CAPÍTULO SETE

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Pennelope Wendy Barnett Giordano

Abaixo o descanso da moto com o pé enquanto fecho o portão automático da garagem.


Quando deixei Lorenzo atordoado no meio do corredor da casa do meu pai, pensei que a estrada vazia e a velocidade que poderia atingir com a moto me daria um certo alivio a respeito da raiva que estava fazendo meu sangue borbulhar. E não, eu não estava com raiva daquele D’Angelo metido a mafioso playboy.

Eu estava fervendo em uma raiva quente por causa da minha esperança, da minha infantilidade ao deixar a Pennelope de anos atrás voltar à superfície para ficar emocionada com apenas um encostar de lábios.

     — Pelo amor de Deus você cresceu, age como uma mulher adulta na maior parte do tempo para se tornar uma adolescente bobinha na frente dele de novo? — Rosno sozinha na escuridão da garagem.

Tiro o capacete rapidamente deixando-o em cima da mesa no canto da parede e pressiono o botão camuflado com a estante de ferramentas, fazendo o chão se abrir como um portão automático, exibindo a escada escura que dava acesso ao túnel que me levava diretamente para o complexo.

Eu tinha investido muito para fazer essa instalação, tanto em dinheiro como em poder já que tive que cobrar favores que sequer existiam para os políticos em Gazar fechar essa parte da cidade dando qualquer desculpa que suas mentes criativas conseguiam inventar para a densa floresta que cobria meu terreno estar interditada.

Talvez não fosse necessário emitir um decreto enquanto uma equipe enorme de empregados fazia um túnel subterrâneo gigantesco com mais de quinze quilômetros de distância ligando a minha casa ao complexo. A população de Gazar quase não vinha para essa região, eles preferiam ficar na parte com barzinhos, baladas e perto o mar quando estávamos no verão.

Graças a Deus por isso, mas mesmo sabendo que provavelmente ninguém veria o grande evento que foi para construir tudo, eu não queria arriscar que alguém descobrisse meus planos, afinal aqui era o meu lugar seguro, o lugar que ninguém conhecia ou imaginava existir, nem mesmo meu pai tinha ideia do quão grande era tudo isso.

Entro no Geep estacionado logo abaixo da escada e acelero pegando uma das várias bifurcações que davam diretamente na minha sala no complexo.

Solto um suspiro exasperado com o que viria pela frente, seria uma noite longa e apesar de estar cansada eu contava com isso para melhorar o meu humor depois da palhaçada na casa do meu pai.

Algumas semanas antes de ir para Gueny[1] participar daquele jantar que até agora não entendi o motivo da minha presença ser indispensável, eu havia visto dois garotos no meio da floresta, no meio do caminho para chegar aos muros que cercavam o que eu chamava de engana trouxa.

Fiquei surpresa no instante que percebi duas silhuetas relativamente pequenas no meio do nada, no lugar onde praticamente ninguém andava, nem mesmo o pessoal Good Vibes que faziam caminhadas por aqui avançava além da trilha a ponto de estar bem no centro da meta fechada.

De longe eles pareciam estar apenas andando normalmente, tanto que esperei enxergar algum tipo de divertimento em seus olhos, afinal eram garotos e poderiam estar perdidos depois de tentar pregar uma peça aos pais, mas quando os dois pares de olhos aterrorizados encararam os meus, senti minha espinha gelar.

Eles não estavam apenas perdidos ou brincando com os pais, aqueles dois meninos estavam machucados, famintos e extremamente aterrorizados.

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