KISA - O perigo tem nome

Capítulo 34

Abro os olhos percebendo que o dia já começou. Hoje começaria o início do inferno para Enrico. Não fui atrás dele ainda porque precisava desse tempo para recompor e depois que entrar naquela sala de tortura só vou sair quando Enrico estiver entregue nas mãos do diabo.

Ainda não estou bem, aliás a dor de perder alguém especial não se vai tão rápido. Mas estou melhor para enfrentar as provocações de Enrico e finalmente o fazer pagar por tudo.

Sinto a respiração de Nicolas no meu pescoço. Seus braços estão jogados na minha cintura. Viro devagar com cuidado para poder observar seu rosto enquanto dormia.

Seus cabelos loiros bagunçados, sua cara amassada contra o travesseiro o deixava ainda mais bonito. Nicolas se tornou um homem incrível, tenho orgulho e sorte de ter alguém assim ao meu lado.

Ele está dormindo tão bem, sereno. Mas precisava acordá-lo. O enterro seria as dez, mas antes teria uma cerimônia de despedida.

Passo meus dedos sobre seu rosto de modo que faça cócegas. Não demora muito para olhos azuis me encararem. Pessoas com a vida como a nossa não pode ter o luxo de ter um sono pesado.

— Bom dia. – sussurra com a voz grave e ainda sonolenta.

— Bom dia. – sussurro também – precisamos ir.

— Precisamos mesmo? – fala triste.

— Infelizmente.

— Queria poder ficar aqui e esquecer de todo o resto.

— Não imagina o quanto queria isso. Mas temos que enfrentar nossos problemas não é? “Nunca fuja,.....

— Um vencedor só é um vencedor porque permaneceu lutando.” – completa a frase que Alejandro sempre dizia nos nossos treinamentos. E acabamos sorrindo.

— Agora levanta, anda. – em um movimento rápido sento na beira da cama, pronta pra levantar e ir fazer minha higiene matinal, mas sou puxada para trás por braços fortes me fazendo cair com tudo em cima dele. – aí Nicolas! – finjo estar irritada.

— Eu poderia ficar aqui pelo resto da vida. – solta a respiração.

— Também, mas infelizmente não temos essa opção. – falo olhando para o teto.

— Então vamos. – diz derrepente. Ele se levanta rapidamente e me pega no colo como si eu fosse uma boneca. Caminha comigo a passos largos até o banheiro, abre o chuveiro e entra comigo debaixo daquela água congelante.

— Você me paga. – passo a mão no rosto tirando a água.

— Nunca ouviu falar que água fria é o melhor despertador. – um sorriso divertido passa por seus lábios.

— E nunca ouviu falar que um belo nocaute é uma ótima forma de fazer alguém dormir? – ironizo.

— Para que tanta violência tão cedo. – vira para fechar a água fria e abrir o quente – Pronto. Agora vem. – me puxa pelo braço me fazendo bater contra seu peito.

Dou um passo para trás para tirar a camisa e o short. Nicolas faz o mesmo, tira suas roupas permanecendo apenas de cueca. Aproximo novamente dele e sou envolvida por seus braços.

Permanecemos em silêncio, abraçados debaixo do chuveiro por um tempo.

— Hoje vai ser um dia difícil. – Nicolas quebra o silêncio.

— Assim que passarmos pela porta vamos ser atingidos por uma onda de acontecimentos. – digo pensando em tudo que aconteceu nas últimas horas.

— Mas vamos estar juntos. Isso que importa.