na verdade, nada cresce, nem meus cabelos! E eu não quero envelhecer muito rápido.

Por esse motivo, estou com unhas postiças, que estão coloridas de vermelho vinho.

Alguém bate na porta e eu abro. É Robian.

- Você está linda!

- Obrigada.- Faço aquelas coisas que as damas fazem nos filmes antigos, me curvando. Ele ri da brincadeira.

- Podemos ir bela donzela?- Diz me dando o braço para acompanha-lo.

- Vamos doce príncipe.

***

Uou...

O lugar é lindo!

Entramos e vejo as paredes vermelhas com várias janelas de mosaicos bem coloridos. Cortinas de uma cor de marfim, mesas de madeira, cadeiras de madeira, uma porta superelegante que leva à cozinha (onde não pude entrar).

Vejo uma mesa repleta de pessoas bonitas e bem vestidas. Uma mulher alta, de pele bronzeada, cabelos e olhos escuros, acena para meu irmão.

- Vamos. - Ele me leva em direção a mesa.- Tchau Estefânia. - Ele a comprimenta.

- Oi Robian. Eu ainda sou brasileira, OK?
-Pessoal, este é Robian e esta é Madeleine. Robian, Madeleine, este é o pessoal.

Sento ao lado de uma garota que parece ter minha idade, ela é loira e seus olhos parecem fogo, entre o laranja e o vermelho.

- O que você tem de diferente?- Ela me pergunta.

- Como?

- Todos temos algo de diferente das outras pessoas.

- Ah, isso? Não é nada de mais, eu só estou morta.

- Nossa, e como você está viva?

- Sangue.

- Ah, eu já namorei um cara como você. Vampiros.

- Eu não diria que sou vampira, eu não saio por aí rasgando a garganta das pessoas para me alimentar, e também não controlo a mente para ganhar tudo o que eu quiser...

- Ei, eu não ganho tudo o que quero!

- Me desculpe! Você é vampira?

- Não, eu só controlo as coisa vivas ao meu redor.

- Isso é legal! Você pode mover a mesa?

- Qual foi a perte de " coisas vivas " que você não entendeu? Eu ainda não desenvolvi força suficiente na mente, quando tento a cabeça dói.

- Tá, isso é ruim. Mas eu não sei fazer nada que não seja para minha sobrevivência, nada milagroso ou ao menos interessante. Mas e os outros, o que eles fazem?

Então ela vai apontando discretamente e dizendo nomes e qualidades.

- Aquele é Tony, é cego mas com certeza está ouvindo toda nossa conversa, ele tem uma audição tão boa que pode ouvir a 1km de distância.

- Nossa!

- Aquela é Jamile, ela incrivelmente controla o vento como se fosse um animal de estimação. Ela manda, ele faz.

- Queria saber como ela faz isso.

- Nem ela sabe. Aquele é Manuel, ele tem o mesmo dom que eu, mas com as mulheres ele nem precisa usar, ele é lindo. Esses olhos verdes hipinotizam qualquer um.

- Você tem uma queda por ele?

- Fica quieta e me deixa terminar! Aquela é Ruth, é bruxa de berço. Eu tenho medo dela e se fosse você também teria.

- Por quê?

- Ela é má.

Acabamos de comer a sobremesa sem que eu percebesse. A maioria saiu depois do jantar, mas Ayani, a loira, ficou para marcar um passeio pela cidade.

- O que achou de nós?

- Pensei que fosse a única que tivesse que passar por transformação, mas vocês me mostraram que não tem nada de mais em ser diferente.

- Você ainda vai passar por muita coisa, mas estaremos aqui. Amigos são para essas coisas.

Nos despedimos e subimos para a casa. Preciso de um descanso!

PERDÃO PELA DEMORA! Eu fiquei sem o carregador do meu tablet, mas hoje dei um jeitinho de carregar e postar. Minha outra obra também está parada, mas hoje só deu para postar esta.

Espero que gostem, e votem por favor!

Beijos!