Capítulo 21

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Respiro fundo e viro para encarar Santoro. Analiso o homem a minha frente. Olheiras profundas denunciam noites mal dormidas, seu cabelo está desgrenhado, sua barba a dias que não vê um barbeador.

— Nossa, você está horrível – faço uma careta.

— Podemos conversar? – pede quase como uma súplica.

— Não temos nada para conversar. – viro novamente para o balcão e bebo resto da bebida de uma vez – mais um pouco Billy. – sinalizo.

Santoro encosta a mão no meu ombro.

— Por favor, Kisa. – praticamente implora.

— Tudo bem. – suspiro fundo – volto já – falo para Nicolas e sigo para fora do bar acompanhada de Ian.

Caminho pelas ruas quase sem luz do local. Algumas pessoas vendem drogas nas esquinas e outras se drogam nas ruas. Aqui é o verdadeiro submundo. Tudo de pior que existe em Sicília está exatamente aqui, nesse território.

Entro em um beco com pouca iluminação e encosto na parede cruzando os braços.

— Me dê um bom motivo para não te matar aqui mesmo. – Santoro engole seco.

— Quero pedir perdão. – começa – Fui um estúpido, idiota. – ele anda de um lado para o outro seguidas vezes – não tenho consigo dormir, comer direito.

— Dá pra ver – faço uma careta enquanto meus olhos passa novamente por todo seu corpo.

— Eu quero poder te ajudar....

— Não. – Interrompo – Você quer aliviar sua consciência. Concertar a besteira que fez para conseguir dormir a noite. Caras como você são sempre assim.

— Caras como eu? – um ponto de interrogação se forma.

— Certinho demais. Quando fazem algo de errado ficam loucos para concertar e deixar sua mente tranquila....Se preocupam demais. – explico.

Ele se aproxima ficando apenas alguns centímetros longe. Uma de suas mãos encostam na parede perto da minha cabeça.

Meus sentidos apitam para me afastar o mais rápido possível mas meu corpo diz o contrário. Meus olhos estão presos aos dele. Uma tensão se instala entre nós.

— Você não sai da minha cabeça nem por um segundo sequer. – uma de suas mãos passam pelo seu cabelo – Isso está muito além do que peso na consciência. – diz sem desviar o olhar.

Sou surpreendida por um beijo. De início penso em recusar, jogá-lo para longe, cortar seu amiguinho e enfiá-lo no seu próprio rabo. Mas acabo dando passagem para sua língua entrar na minha boca.

É um beijo rápido, desesperado, cheio de desejo e saudade. Rapidamente meu corpo reage suplicando por mais.

Interrompemos o beijo por falta de ar.

— Eu faço qualquer coisa pra você me perdoar. – sinto sinceridade em suas palavras.

— Qualquer coisa? – pergunto com um sorriso travesso. Acabo de ter uma ideia maravilhosa.

— Sim, qualquer coisa. – diz desconfiado.

— Vamos. – pego meu celular no bolso e ligo para Nicolas.

— Está atrapalhando meu flerte. Não diga que matou o doutor e eu vou ter que me livrar do corpo. Toda vez é isso.

— Quando você vai aprender a ouvir hein. – reviro os olhos – me encontra na pista, garanto que não vai se arrepender.

KISA - O perigo tem nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora