Depois de ter lido o Livro do homem ruivo (decidi chama - los assim, não perguntei o nome nem do homem nem do Livro) fui encontrar Sherman no corredor estreito pelo qual passamos para chegarmos no Livro.
- Vamos?
Ele me olha assustado por estar distraído com um livro.
- Estava tentando ler pelo menos a capa- ele me olha e sorri.- Como foi lá dentro?
- Ah... nada de mais. - fico sem graça pois me lembro claramente da cena do beijo. - Descobri como desfazer a ligação.
- Do que precisamos? - me pergunta enquanto andamos.
- O Mago já temos, precisamos de uma faca e algumas palavras do Livro. Nada difícil de conseguir até a noite.
- Para quê a faca?
Expliquei a ele sobre as três formas de acabar com a ligação. A primeira faria com que os dois morressem, a terceira também, então fiquei com a segunda opção. Mas parece que ele não concordou muito.
- Como assim, tomar do sangue do mago!? Tá maluca Madeleine? Não podemos fazer isso!
- Sherman, me escuta, precisamos fazer isso. Vamos morrer, os dois.
- Você se lembra da sua mãe?
- Como esquecer?
- Ela foi egoísta, não se importava se você vivia ou morria. Pra ela tanto faz, não é ela que sente a dor de estar morrendo e já estar morta todos os dias. Ela matou você aos poucos Madeleine, e nem se importou. Porque ela era egoísta, e você está sendo assim também!
Eu me segurei o máximo, mas assim que ele terminou de falar, minha mão acertou seu rosto. E eu chorei, chorei porque o que ele estava dizendo é a verdade.
- Madeleine... Nós vamos fazer isso, mas vai ser do meu jeito.
- Tá, vamos, precisamos comer.
E eu, igual a qualquer mulher, fiquei o caminho todo calada, descontando minha raiva e tristeza no velocímetro da moto.
Chegamos a um parque onde muitas crianças brincavam com seus cães. Logo pude ver uma árvore bem grande e decidi fazer meu lanche ali em cima. Eu e Sherman subimos na árvore e cortamos as bolsas de sangue derramando - o nos copos com muito cuidado para não sujar nada.
- Qual seu plano? - pergunto depois de muito tempo calados.
- Não vamos machuca - lo. Se ele quiser fazer o feitiço, que seja pela própria vontade.
- E se ele não quiser?- digo a ele mostrando todo o meu medo.
Então ele segura minhas mãos e diz: - Vamos dar um jeito, querida.- e antes que eu possa responder ele me beija, igual a imagem que foi projetada no Livro.
Sherman usou a desculpa de que precisamos relaxar antes do nosso encontro com o Mago, para ficarmos nos beijando na sombra da árvore em que estávamos.
- Sherman- paro nosso beijo- Não acho justo que isso tudo esteja acontecendo e nós estamos aqui nos agarrando.
- O que está acontecendo? Ninguém se importa, só nós dois.
Por isso somos os únicos que foram para o parque comer e agora estamos bem felizes juntos.- Como assim, juntos?
- Sei que é rápido e ridículo, mas... Madeleine, quer namorar comigo?
Como dizer não a ele quando está acariciando meu rosto e com sua boca em tão curta distância da minha? Nem sei o que sinto por ele, mas minha resposta é:
- SIM!
- Ótimo!- Me dá um selinho e se põe de pé sacudindo a grama que havia ficado na calça.- Está quase na hora, até chegarmos no prédio já estará tarde.
- Ok, vamos.- pego sua mão que estava estendida para me ajudar e levanto, mas quando vou soltar de sua mão ele a segura com mais força e diz:
- Madeleine, anda comigo assim? Nunca experimentei. - Ele me olha com expectativa.
- Tudo bem, namorado.- entrelaço nossos dedos.
- Perfeito, namorada!
Sabe quando nós estamos animados, sentimos que nada pode nos abalar e que devemos viver a vida ao som de um belo rock ou um dançante POP? Aí de repente você é obrigado a reduzir a velocidade pois o pneu furou.
- Bem que a mulher e o homem forte poderiam ter vindo, essa ladeira é muito íngreme. - Sherman reclama.
- Seja homem! Precisamos chegar à um mecânico em quinze minutos.
Depois de termos achado um mecânico e esperado uma hora para que ele desse um jeito no pneu, fomos direto para o prédio.
Chegamos ao nosso ponto de encontro, o lugar mais alto do prédio, que por sinal é BEM alto!Vi um pequeno homem de cabelos compridos, vestido elegantemente com um terno preto e os costumeiros trajes sociais.
- Sherman, deve ser ele.- aponto para a direção em que estava olhando.
Mas Sherman fica calado, e no lugar de sua voz ouço uma mais grave.
- Qual o problema de vocês? Sempre acham que temos que parecer velhos e enrugados, baixos, de cabelo comprido e usar coisas estranhas feitas com penas.
A única coisa que eu poderia dizer a um homem enorme na minha frente o qual eu acabei de ofender era:
- Desculpe, senhor.
- Sem problemas. Acho que já estou acostumado a isso.
- Pensei que você fosse baixo, sabe, meu pai me disse como você é...
- Não, não. Seu pai deve ter falado do meu pai, ele faleceu ontem.
Olho espantada pra Sherman que me retribui o olhar. O único que poderia nos ajudar, agora está morto.
- Mas, você sabe o que fazer para nos ajudar?
- Não é uma questão de saber, eu só preciso ouvir o que os espíritos dizem sobre seu caso. Vamos sentar naquele tapete e fazer um círculo, vou falar com os espíritos e depois faço o que for preciso.
E assim fazemos, nos sentamos e o Mago começa a falar umas coisas sem sentido e agora me parece que vem o veredito.
- A eternidade só virá para aqueles a quem a morte alcançar. Os que fogem de sua natureza são punidos e não merecem eternidade alguma, sua alma permanece em vida, mas seu corpo se desfaz. Lamentamos que tenha sido assim, a culpa foi de sua mãe e ela já paga um preço por isso. E vocês terão que pagar também!- de repente aquele homem enorme de cabelos lisos e curtos pula para cima de nós com uma adaga, o que nos faz correr para longe mais rápido que imaginei.
Em um momento em que ele me parece sóbrio, ele abaixa a adaga e grita- CORRAM! - Então enfia a adaga em seu abdômen e em segundos apaga no chão.
- Sherman, corre! - digo e vou ajudar o Mago caído no chão ainda com a adaga presa em seu corpo.
- Vamos, Madeleine!
- Tenho que ajuda-lo, ele é nossa última chance, e tá morrendo!
- tá bem, vamos leva - lo para a mesa.
- Ei! Homem! - chamo pelo homem que eu tinha confundido com o Mago. Ele sai de trás das cadeiras onde tinha se escondido durante a confusão. - Vá lá na recepção e pegue uma maleta de primeiros socorros, e traga aqui!
O Homem sai em uma velocidade surpreende, e volta com a mesma mas logo se retira.
Sherman e eu fizemos todos os procedimentos, ligamos para ajuda médica e o deixamos lá para que ninguém nos perguntasse nada.
E nosso plano de nada serviu.
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A verdadeira doença após a morte
VampiroTodos conhecem as histórias de vampiro, lobisomem, e muitas outras histórias. Tem muita gente que diz não ter medo, mas o seu único refúgio para não temer, é ter a consciência de que eles não existem. Mas eu vou contar a história. E essa, você pode...