Capítulo 28

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Já havia passado duas semanas e três dias desde que voltei para Silícia. Realmente fraturei algumas costelas, o que está me custando longos dias de repouso que mais parece uma prisão. Maria, minha mãe, Nicolas, Alejandro e até Santoro ficam o tempo todo em cima de mim para não fazer nada que seja arriscado. Não aguento mais ficar parada.

Aconteceu algumas coisas nesses últimos dias. Depois de conversar com Alejandro, percebi que estava sendo um pouco dura com minha mãe. Então tive uma conversa bastante esclarecedora com ela e estamos bem. Abri uma brecha para nos conhecermos novamente. Apesar dela continuar a mesma pessoa de sempre, eu mudei muito ou melhor, virei outra pessoa.

E falando dela, notei uma aproximação considerável entre ela e Alejandro. Eles tentam disfarçar mas nada engana meus olhos. E sinceramente acho ótimo. Alejandro é um homem incrível, minha mãe merece ser feliz depois de tanto sofrimento.

Santoro também se aproximou um pouco mais. Não só de mim, mas da minha família. Parece que todo mundo aprova o bom Samaritano e até defende ele. Acreditem ou não, praticamente todos os dias ele está aqui na mansão. A princípio não gostei nada dessa aproximação, não estava a fim de deixar ninguém mais entrar na minha vida e ainda não estou. Mas acabei me dando por vencida depois de longas conversas com os “terapeutas da casa”.

E sinceramente estou feliz. Pela primeira vez ouvi conselhos e saí um pouco da defensiva e estou bem com a decisão que tomei. Não digo que estou apaixonada por ele porque não estou. Só estou curtindo o momento. Ficar perto de Santoro me faz sentir como se eu fosse uma pessoa normal, mais leve, segura. Não sei o que acontece mas me sinto bem com ele.

Porém algo tem me incomodado esses dias, alguma coisa me diz que essa felicidade é apenas momentânea. Até porque Yakuza ainda está a solta. Dois dias atrás a máfia conseguiu capturar um membro da Yakuza, ele estava vigiando um dos quartéis. Antes de ser capturado se matou ao ingerir veneno. Essa é a marca da Yakuza, ninguém é capturado. Os membros tem que estar preparados para morrer acaso sejam apanhados para evitar qualquer vazamento de informações para o inimigo.

Depois desse ocorrido nenhum sinal mais de Yakuza. Sumiu como fumaça. Também não há sinal de Enrico e Mazzini. Já que meu único infiltrante agora está comigo, não faço a mínima ideia de qual será o próximo passo daquele crápula.

E quanto a Mazzini, está sumido desde o nosso último encontro. Acredito que ele esteja junto com Enrico. O bastardo é tão filho da puta que nem se preocupou em alertar a família ou tentar tirar todos do país. Simplesmente não voltou deixando todos a deriva.

A Cosa Nostra capturou todos os Mazzini, independente do grau parentesco. Todos foram torturados na tentativa de obter informações, mas ninguém sabia nada sobre a traição do dele. Mesmo assim, todos pagaram pelos erros cometidos por ele, foram mortos depois de passar dias sendo torturados.

Agora são quatro da tarde de uma sexta-feira. Alejandro está no escritório tratando de alguns assuntos. Minha mãe saiu para sua consulta com a psicóloga. Alejandro insistiu que ela fizesse acompanhamento profissional para ajudar a superar toda tortura física e emocional que ela sofreu ao longo dos anos. Ele também queria que eu fosse mas nunca que iria, talvez na próxima vida.

Agora estou na academia, comecei a voltar meu treinamento a três dias atrás. Preciso estar em forma novamente, não aguento mais ficar parada nessa mansão enorme. Necessito de adrenalina correndo nas minhas veias urgentemente.

— Não devia se esforçar tanto. As fraturas na costela demoram no mínimo 4 semanas para se reestabelecer. – ouço a voz de Santoro atrás de mim.

— Você não lembra das minhas fraturas quando está se enfiando dentro de mim. – falo e continuo a levantar o peso, ignorando a dor que se acomoda. Não preciso nem olhá-lo para saber que seu rosto está corado.

KISA - O perigo tem nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora