Estações

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Rosas, camélias, lírios, margaridas, Primeva nasceu na primavera, entre o chão fofo de terra fértil e aquela belíssima plantação das mais diversas flores. Abençoada pelas fadas, nascera delicada como uma flor, traços finos, cabelos louros, sorriso fácil, suas gargalhadas eram contagiantes, não havia um único ser, entre céus e terra, que não tivesse adoração pela garota. Nem os insetos ousavam lhe fazer algum mal, como se a garota fosse a personificação em terra da estação florida.
Era tão amada e querida, iluminava tudo e todos, não importava onde estivesse, era muitíssimo feliz. Mas as estações mudam, o outono chegou, e primeva se apaixonou pela estação, sabia que a morte de suas flores nada mais era que o curso natural das coisas, tudo havia que morrer para renascer, de outra forma, de um novo jeito. Primeva ansiava, com toda expectativa inocente, que como os pássaros ela encontrasse seu par. Otávio chegou em sua vida tão lentamente quanto a mudança de uma estação, Primeva pensara que o outono seria confortável, a chuva que as flores precisam para florescerem, mas esqueceu-se que o outono era a estação da queda; como todas as flores fazem, Primeva caiu ao chão, tocou o solo e, esperando que fosse florescer novamente, Primeva aceitou.
Meses passaram, o inverno chegou, Primeva não mais existia, não mais sentia, não mais podia florescer a luz com a qual foi abençoada. Mas as estações mudam, Vera chegou em sua vida e mostrou-lhe que o sol, quando não ardente, pode trazer a luz que as flores úmidas e murchas precisam; Primeva reergueu-se, sempre achara que se parecia muito com um lírio, mas era um girassol, que no verão sente-se ainda mais iluminado.

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