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As pessoas abriam caminho quando eu
passava pelo corredor.
Me olhavam como
se tivessem vergonha de si mesmos, e
aquilo me incomodava.
Não fiz nada para
merecer toda aquela atenção, não sei qual
é o motivo de eu tê-la.

Mas tenho certeza que não é por causa do
meu cabelo preto azulado ou meus olhos castanho mel, isso
já não está tão na moda assim, hoje em dia
você precisa de algo a mais para chamar a
atenção.
Sempre tive muitos amigos.
Desde o
primeiro dia que estudei nesta escola,
consegui fazer amizade com um grande
número de pessoas, e acho que foi um dos
motivos por me tornar tão popular como
sou hoje.
Mas não fiz nada além disso para
merecê-la.

Antigamente, as pessoas gostavam muito
de mim. Mas como nem tudo na vida é
um rio de rosas, muitas fofocas acabaram
surgindo na boca do povo, e mentiras
absurdas eram ditas sobre mim, o que
me fez ser um pouco mais grossa com as
pessoas do que antes, e isso aumentou o
número de pessoas que me odeiam.
Mas aquilo estava afetando minha saúde
mental, não havia como continuar com
aqueles comentários horríveis que
estavam dizendo.

Mesmo que exista muitas pessoas que não
gostam de mim, todas elas me seguem. E
não sei se é por inveja, ódio, ou porque
estão enganando elas mesmas, mas me tornei ainda mais conhecida depois que
comecei a me proteger.

As aulas acabaram de voltar, e esse é o
primeiro dia depois de meses de férias. Eu
ainda não estou acostumada acordar cedo
novamente, mas isso não me impede de me
maquiar ao menos um pouco.
Até porque,
eu ganhei o status de popular, e não quero
arruina-lo.
Não vou mentir, gosto muito
disso.
Vou para a sala da minha primeira aula,
que é literatura, e me sento em uma
das primeiras cadeiras.
Nenhuma das
minhas amigas mais próximas fazem essa
aula comigo, então eu mexo no celular
enquanto espero a aula começar.
"Bom dia alunos," o professor Wilson diz ao
entrar na sala. "Antes de começar a aula,
gostaria de apresentar o novo aluno da
escola
para
vocês.
Este é o,
Victor Augusto."
Ele aponta para o aluno que se sentou na
última cadeira da sala.

Ele está de cara fechada e com uma jaqueta de couro velha, que aposto que era de seu
pai, pelo estado que se encontra. Victor
não fala nada, nem da moral ao professor,
e torna o clima da sala mais estranho que
deveria.

"Você não quer se apresentar sr. Augusto?"
O professor Wilson pergunta, mas o
novato apenas rola os olhos e cruza os
braços. "Bom, parece que o dia do nosso
motoqueiro não está tão bom," o professor
brinca tentando amenizar o clima estranho
dentro da sala.

Ele então da continuidade a aula, mas
eu não consigo olhar para frente, meus
olhos permanecem no aluno novo que se
encontra de mal com a vida.
Ele tem cabelos pretos, assim como o resto
de sua vestimenta.
O cabelo tampa um
pouco seu rosto, então não consigo ver
seus olhos, mas posso jurar que sinto seu
cheiro daqui.
Eu quase chego a fechar
meus olhos para que sinta com mais
intensidade, até que seu rosto se vira até
mim.
Ele me olha como se estivesse me avisando sobre algo, mas não diz nada, e
por algum motivo não desvio o olhar.
E
"Sra. Passos," ouço alguém me chamando,
mas não ligo, até que o novato para de
olhar para mim.
"Sra. Passos! Eu te fiz
uma pergunta, onde você estava com a
cabeça?" É o professor.
Me viro para frente
rapidamente e tento recompor minha
postura.
"Sim? Me desculpa professor, ainda estou
em clima de férias, você pode repetir?"
Digo tentando disfarçar o fato de que fiquei
completamente hipnotizada por Victor.
Um aluno logo atrás de mim levanta a mão,
e o professor da a palavra a ele.
"Marcos já
vai falar," ele diz.
Passo o resto da aula escondendo minha
vergonha da turma inteira, principalmente
do aluno novo.
Isso nunca havia acontecido
antes.
O tempo não demora muito para passar, e
logo estou sentada em uma mesa do refeitório almoçando com meus amigos.
"Babi, Babi," minha amiga Suellen me
chama desesperadamente.
"O que foi?"
"Você já viu o aluno novo?" Ela pergunta, e
aponta para ele com a cabeça.
Olho para o lado, e o vejo entrando no
refeitório, e se sentando na mesa mais
vazia do lugar.
Agora consigo ver seus
olhos, que são extremamente cor de mel,
capazes de hipnotizar qualquer um, então
eu não tenho culpa neste aspecto, mesmo
que não tenha conseguido ver seus olhos
naquela hora.
"Sim, nós fazemos aula de literatura
juntos," digo despreocupadamente.
"Porque? Gostou dele?"
"Você não?" Ela diz como se o fato dele ser
bonito fosse óbvio.
"Fiquei sabendo que ele
foi expulso de outra escola, por isso que
está aqui. E isso é ainda mais excitante." "Bom, ele não é grande coisa, já vi alguns
mais bonitos."
"Então por favor, me apresente, porque faz
tempo que eu não conheço alguém assim."
Ela olha para ele como se fosse devora-lo
aqui mesmo.
"Porque não vai até ele? O apresente a
escola," digo empurrando seu ombro na
direção dele.
"Se é que você me entende."
Ela ri e junta coragem para ir falar com
ele. Suellen é muito bonita, seus olhos
são verde, e seus cabelos são cor de ouro,
ela tem cílios de dar inveja, e um corpo
maravilhoso.
Ela com certeza pode ter
quem quiser.
A observo ir na direção dele, mas Nobru
atrapalha minha visão.
"Oi meu amor," ele
me cumprimenta me dando um selinho.
"Estava com saudade."
Antes que eu possa
falar algo, sua língua está dentro da minha
boca mais rápido do que eu poderia contar.
Olho de relance para Victor e Suellen, e vejo que ele está olhando para mim, então
capricho no beijo que estou dando em Nobru.
O agarro com força e passo minhas mãos
no cabelo dele o puxando para perto de
mim.
Nobru passa a mão pelas minhas costas
e vai descendo, e quando chega na minha
bunda, eu me solto dele.
Olho para Nobru , que está bronzeado por ter
ido à praia.
Ele está parecendo um típico
surfista, mesmo que não surfe. Qualquer
pessoa que olhasse para ele, iria ver
seus olhos pretos e seu cabelo castanho mais
comprido que o normal, e já iria saber que
morava na Costa.
"Eu também," digo com um sorriso
malicioso.
Olho novamente para o novato,
que continua me observando, mesmo que
Suellen esteja enchendo os ouvidos dele de
palavras.
E
Volto a atenção para o meu almoço, e tento
esquecer o que acabou de acontecer. Não
sei porque estou fazendo isso, tenho um
namorado extremamente atraente, que me
ama e me respeita.
Porque estou dando atenção para um menino que foi expulso
de uma escola?

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