Incondicional (LS|ZM)

Namorado e melhor amigo

Certa tarde, Louis e Anne estavam sozinhos em casa. Depois de meses de terapia o garoto finalmente se sentia disposto a selecionar uma boa quantidade de roupas e entregar para doação, além disso, havia duas semanas que não comprava uma única peça de roupa, o que para ele era uma grande vitoria. É claro que receber uma mesada de 20 libras por mês ajudou no processo de auto controle, mas Louis tinha seus créditos. Eles conversavam enquanto escolhiam em uma pilha que parecia infinita quais roupas iriam e quais ficariam:

- Então, você finalmente conseguiu ficar com meu filho, não é? - disse Anne.

Não fazia muito tempo que os meninos contaram a ela sobre o namoro Entretanto ainda não teve a chance de conversar a sós com Louis até então. Na época que soube, Anne agiu com toda naturalidade, afinal já era de se esperar que cedo ou tarde isso fosse acontecer e ela sempre foi muito tranquila em relação a vida amorosa dos filhos, desde que conhecesse os pretendentes antes e estes revelassem uma boa índole. Não viu problemas quanto aos garotos morarem na mesma casa e terem uma vida sexual ativa; ambos estavam na idade para isso e desde que mostrassem responsabilidade para lidar com um relacionamento sem impactar em suas outras atividades, não havia motivos para dramas entre eles. Não é porque gravidez e doenças venérias não eram um impecílio para os dois que eles iriam batizar a casa inteira e esquecer o resto do mundo.

O garoto demorou a responder. Primeiro ele tentou achar uma explicação para o sorriso cínico nos lábios Anne.

- Ah não! - riu ao se dar conta do que era - Eu não acredito que você lembra daquilo!

- "Ele só tem onze anos, Louis" "Não tem problema. Eu espero" - respondeu ela tentando imitar a voz do garoto naquela idade - Confesso que não esperava por essa.

O garoto riu desconcertado com as bochechas rosadas.

- Coincidências. Eu não era apaixonado por ele naquela época, ele era só um garotinho.

- Sim, e você era um homem maduro e equilibrado com uma leve penugem no rosto que pretensiosamente chamava de barba - debochou.

- Ah, me deixa em paz! Você entendeu. - tentou parecer aborrecido, mas acabou cedendo com um sorriso de canto.

Suspirou logo depois, com o sorriso se desfazendo. Mais duas camisetas foram colocadas em um saco preto quando Louis quebrou o breve silencio:

- Eu só espero não estragar tudo. - confessou - Harry é incrível. O tipo de pessoa que não se encontra igual, nem em um milhão de anos.

- E você não é?

Anne cruzou os braços e o encarou com uma expressão não verbal que dizia "Cuidado com o que vai responder" e Louis sabia que se dissesse qualquer coisa que o inferiorizasse ele iria ouvir, e muito.

- Você sabe o que quero dizer, Anne. - respondeu fugindo da eminente bronca. - Eu quero ser pro Harry tudo o que ele tem sido pra mim.

- Eu tenho certeza que só de estar com ele, saudável e feliz, já o satisfaz, querido. - disse ela.

A mulher mostrou a ele um jeans escuro com rasgos nos joelhos e Louis permitiu que fosse colocado no saco. Todas as peças de roupa que ela pegava, primeiro passavam pela avaliação dele antes.

- Agora, tem uma coisa que eu ando querendo conversar com você há um tempinho. - disse ela.

Louis sentiu um frio na barriga. O tom de voz de Anne não inspirava preocupação, ela quase sempre tinha um falar paciente e suave - a menos quando os meninos passavam tempo demais na rua ou não respondiam suas mensagens - mas mesmo assim o menino não pôde deixar de se sentir um pouco ansioso.