Partes de uma história

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    É normal me sentir assim, desolada? Isso está deixando um vazio maior que o universo dentro de mim. Essa dor não passa, parece fome, mas não passa quando como... Não sei o que fazer, enquanto estiver fraca assim eu não tenho como encontrar o Robian.

   Me olho no espelho do meu quarto, nele vejo que estou palida , cada vez com as veias mais aparentes.

  Ouço o barulho da porta se abrindo, vejo o reflexo do meu pai no espelho, e não sinto mais nada, não vejo mais nada, não sou nada...

— Acorda menina, acorda por favor! — Uma doce voz me faz despertar, ao abrir meus olhos, vejo cabelos ruivos familiares.

— Eu te conheço de algum lugar.

— Eu trabalho aqui, estamos no hospital.

— Eu apaguei.

— Sim. Você está nervosa? Eu estou tentando pôr a agulha na sua veia, mas ela foge, eu a vejo mas a agulha não entra e eu preciso colocar sangue em suas veias.

— Eu não sei o que está havendo...

— Eu sei, faça o de costume Noemi.— O garoto alto entra na sala e tranca a porta.

— Olá Robian!

— Vá fazer o que eu disse e nos deixe a sós!

— OK.

  Eu acho que fiquei com cara de tonta, porque ele está rindo de mim agora. Adimito, fiquei surpresa com a forma que ele falou com ela, parecia que era dono dela.

— O que ela faz de costume? — Estou curiosa.

— Você está ficando como eu, não vai entrar sangue pelas veias, você vai ter que beber.

— ECA! Não vou beber sangue. Vai que tem alguma bactéria no sangue, eu vou ficar doente!

— Primeiro; Você está morta, não vai ficar doente. Segundo; Você precisa se alimentar, ou vai apagar outra vez e não acorda mais.

— Mas eu comi um sanduíche em casa...

— Qual foi a parte de "você se alimenta de sangue" que você não entendeu?

— Mas eu ainda posso comer comida.

— Pode, mas se você comer e tiver sangue humano no seu organismo, você vai ficar cada vez mais velha.

— Como isso funciona?

  A porta se abre e a enfermeira ruiva entra, nos entrega duas garrafas, e sai da sala.

— Toma isso e depois eu explico.

Esse troço é melequento, meio salgado e sem gosto ao mesmo tempo, é estranho mas parece que a fome e o vazio que estava dentro de mim sumiram.

— Ei irmãzinha... deixa um pouco para depois. Só podemos vir aqui uma vez por semana.

— OK, agora me explica essa coisa toda, por favor.

— Tudo bem, por onde você quer que eu comece?

— Fala sobre você, como você ficou assim e o que sabe sobre isso...

    Robian

  Eu não sei por onde começar, mas vou contar o que descobri. Nossos pais queriam filhos, mas a mãe não podia engravidar.

— Por que?

  Nosso pai era casado antes de se juntar a nossa mãe. A mulher dele era bruxa, nossa mãe se envolveu com um homem casado, então a bruxa fez uma maldição para nossa mãe quando descobriu que estava sendo traída. A maldição não afetou a mãe mas sim ao ventre dela, o selando para sempre.

Pelo o que eu soube, ela fez todos os tipos de inseminação artificial, fez de tudo para ter um bebê, mas nada adiantou.

  Nosso pai, um homem influente e conhecido, se lembrou de um amigo mago que lhe devia um favor, e ele foi cobrar.

A verdadeira doença após a morteOnde histórias criam vida. Descubra agora