6. Recordações

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"Sentado agora no meu quarto, penso em tudo que conquistei até aqui, que se resume a nada. Minha mãe ficaria decepcionada.

O sonho dela era que eu me tornasse um grande advogado e seguir os passos do meu pai, então eu estudei como um condenado. Toda a minha vida foi centrada naqueles livros, eu era um escravo dos desejos dela. Nunca me coloquei contra suas vontades, reclamava sim de vez em quando, como toda criança faria, mas nunca deixei de obedece-la.

Estudava por ela, pois de verdade eu nunca quis isso. Até os 13 anos eu era um nerd, dos 13 aos 14 fui considerado um gênio.

O porque dessa 'diferença'...  foi nesse intervalo de um ano que descobri o estado da minha mãe.
Meu pai que já não era presente antes, se tornou mais e mais distante. Embora eu desejasse com todas as minhas forças estar errado, sabia que era apenas uma questão de tempo para que ela... Bem... Morresse. Então, fiz como minha missão pessoal deixá-la orgulhosa de mim ao menos uma vez.

Consegui notas incríveis, obtive prêmios e certificados. Tudo o que eu queria era ouvir um 'Uau filho, parabéns! Você mandou muito bem!', mas nunca tive nenhum resquício de felicidade vindo dela em relação à isso. Não importava o quanto eu ganhasse e melhorasse, nunca bastava.

'Não passa da sua obrigação.' era o que eu ouvia. Era pedir muito um pouco de reconhecimento? Eu estudei como nunca apenas para fazê-la feliz mas... Eu... só queria que ela sentisse orgulho de mim agora, porque ela não estaria comigo por muito tempo para ver eu me formar.

Então... Chegou o dia em que ela se foi. No mesmo dia em que eu receberia os resultados da prova que fiz para entrar na U.A, eu esperava que a minha aprovação a deixaria feliz, afinal, era uma escola de elite.

Mas ela nunca chegou a ver os resultados. Eu nunca cheguei a ver sua expressão. Nunca cheguei a deixá-la orgulhosa.

Eu falhei.
Falhei no meu único objetivo.

Tudo o que eu queria era deixá-la orgulhosa, mas eu falhei.
Meu mundo perdeu a sua cor, pois eu não tinha mais um objetivo. Entrei na U.A mas nem me dei o trabalho de ser o melhor. Não consigo colocar as mãos em um livro sem me lembrar dela.

Minha mãe não estava mais aqui para me ver.
Meu pai não dá sinal de vida, a única certeza que tenho é que ele está vivo pois ainda me manda dinheiro.
Quando recebi a confirmação da morte dela, saí do hospital e arrumei briga com o primeiro que encontrei, eram um grupo de veteranos valentões. Ganhei deles na força do ódio. Comecei a arrumar mais e mais brigas, minha vida acadêmica foi para o fosso.

Mas um dia, meu piloto automático vai me levar até a morte.

Ou era o que eu acreditava... Até ver você.

No momento em que eu te vi, o meu mundo brilhou. As chamas dos seus olhos incendiaram ao meu redor e eu senti o meu gelado interior se aquecer.

Eijiro, como vou te acompanhar se nem consigo me manter de pé sem fraquejar? Eu me tornei alguém ridículo.

Mas eu não pretendo desistir. Vou usar seus olhos para continuar seguindo.

É para você que eu vou olhar. "


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Hehe, dois capítulos em um dia. Isso é que é progresso.

Obrigada por ler 💛

O Menino do TelhadoOnde histórias criam vida. Descubra agora