Glória, desejo, poder, morte, tudo o que compõe, tudo o que destrói, conheciam-se a muitas luas, reconheciam-se em suas sombras, e foi sob a luz da lua planejado, sob a luz da lua executado, sob a luz da lua tomado, o vento soprava forte no castelo, o cheiro de todo o sangue no chão e nas paredes de pedra e madeira maciça, nem mesmo todas as flores que cercavam o que agora era seu castelo, nem mesmo os lapsos de sanidade que ainda restavam a ela, resto, uma boa palavra para a dama que vestia escarlate, um vermelho quase tão vivo e sombrio quanto o sangue que pingava de suas mãos, ela deseja tudo o que poderia ter, glória, desejo, poder, mas a morte, a morte nunca foi seu desejo, pelo menos não a sua própria, e apesar de tudo o que conquistara, não sentia-se verdadeiramente viva, "Que seja, eu agora tenho um trono, um reino meu, súditos que irão me amar, me idolatrar, me temer." E ainda sim, não parecia o bastante, ela sabia que não era, ela ansiava por mais, muito mais, sempre mais, seu vazio não fora preenchido nem mesmo com o amor que tivera compartilhado com ele. " O rei - disse em desprezo- O rei não foi capaz de dar-me, de saciar-me...então que seja". E assim foi, reinou no trono tomado, por muitos anos, invandindo, matando, sodomizando, ceifando, sua sede nunca extinguida, se não pelo amor, que seja pela perda então,e a dama escarlate morreu, insana, seus súditos iriam comemorar sua partida, ela sabia, sabia também que por mais que tentasse, por mais que desejasse, inútil seria lutar, sua mente estava perdida a eras, quase tão perdida quanto a dama que, honrando o próprio nome, engasgada em seu próprio sangue, morreu enfim, vendo o seu trono, tomado por outra.
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Ammortential
Misteri / ThrillerO teu amor foi assim, ardido, vasto, tão imenso quanto o oceano, tão leve quanto as pétalas das flores que me trazia no alvorecer da primavera, tão bonito quanto os contos de fadas que minha querida mãe contava-me ao pé da cama no cair da noite, mas...