🦋071🦋

441 40 5
                                    

Babi

Quando chegamos na escola, me despeço de Victor para ir para a minha aula. Ando sozinha. Sem
amigos ou meu namorado ao meu lado, mas ainda sim, saltitante.

Não poderia estar mais animada para o que vai acontecer este final de semana. Não sei o que vai
acontecer quando eles descobrirem.
Não sei se a minha mãe vai ficar surpresa ou se já esperava
que isso iria acontecer em algum ponto das nossas vidas, e não sei se nossos pais vão ficar bravos com a gente.

Mas não acho que isso seja provável, já que eles são sócios. Isso seria apenas mais
uma ligação entre as nossas familias.
Não consigo prestar atenção em quase nenhuma aula da manhã, e agora que estou prestes a sair
para o almoço para ver Victor, não consigo me concentrar em ao menos uma palavra do que o
professor diz, nem mesmo uma. E não é apenas por causa deste final de semana, que não para de
passear pela minha mente.

Mas é também pelos milhares de planos que estou criando para o resto
deste ano.
Quero ter uma vida totalmente diferente da que eu tinha antes. Quer dizer, não totalmente
diferente, mas quero viver de um jeito saudável, e sei que não era esse o jeito que eu estava
vivendo, e posso perceber isso agora.

"Você está bem?" Alguém pergunta.

Paro de bater o lápis na mesa e de olhar para o quadro – por mais que eu não estava prestando
atenção nele, e procuro pela voz que falava comigo.
Uma menina de olhos escuros cabelos com um lado ruivo e o outro loiro  olha para mim em com uma expressão de
preocupação.

Seu rosto está tenso e seus olhos estão concentrados, como se aquilo fosse seu maior
problema agora.
Não sei o porquê dela me chamar agora ou porque me perguntou se eu estou bem, e para ser
sincera, estou com medo de que ela seja apenas mais uma que queira fazer piadas comigo, e talvez seja isso.

Mas no momento não quero ser grossa ou brigar com ninguém.
Ainda mais se ela
realmente se preocupando comigo e querendo se aproximar de uma maneira boa.
Mas enfim, não posso deduzir tudo o que acho dela apenas de três simples palavras.

"Estou... estou bem," respondo, ainda incerta sobre o que ela quer.

"Você parece ansiosa," comenta.

"É normal, eu sou ansiosa."
Não falo muito.

Não sei no que estou entrando agora.
Ela também fica em silêncio. Me observa, esperando eu dizer algo, mas nada vêm a minha mente
que me deixa segura o suficiente para continuar esta conversa entranha.
Não sabia que fazer amigos novos seria tão difícil. Se essa fosse uma situação comum, eu
provavelmente acharia que é uma moleza, mas agora sinto como se todas essas pessoas que
estudam nesta escola fossem me decepcionar, virar as caras, ou me dar outra facada pelas costas.
Exceto por algumas, poucas, é claro.

"Você também parece ansiosa," observo, por fim.

"Não estou."

"Ah..."

As palavras somem da minha boca. Não sei o que dizer para ela. Essa menina com certeza é mais
estranha do que eu.
O professor continua falando na nossa frente, mas eu já não estava o ouvindo antes de qualquer
jeito.

Quero continuar conversando com ela, ela parece alguém legal, alguém que se importe com coisas
diferentes da maioria. Com coisas diferentes do que eu me importava no passado.

"Qual é o seu nome?" Pergunto, me ajeitando na cadeira.

"Bianca,Bianca Thaiga, mas me chame de thaiga" ela responde, respirando fundo como se memórias distantes viessem a sua mente.
E, se eu parar para pensar, ela realmente parece um pouco com as personagens japonesas.

"Você é daqui mesmo?" Pergunto. "Você sabe... do Brasil."

Ela faz que sim com a cabeça.

"Foi por causa dos meus pais, obviamente," diz ela soltando um riso breve. "Eles não são daquies, mas se mudaram quando ainda eram adolescentes.
muita gente acha que meu nome é por causa que eu me pareço com a Mulan, e não por causa da história dos meus pais, mas é claro que não, não sou tão bonita quanto ela. Nem bonita eu sou, para começar. Tudo que eu tenho são traços asiáticos, e isso foi apenas
uma coincidência. A aparência, quero dizer. Mas você tinha que conhecer a minha mãe, ela sim
se parece com a Mulan. Uau, minha mãe é realmente de tirar o fôlego para qualquer um. Talvez
eu entenda como ela conseguiu domar o meu pai," Ela ri.
"Olha, quer saber, não vou falar muito,
ainda há muitas histórias vindo de todos os lados. Penso demais sobre o meu nome e meus pais, e
se for contar todas as minhas teorias a você, nunca vou parar de falar novamente. Igual eu fiz há
algumas semanas com a minha antiga amiga. Falei tanto que os ouvidos dela explodiram. Tá, tudo
bem, isso é obviamente uma mentira, mas ela se afastou de mim por algum motivo, talvez seja
porque eu falo demais, ou... ou talvez seja por causa daquele namorado novo que ela arranjou.
Nossa, aquele menino é um saco, mas..."

Antes que ela continue a contar suas milhões de histórias, o professor chama a atenção dela e ela é
obrigada a se calar.

Thaiga fala tão rápido que preciso me concentrar para ouvir tudo o que diz. E ainda acabo
perdendo algumas palavras.
Eu rio da cara dela, que esconde o rosto com as mãos quando o professor olha para ela com uma
expressão mortal.

Não conheço Thaiga direito, mas gostei de como ela é. Já posso ver que seu cérebro é mais
barulhento e cheio do que alguma coisa MUITO barulhento e MUITO cheio. Ao foi preciso uma
simples pergunta para ela se soltar perto de mim.

Mas é uma pena que ela pense algumas coisas sobre o seu próprio respeito. Thaiga é extremamente bonita, sua beleza é única, eu poderia a reconhecer de longe em uma multidão.
E sim, talvez ela goste de falar, mas isso não é um defeito, pelo contrário. Seus assuntos são interessantes e mostram como ela pensa nas coisas certas, mas é uma pena que as pessoas não
apreciem isso.

"Meu nome é Babi," digo, tampando a boca com a mão para o professor não ver.
Ela ri e acena a mão me mandando um oi.

"Você tem alguém para almoçar junto hoje?" Pergunto a ela, quando o professor encerra a aula e
começa a guardar as suas coisas.

"Eu tinha ontem, mas hoje acho que não," responde.

"Pode almoçar comigo se quiser, comigo e com o meu namorado. E se não gostar de grupos muito
grandes, não se preocupe, somos só nós dois. E você, agora, se quiser."

"Está tudo bem. Eu nem sequer imaginaria que eu algum dia almoçaria com você." Ela aponta
para mim.

"Também não gostava de mim?"

Sei que muita gente me odiava antes que tudo aconteceu, e uma grande maioria começou a me
odiar agora. Mas é tanto ódio ao redor de mim que me sinto intoxicada, então mantenho distância
de algumas pessoas sempre que posso. E eu vou ficar muito triste se Thaiga disser que é uma
dessas pessoas.
Ela pensa por um instante.

"Eu não tinha uma opinião formada sobre você."

"Mesmo?" Pergunto. "E agora tem?"

"Estou formando," diz ela, pensativa.
"Tenha calma. Você realmente é muito ansiosa."

Rio do seu jeito e nos duas partimos para o refeitório.
Eu devo ser realmente muito ansiosa, porque não posso esperar para apresentar minha nova
amiga para Victor.
Eu sei que as vezes isso parece infantil. Fazer novos amigos, conhecer gente nova do zero,
apresentá-los as pessoas que são importantes para mim.

Mas é isso que acontece quando você
recomeça. Ou pelo menos tenta.

____________________________

Pelo menos uma que não seja cobra, gente, tá precisando.

Volteiiiiiii

Não se esqueçam de votar e comentar se gostaram.

💕Um beijão e até a próxima💕

Diga meu nome Onde histórias criam vida. Descubra agora