prologue

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Guess you didn't know that you were my favorite entertainer
I watch you, I laugh with you, fuck with you
Don't you take me for a fool
In this game, I own the rules
You were my favorite entertainer






- Nós já não somos as mesmas há muitos anos. Eu não amo mais você, eu amo ela.

As palavras de Adellyn não me saiam da mente, eu podia ouvir sua voz em tempo real, fria, distante, sem sentimento nenhum por mim que não disse pena. A dor também era real, mesmo depois de tantos meses ainda era a mesma. Algo similar a dor física, algo que me machucava desde o abrir dos olhos pela manhã até o fechar pela noite. Adellyn foi a única mulher que amei de verdade e a única que quebrou meu coração tão sem piedade. Por quê?

Respirei fundo e tirei os óculos deixando- o na mesa, em cima de alguns documentos que eu tinha que assinar. Minha cabeça estava explodindo de dor, acho eu que o motivo sejam as lembranças daquela noite que não saem por nada da minha cabeça. Um belo dia achei que o whisky podia ajudar, patética essa minha idéia. Vomitei até às tripas naquela noite. Meu irmão nunca me xingou tanto.

Trabalhar me ajuda, costuma me distrair, o tanto de contratos que eu tenho que analisar todos os dias me fazem esquecer, por pouco tempo, como hoje. Terminei mais cedo meu trabalho e então pude me dar ao luxo se ter lembranças dolorosas, e me perguntar aonde foi que eu errei com Adellyn para que ela deixasse de me amar, e também por que, mesmo depois de cinco meses eu ainda me lembro disso com tanta dor.

- Jeed, boa tarde. - meu irmão saudou animado, entrando no meu escritório.

- Olá. - disse com desânimo, tentando sorrir.

Meu irmão percebeu minha tristeza, ele me conhecia bem como ninguém, até melhor que eu mesma.

- Pensando nela de novo? - perguntou, seus olhos foram diretamente para o anel de noivado que ainda estava em meu dedo.

Era uma aliança grande, com um diamante que brilhava mesmo que você olhasse a metros de distância. Mas o valor dele pra mim ia muito além disso, eram as lembranças, o sentimento que eu tinha por ele. Tudo. Por isso eu não conseguia tirar ele, e me pegava olhando para ele em vários momentos do meu dia. Parece patético, mas é uma forma de ter ela perto de mim.

- Está assim tão óbvio?

Meu irmão riu e assentiu.

- Já fazem cinco meses. Todos aqui vêem que você não está bem, inclusive Adam. - ele se sentou na cadeira a minha frente.

Adam é o pai de Adellyn e sócio do meu pai. O clima na empresa nunca mais foi o mesmo desde o nosso término, até a amizade dos nosso pais parece ter ficado abalada depois disso.

- Sinto muito por eles. - dei de ombros, ainda olhando para o anel.

- Joga essa porra fora. - disse com desdém, se referindo ao anel.

- Ele é caro demais pra isso. - respondi.

- Então vende. Ele vale pelo menos uns cinco mil. Da pra comprar algo melhor com o dinheiro. Reforma a cozinha do seu apartamento, sei lá. - ele deu de ombros.

- Seth, você sabe realmente quanto custa a reforma de uma cozinha? - olhei para ele, meu irmão negou com a cabeça. - Eu devia imaginar.

- Mas sei quanto custa a entrada daquela boate, dangerous woman. - ele riu com malícia, passando a mão em seu cabelo, jogando para trás.

- Então é isso que você faz quando não está na faculdade? Procura por putas? - indaguei com um tanto de desdém. - Eu não preciso disso. - me levantei indo até a máquina de café expresso pequena que fica em minha sala.

- Mas precisa olhar para um anel que sua ex que te traiu te deu. - rebateu e se levantou, diante daquilo eu me vi sem argumentos, então me calei. - Vou sair com alguns amigos. Tchau, Jeed. Vê se melhora esse humor e sai dessa vibe nefasta.

Seth caminhou até mim e beijou o topo da minha cabeça, apoiando meu rosto em suas mãos. Apesar de ser meu irmão mais novo ele cuida e me protege como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo, e por isso, somente por isso, e por ter ficado sem argumentos, eu não o mandei para o inferno naquele momento. E no fim das contas, Seth estava mais do que certo. Beijei seu rosto e o observei sair do meu escritório devagar.

- Mais tarde eu te ligo! - gritou já do lado de fora.

- Ok. - respondi tão baixo que nem eu consegui me ouvir direito, e bebi um gole do meu café expresso, caminhando de volta para a minha mesa.

...

Sozinha, eu fico assim todos os dias. A casa vazia com lembranças dela, parece que eu ainda sinto o cheiro do seu perfume pela casa. De alguma forma, tudo me faz lembrar dela, e isso é angustiante. Talvez eu tenha me tornado dependente emocionalmente dela, só isso explica essa tristeza que eu sinto desde que ela se foi, esse vazio. Eu queria tanto me apaixonar de novo, esquecer ela, me sentir amada, ter alguém não me troque, mas ao mesmo tempo eu acho que deveria aproveitar um tempo para mim mesma.

Seth me disse isso uma vez, que antes de amar alguém outra vez eu deveria aprender a me amar, e não ficar tão dependente emocionalmente de alguém mais uma vez. Ele tem razão. Mas por que, Adellyn não me sai da cabeça? Eu não aguento mais pensar nela. Grunhi de raiva e arranquei a aliança do meu dedo jogando num canto qualquer do apartamento. Não vou ficar mais uma noite sofrendo, sozinha nessa casa cheia de lembranças dela, eu preciso esquecer Adellyn, quero isso como nunca quis nada na vida.

Coloquei a televisão no mudo e me ajeitei no sofá, colocando o balde com pipocas que estava sobre minhas pernas ao meu lado. Peguei meu celular e liguei para Seth. Caixa postal. Respirei fundo e liguei mais uma vez. Caixa postal. Respirei fundo mais uma vez e resolvi tentar por uma última vez, se não desse certo eu iria tentar uma forma de me animar sozinha dentro desse apartamento, nem que fosse fazendo faxina. No terceiro toque meu irmão atendeu. Sorri.

- Seth, você ainda quer me levar pra sair com você? - perguntei.

Por incrível que pudesse parecer para mim, Seth estava num lugar silencioso, o único som que eu podia ouvir mais ao fundo era o da televisão.

- Tá brincando? - Seth indagou parecendo assustado, me fazendo dar risada. - Jade Amélia Thirwall, tá querendo ir pra boate, logo você que não precisa de putas?

Dei de ombros mesmo que ele não pudesse ver.

- Quero distrair a mente com qualquer coisa, Seth. Não aguento mais pensar da Adellyn. - disse, tentando evitar de me sentir triste novamente.

- Seu pedido é uma ordem. Passo aí em meia hora. Preciso ficar cheiroso pra elas. - disse me fazendo rir. - Vou te apresentar uma amiga que fiz lá.

- Amiga? - franzi o cenho, estranhando aquela nova informação.

- Um anjo de olhos azuis.






















dangerous woman • concluída Onde histórias criam vida. Descubra agora