Capítulo 29

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A cada minuto dentro desse carro sinto mais dificuldade de respirar. Como não percebi que era uma armadilha? Vitor fez a mesma coisa para nós escaparmos. Fui burra demais, agi pelo sentimento. Quando ouvi sobre Nicolas foi como um start para deixar meu lado emocional falar mais alto.

Mais uma vez deixei minhas emoções passar na frente da racionalidade. Não posso deixar isso continuar acontecendo. Talvez aquele infeliz tenha razão. Sentimentos nos deixa fracos.

Quando chegamos na segurança que tem antes de entrar nos muros da mansão não há nenhum homem. Um pressentimento ruim me invade. Aconteceu algo, posso sentir.

O carro continua até passarmos pelos grandes portões e entrar no território da mansão. O sangue de alguns homens mancham a grama. Não espero o carro parar e já abro a porta saltando.

Destravo a arma e sigo com cautela para dentro da casa. Passo por cima de corpos dos meus homens e também do inimigo. Parece um verdadeiro campo de batalha. Houve uma grande troca de tiros aqui. Caminho para cozinha, é lá que deixei Maria antes de sair. Que ela tenha entrado dentro do cofre.

Quando atravesso a porta da cozinha meu corpo congela imediatamente. Levo longos minutos para conseguir me mover.

Maria está caída no chão. Há muito sangue em sua volta. Aproximo e verifico sua pulsação. Não há, não há pulso, não há. Ela se foi.

Sento perto dela e coloco sua cabeça no meu colo e passo a mão pelos seus fios brancos. Não consigo derramar nenhuma lágrima ou gritar. Meu corpo está em choque, paralisado.

Maria foi minha mãe. Me dava bronca quando era preciso mas me ajudava escapar de algumas do Alejandro. Me deu amor, carinho, algo que imaginei que fosse incapaz de receber.

Sempre esteve lá por mim. Foi ela que cuidou de mim quando estava doente ou quando chegava machucada dos treinos da máfia. E agora seu corpo está sem vida, por minha culpa. Essa briga era entre mim e ele. Maria não tinha nada com essa droga da minha vida. Nunca fez mal a ninguém. Não merecia partir assim.

Tiro sua cabeça do meu colo. Movo para ficar do seu lado e olho seu rosto uma última vez. Passo meu indicador no seu sangue presente no chão e depois passo na palma da minha mão, fazendo uma linha de sangue no centro.

— Eu vou vingar o que fizeram com você Maria. Descanse em paz. – deposito um beijo na sua testa e levanto.

Nicolas entra no cômodo. Quando seus olhos encontram o corpo dela posso ver lágrimas brotarem. Ele corre em direção.  Assim como ela era importante para mim, ela também foi para ele. Maria cuidou dele desde que nasceu.

Saio da cozinha completamente destruída internamente, mas disposta a cumprir minha promessa.

— Kisa? O que aconteceu? – Alejandro pergunta ao ver meu estado.

— Maria se foi. – o homem arregala os olhos e nega com a cabeça.

— Não pode ser. Não, ela não pode ter ido. Ela deveria estar dentro do cofre. – desvio o olhar. Alejandro saí em disparada para a cozinha.

— Caleb chame reforço do quartel. Revise todas as câmeras de segurança. Quero todas informações possíveis e as impossíveis desse bastardo filho da puta.

— Sim senhora. – confirma e sai.

Subo para meu quarto encontrando tudo em perfeita ordem. O que vieram fazer aqui? Não tem nada revirado, o que significa que não estavam procurando algo.

Observo cada canto do meu quarto e imagens de Maria vem a minha mente. A vejo em todo canto e esse foi meu gatilho para perder o controle. Minha ficha finalmente caiu. Nunca mais vou vê-la.

KISA - O perigo tem nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora