CAPÍTULO UM

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Pennelope Wendy Barnett Giordano 
Dias atuais

Apago a luz da sala antes de me sentar no sofá cinza chumbo para esperar o momento que meu pai passe pela porta gigantesca de madeira escura e eu descubra o motivo dele ter me ligado e pedindo que eu voltasse para casa.

Fazem mais ou menos seis meses que não o vejo, nem ele e muito menos o restante da família Barnett, depois que vinguei o assassinato da minha mãe decidimos que o mais coerente era eu sumir um pouco da cidade e foi o que fiz.

Terminei meus estudos e viajei pelo mundo antes de sossegar na cabana.

Ouço o barulho da BMW passando na pequena estrada atrás da casa e cruzo as pernas com a mão no interruptor ao lado da poltrona que a mamãe sempre se sentava para ler histórias sobre personagens fictícios que sua mente inventava, mas que aprendi mais tarde ser tudo o que ela e meu pai viveram.

Olho para a tatuagem em meu braço e deixo um rosnar baixo escapar.

Se eu pudesse, ressuscitava os dez apenas para ter o prazer de matá-los de novo.

Quando terminei o meu serviço, eu realmente achei que sentiria algum tipo de remorso ou tristeza por ter ceifado dez vidas, mas nada daquilo me abalou, muito pelo contrário, faria tudo de novo com a diferença que torturaria antes de realmente acabar com a vida deles.

O barulho da porta traz meu cérebro para o presente e percebo duas silhuetas com tamanhos consideravelmente distintos, meu pai e sua namorada, reviro os olhos mesmo sabendo que não estão realmente me vendo e acendo a luz repentinamente ao vê-los se aproximarem sem perceber a minha presença.

Enquanto a mulher ao seu lado deu um pequeno e estridente grito, meu pai teve a ação que qualquer homem em sua posição teria e por isso nesse momento eu estou olhando para o cano da Glock apontado para minha testa.

     — Awwwn, acho que assustei você.

Sorrio descruzando as pernas ao me levantar com os braços erguidos em rendição enquanto fixo meus olhos nas íris escuras da mulher enroscada nos braços do meu pai, mostrando com quem eu estava falando.

Não era segredo para ninguém que eu a detestava, não só por estar tomando o lugar da minha mãe ao lado do chefe da família, mas essa mulher não me enganava com toda essa simpatia e vontade de fazer o bem sem olhar a quem. No mundo onde vivemos não existe essa coisa toda de amor ao próximo quando se trata do seu inimigo e ele tenha matado alguém da sua família.

O meu sangue fervia só de lembrar dela falando que foi covardia o que fiz com aqueles pobres homens e que eu deveria tê-los dado um meio para se defender.

Defender do que? De tirar a vida da pessoa mais importante para mim?

Vai se foder alecrim dourado, isso não tinha defesa.

     — Uau, isso que é uma recepção calorosa. — Debocho.

     — Porra, Penne. — Meu pai suspira ao se aproximar. — Não se assusta um homem armado, nunca te ensinaram isso? — Sinto um beijo estalar em minha testa e encaro os olhos azuis tão frios quanto acolhedores.

     — O melhor dos melhores me ensinou, mas você já está velho, não têm os mesmos reflexos de antes. — Brinco ao devolver o sorriso em sua direção e encaro Suzi que sorri como a boa samaritana que finge ser.

Quando meu pai ligou para avisar que estava namorando, eu fiquei em choque porque não tinha parado para pensar que ele merecia ser feliz mesmo não sendo ao lado da minha mãe. Infantilidade da minha parte? Talvez, mas mesmo assim ainda era difícil pensar nele com outra e não tratar esse relacionamento como uma traição.

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