Ammortential

Lagum

Amarelo era a sua cor, sim, era. Feliz e vibrante como o Sol, mas ansiosa e impulsiva, Beatriz era, sim era. Não aguentava esperar, dezesseis anos os disseram, dezesseis, a idade que sua alma gêmea seria revelada. Não aguentava mais, doze ela fez, apenas mais quatro, quatorze ela fez, dois, quinze ela fez... Argh, isso é ridículo, por qual motivo dezesseis? Por qual motivo não poderia encontra-lhe com quinze? Oras, não, não, não, o pulso, checava-o todos os dias, qual o problema, um nome, somente um nome, o que custava?
Quinze e nove meses, iria enlouquecer, droga de dezesseis, farta de tudo, aos quinze e dez meses resolveu sair em busca dele, são almas gêmeas, iriam se reconhecer. Escondida, na calada da noite fora em direção ao estábulo, suas vestes arrastavam-se tocando o chão empoeirado. Montou em seu cavalo, Raio iria ser perfeito, galopou até onde pôde em uma estrada vazia, ao entardecer resolveu parar, dar água ao seu animal e refrescar-se no lago. As águas estavam límpidas, não haveria risco, tirou apressadamente suas vestes, prendeu o cavalo próximo o suficiente do lago para que ele bebesse, deu um nó mal feito e entrou na água gelada sentindo seu corpo relaxar gradativamente.
Seus músculos afrouxaram e sua pele suada e ardida pelo tempo de exposição ao sol sentiu-se revigorada, seu objetivo estava próximo, podia sentir, sentia até mesmo um formigamento em seus pés, cada vez mais forte. Até que começou a sentir a água ao seu redor mais alta em seu corpo, estava afundando, logo não pôde sentir mais o sol em sua cabeça, nem o ar em seus pulmões, abriu os olhos, estava leve, como nunca antes, focou sua visão no rapaz à sua frente, era belíssimo, radiante como a Lua, vestia um azul pálido , mas parecia decepcionado de alguma forma.
- Se tivesse me esperado, eu estava em seu castelo, havia acabado de chegar para um baile, se ao menos tivesse aguardado mais três meses, eu seria teu, agora condenou-me a viver só para o resto dessa vida.