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Bárbara

O jantar está marcado para hoje à noite, e não há nada que
me faça esquecer isso.
Não sei porque estou tão ansiosa para este jantar, nada
demais vai acontecer nele.

Pelo menos nada de novo. Mas
não consigo me acalmar, agora minha mãe acha que eu
gosto do Victor e tenho certeza que ela vai ficar o jantar todo me observando para ver como me comporto perto
dele, e este é o problema.

Não sei como me comporto
perto dele, e depois de tanto tempo pensando nele, não
creio que será de um jeito normal ou discreto.
Quando chega a hora, coloco um vestido longo azul de
tecido fino com sapatos de salto e desço para receber os
convidados.

Desta vez o jantar não será algo simples como foi das útimas vezes.
Algumas outras dezenas de pessoas
virão jantar junto com a minha família e a do Victor.
Provavelmente são pessoas importantes que trabalham
com nossos pais, mas não posso dizer com certeza.

Quando a sala já está cheia de gente e o barulho das vozes começa a ficar alto, vou para a cozinha, onde não tem
ninguém.
Victor ainda não chegou, mas quando chegar preciso
achar outro lugar para me esconder.

Querendo ou não,
esta cozinha se encontra com uma alta circulação de
pessoas, e ele pode passar por aqui facilmente. Ou ele ou
a minha mãe, e com certeza não quero nós três presos no
mesmo cômodo.

Não tenho a resposta certo do porquê que estou tão
inquieta em ver Victor, já o vejo quase todos os dias em diversas situações ou posições diferentes.

Talvez seja diferente para mim poder conversar com ele
normalmente na frente das pessoas.
E claro que eu posso
fazer isso na escola, mas lá temos muitos olhos e ouvidos
atentos na vida dos outros, e aqui não, aqui as pessoas se
preocupam com contratos enormes e mais trabalho.

Ou talvez eu apenas não queira que minha māe esteja certa.
Fico por lá por mais alguns minutos, mas sou obrigada a
ir para a sala quando minha māe me encontra e me faz ir
cumprimentar as outras pessoas que acabaram de chegar.

"Se apresse Babj, hoje tudo tem que ser perfeito," diz ela,
logo após dar algumas ordens as cozinheiras.

Saio da cozinha com nenhum ânimo e vou para a sala.
Quando chego lá, coloco um enorme sorriso falso no meu
rosto e começo a conversar com os convidados.

Falo com um por um até chegar nos nossos queridos
vizinhos. Victor e o Sr. Camillo estão conversando com
os meus pais perto da porta de entrada.

Estão todos tão
concentrados e sorridentes que por um segundo acho
que, em algumas horas, nem vão perceber que eu não os
cumprimentei.

Tento fingir que não os vi e ir para outro rumo, mas já é tarde, Sr. Camillo me vë e abre um sorriso, e
acabo tendo que ir até eles.

"Sr. Camillo, como vai?" Pergunto.

Estico meu braço para dar um aperto de mão, mas ele me
puxa e me dá um abraço apertado.
Fico um pouco sem
jeito e quase piso no seu pé, mas felizmente nada de tão
ruim acontece.

"Minha querida," ele chama, segurando em ambas as minhas mãos e me observando.
"É impressionante como
está cada dia mais bonita. Já está uma mulher com este
vestido," ele elogia.

"Muito obrigada Sr. Camillo, mas o senhor deve estar vendo
beleza a mais com todo o seu bom humor," digo, tentando
ser o mais culta possivel.

"E claro que não. Posso estar velho, mas consigo
reconhecer uma peça rara quando a vejo, e você se parece
com uma desde que era apenas um bebezinho."

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