Plano

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Quando cheguei em casa ontem a primeira coisa que pensei em fazer foi contar tudo ao Robian. Mas estou tão cansada de precisar dele para resolver tudo para mim...

  Os fatos ocorridos ontem me deixaram tensa. Estava quase acostumada com o fato de estar distante do meu pai, de estar morta e acordar todo dia como se tivesse acabado de ressuscitar.

  Agora, meu pai me encontrou e me traz a notícia de que estou virando pó, pouco a pouco.

  Talvez isso explique a quebra dos fios de cabelo, descoloração dos olhos e a sensação de peso excessivo em meu corpo. Tenho percebido essas coisas ocorrendo ultimamente, e espero que Sherman não o sinta também.
  Não sei como me perdoarei se o mesmo morrer comigo, ele não tem nada a ver com minha história, não merece estar ligado a mim até a morte. Mas não quero participar de ritual nenhum!

  Vou dar um jeito de nos separar, mas preciso perguntar de alguém que realmente possa me ajudar. Stefania fez pouco caso, e não quero pedir ajuda a Robian nem a nenhum dos outros que estão abrigados aqui.

  Tudo isso é culpa minha, então eu vou solucionar isso. Vou deixar meu orgulho de lado, tá na hora de fazer algo que não seja defender a mim mesma.

CHAMADA ON

- Pai?

- Lene! Filha, tá tudo bem? Onde você está? - reviro os olhos para sua "preocupação" , ele só quer saber onde estou escondida.

- Preciso de um favor antes do ritual.

- Se você me prometer que vai, eu faço o que você quiser.

  Chantagista! Ele sempre foi assim.

- Ok.

- Do que você precisa?

- Quem vai fazer o ritual?

- Um antigo amigo.

- Quem?

- O Mago que começou tudo isso.

- Ele quem deu a brilhante idéia do sangue?

- Sim. Por quê quer saber?

- Preciso falar com ele, quero me encontrar com ele amanhã pela noite. Consiga isto para mim, e eu estarei no ritual.

  Encerro a chamada e desligo o telefone, não quero que ele retorne e diga que não fará minha vontade.

  Saio do quarto tentando parecer mais calma, vou até a geladeira e vejo que tem um sanduíche de geléia.

  Pensando bem, percebo que estou morrendo,  então tanto faz se eu envelhecer alguns meses, estou com muita saudade de enfiar meus dentes em comida de verdade, sangue é ruim, só tomo porque é o que me mantém.

  Dou uma mordida no sanduíche e me sinto tão bem, tão viva! Posso sentir o sabor da geléia de morango, tão doce! Como feito uma desesperada o restante do sanduíche e no final, como toda garota decente, olho para um lado e para o outro e lambo meus dedos sujos de geléia.

  Depois de lavar as mãos como uma pessoa educada, resolvi ir até o quarto do Sherman, e dessa vez bati na porta e fiquei do lado de fora mesmo.

A porta abre e eu vejo um jovem de olhos e cabelos castanhos claros, esses ainda mais claros hoje. Uma pequena diferença de como eu o vi esses dias é que hoje ele está de barba, mais bonito ainda.

- Madeleine?

- Acordou agora? Posso voltar outra hora.

- Não, estava indo comer alguma coisa,  quero comida de verdade hoje.

  Sorrio para ele.

- Pensei a mesma coisa quando acordei, comi um sanduíche e vim aqui te chamar.

- Vou comer alguma coisa, venha comigo?

- Ah, sim.

  Então eu volto para a cozinha, mas desta vez acompanhada.

- Sherman...

- Oi?

- Você acha que vamos conseguir nos separar? Quero dizer... antes de virarmos pó?

- Sabe- diz enquanto passa geléia em uma torrada- eu não ligo muito para isso. Não quero que você morra, claro, mas se eu tiver que morrer por mim tudo bem.

- Como assim, tudo bem? Você deveria desejar viver!

- Não. Não é que eu queira morrer, é que não acho justo que minha família esteja morta e eu tenha sido o único a sobreviver. - diz simplesmente e come sua torrada.

  Fico pensando no que ele disse enquanto ele termina de comer.
Eu quero continuar a viver, mas viver por apenas viver? Parei de estudar, nunca terei filhos e sou muito insuportável para conseguir alguém que me queira como mulher. Não há motivos para continuar.

  Mas se houver algo, algum segredo da minha mãe, que este mago possa me contar eu quero saber. Nunca se sabe quando vou precisar saber se Madeleine é meu nome verdadeiro.

- Sherman, temos um encontro amanhã, pela noite. Um Mago virá nos visitar e preciso que você saia conosco.

- O que quer que eu faça lá?

-  Apenas siga o plano.

  Sussurro em seu ouvido e pronto, estamos preparados com estratégia montada para amanhã.


A verdadeira doença após a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora