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Bárbara

Nós fazemos o mesmo caminho que fizemos da última
vez que eu estava triste. Silêncio no carro, lugar longe da cidade, minutos a mais no volante, a subida na colina, e nós dois sentados no banco do alto daquele monte.

Victor passou os braços pelos meus ombros e encostou
a cabeça na minha.
Ele passa seus dedos pela minha bochechae acaricia a minha pele, enquanto eu encosto minha cabeça no seu ombro e sinto o seu cheiro perfumado.

"Isso te faz se sentir melhor?" Pergunta ele, apontando
para a cidade que estáa metros de distância de nós.
"Ficar longe deles e ter uma vista bonita."

O sol agora se esconde por detrás das nuvens, mas não
para de brilhar com força.
O calor chega a minha pele e me abraça, carinhosamente.
Me faz enxergar as pessoas vistas de longe, agora bem pequenas, como se eu pudesse superar ou me adaptar com isso que está acontecendo comigo.

O que, pelo visto, é a única alternativa que tenho.
Não consigo dizer se este lugar é mais bonito a noite ou
durante o dia.
Dos dois jeitos, ele com certeza é perfeito, e a sensação tambéméa mesma, a sensação de nos sentirmos abraçados e consolados é a mesma, mas não
acho que é por causa do lugar que estou sentindo o que estou sentindo.

"Voce faz eu me sentir melhor," respondo baixo, beijando o canto de sua boca.

Ele sorri pra mim e beija o canto da minha boca, do
mesmo jeito que fiz com ele.

"Quer saber, Babi? Você estava certa, você realmente não precisa deles, você tem a mim."

Sua voz é doce.
Por mais que tenha saído rouca e baixa, a sinto chegando com todo o poder em meus ouvidos.

"E verdade," concordo.
"Não preciso, isso só me faria entristecer a este ponto. Ser amiga deles, quero dizer."

"Viu? Isso é bom. Agora você sabe em quem não confiar, e não tem aquele monte de menino achando que podem se aproximar de você, porque agora sabem que você já não está mais solteira.
Se eles acham que podem, estão muito errados."

"Agora você é ciumento, é? Achei que estávamos falando de amigos, não de homens se aproximando de mim."

Brinco com ele, que leva a sério.

"Não sou ciumento, não tenho ciúmes de amigos ou de...
outras pessoas," ele diz, como se estivesse montando a
frase no mesmo tempo que pronuncia as palavras.

"Não?"

"Não."

"Otimo, porque eu também não," respondo.
"Não preciso, até porque, você não tem amigos, ou outras pessoas. Está no mesmo barco que eu, meu amigo," digo inocentemente, apenas falando fatos que percebo ao longo do tempo.
"E se aquelas piranhas se aproximarem, nunca mais irão ver a agua."

Ele ri.
"O que? E claro que eu tenho amigos," responde, com um Sorriso amarelo no rosto.

"Não tem não, não me lembro de ter te visto com uma
amizade verdadeira naquela escola, ou ao menos andando com uma pessoa ao seu lado. Nem com os seus amigos antigos você conversa."

"Como pode dizer isso? Mas que mentira!"

Ele me olha indignado, como se eu tivesse acabado de
ter cometido uma calúnia.
Victor tira os braços do redor dos meus ombros para poder me olhar direito enquanto Conversamos.

"Olha só, se você nunca me viu andando por alguém de
lá, é porque eu não ando com ninguém de lá," admite.
"Não posso me aproximar tanto das pessoas assim, só
servem pra te decepcionar e te deixar irritado." Ele pausa para respirar.
"Mas isso não quer dizer que eu não tenho
amizades dentro daquela escola. Eu apenas não sou tão
próximo das pessoas desse jeito, tá bom?"

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