Capítulo Dez: Medos Revelados

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Antes que Win se perdesse ainda mais na canção Easy de Mac Ayres, a tempestade aumentou fazendo ele estremecer um pouco, mas antes que um ataque de pânico o atingisse, ele sentiu os dedos de Bright mexendo no seu cabelo, ainda murmurando alguns versos. Win queria tirar a mão dele dali, mas ela era tão quente e acolhedora, o fazia sentir protegido, um contraste tão diferente de momentos atrás. Antes do toque do outro ele só sentia frio e medo.

Win se deu conta tarde demais, que estava olhando para Bright há tempo suficiente para parecer estranho, então desviou os olhos do outro e se afundou embaixo dos lençóis outra vez.

— Win?

— Hum?

— Eu fiz algo errado?

— Não.

— Então por que você se escondeu?

— Eu não sei…

— Certo… Posso continuar a cantar? Ou você quer que eu pare e vá lá para fora, ficar sozinho e na chuva?

— Você pode voltar a cantar… — Win não entendia o porquê de ter se escondido momentos atrás, ele já tinha olhado para Bright diversas vezes, ele o via sempre, então por que agora ele desviou? Ele sentiu que era estranho? Mas estranho como? Ele não sabia explicar.

Bright voltou a cantar, mas tirou as mãos dos cabelos de Win, ele começou a sentir a falta do toque quente do outro garoto. 

— Bright?

— Hum? — Ele para de cantar e olha para Win, que saiu debaixo das cobertas sem Bright perceber nada.

— Por que você parou?

— Parei o quê? Ah, de cantar?

— Não, de… De mexer nos meus cabelos, enquanto canta.

— Achei que eu tinha passado dos limites, por isso.

— Não… Eu gostei, é bom me fez me sentir menos sozinho.

— Tudo bem então.

Ele volta a cantar e a mexer no cabelo de Win. São várias músicas que ele canta após Easy, e ele acaba dormindo entre alguma dessas.

Win acorda meio atônito a tudo a sua volta, aquele lugar não se parecia em nada com o seu quarto, olhando ao redor vê uma figura olhando pela janela, enquanto a chuva não para de bater contra o vidro fazendo uma melodia estranha.

— Então você acordou?

— Bright?

— O próprio.

— Idiota, por quanto tempo eu dormi? — Win consegue ver mesmo um pouco embaçado pelo vidro o reflexo de Bright e ele está sorrindo. — Do que você está rindo, seu idiota?

— Apenas algumas horas, seus amigos ligaram… Eu não atendi, mas liguei do meu celular para eles e disse que você estava olhando algumas fotos, quando começou a chover e que você decidiu dormir…

— Ah... Obrigado.

— De nada e você ainda me chama de idiota.

— É porque você é um.

— Não vou discordar de você então.

— E obrigado. 

— Você já me agradeceu, eu imaginei que era algo somente seu e que cabe a você contar ou não.

— É que é estranho… Alguém da minha idade, você sabe… Ter medo disso.

— Não é estranho, todo mundo tem medo de algo, Win, você não é o único.

— Então você tem medo de algo? Me conta, nada mais justo, já que você sabe o meu!

Bright então, sai da frente da janela e vem na direção de Win e se senta na beirada da cama outra vez. Demora alguns segundos olhando para Win e depois dá um sorriso. 

— Meu medo é não ser correspondido pela pessoa que eu gosto. 

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