A melhor das intenções

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A garantia que Harry tinha de que a noite daquela festa não foi um dos seus sonhos eróticos sem noção era o bilhetinho que Louis deixou sobre o criado mudo no lado da cama onde o mais novo adormeceu pós orgasmo:

"Minha mãe me ligou e tive que sair correndo. Você dormia tão gostoso que não quis interromper. Espero que tenha sido tão bom pra você quando foi pra mim.

Com amor, Louis."

Como impedir o coração de se apaixonar diante de um cenário tão perfeito como esse? Não bastasse esse pedaço de papel, Harry não bebeu uma gota de álcool e lembrava com detalhes de tudo o que aconteceu. Após ser deixado em casa pelos amigos Liam e Zayn, o garoto pode deitar em sua cama e repassar aquela quase uma hora no quarto alheio com Louis. Dizem que na primeira vez sente-se muita dor e constrangimento, mas Harry só lembrava de todo o prazer que sentiu em cada toque, quando aquelas mãos puxaram seus cachos erguendo-lhe a cabeça e expondo-lhe o pescoço para que Louis saboreasse com seus lábios finos e macios. O mais novo ainda ouvia a voz suave do mais velho a sussurrar "Posso marcar você?" e Harry permitir, assim como permitiu que Louis descesse por seu tronco até o abdômen, pélvis e o sexo em seus mínimos detalhes, ao mesmo tempo que o despia instigando o desejo até que não houvesse pudores que travassem o jovem inexperiente; Louis foi mais que o perfeito amante, alternou o desejo carnal com carinho. Fez Harry se sentir desejado e querido, sem dizer elogios cretinos ao corpo do mais novo, mas mostrando com toques e gemidos que o cacheado era único. Teve calma para ensinar quando Harry cismou que queria provar o gosto de seu sexo, compreensão para seguir o ritmo do mais novo e só chegou ao orgasmo quando o outro estava totalmente satisfeito.

Assim, depois de recordar tudo isso, o garoto de olhos verdes adormeceu acreditando ser o garoto mais sortudo do mundo.

...

Louis não deixou nenhum número de telefone e todo mundo na escola sabia que o garoto, apesar de geek, não tinha conta em nenhuma rede social. Harry também não se lembrou de deixar algum contato com o garoto, mesmo que fosse e-mail - pessoas ainda se comunicam por e-mail? - ou nick do skype, algo do tipo. Se não fossem do mesmo colégio era capaz de nunca mais entrarem em contato, virtualmente ou não. O problema é que na segunda feira, quando as aulas voltaram, tudo voltou ao normal do jeito errado. Não houve troca de olhares, Louis estava mais inacessível do que antes; não saiu para comer no intervalo, chegou atrasado e saiu mais cedo evitando que Harry conseguisse encontrá-lo e nos dias seguintes continuou ignorando a existência do mais novo. Não foi por falta de tentativa, porque Harry de fato correu atrás dele, ensaiou na frente do espelho o que dizer, preparou um discurso todo bonitinho, mas no instante em que via o mais velho as palavras sumiam, as mãos ficavam molhadas, a barriga gelava e o cacheado merecia uma medalha de honra ao mérito por conseguir continuar de pé e caminhar sem parecer que alguém havia arrancado seus ossos e colocado borracha no lugar. Louis simplesmente não facilitava, evitava contato visual, evitava qualquer tipo de contato na verdade. Harry trazia no bolso o bilhete daquela noite e cada vez que era ignorado voltava a lê-lo, de novo e de novo só para ter certeza de que tudo aquilo foi real.

Pensou ter feito algo de errado e que Louis não falou nada no dia porque era educado demais ou algo assim. Repassou a noite seguidas vezes em sua mente tentando lembrar onde errou, mas não encontrava nada. Não saber o que tinha acontecido doía mais que a saudade daqueles olhos voltados para ele, daquele sorriso o fazendo sorrir, do abraço, do toque, dos beijos e sobretudo de conversar com ele. Estar apaixonado podia ser uma droga.

Dias se passaram. Na sexta feira Harry estava miserável por dentro, lutando contra a vontade de chorar sempre que Louis passava por ele como se não o conhecesse, como se o cacheado não fosse mais "o garoto de cachos irresistíveis" que o outro lhe dissera na semana anterior. Perdeu todo interesse que poderia ter nas aulas, sorte a dele as provas estarem longe ainda. Comeu mal e vivia ansioso, aflito. Não quis contar a ninguém o que estava acontecendo, bastava a vergonha que sentia de si mesmo pela humilhação que passava e ainda tinha certeza que ninguém, nem Liam, entenderia.

Incondicional (LS|ZM)Onde histórias criam vida. Descubra agora