8. Baquetas

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Katsuki não imaginava que Eijirou poderia ficar mais lindo do que já era. Agora, com o cabelo já seco, deslumbrava a beleza estonteante que dele emanava.

Que ele brilhava, não tinha dúvidas. Mas agora, Eijirou parecia uma perfeita paleta de 24 tons de carmesim. O contraste perfeito entre seus olhos, suas bochechas e seus fios rubros.

Vermelho. Simplesmente vermelho.

Kirishima encarava a própria imagem no espelho, o sorriso de satisfação era evidente. Virou-se de frente para Bakugou e disse:

_ Obrigado! Muito obrigado Bakugou! Isso foi muito importante pra mim! - O sorriso de felicidade que era dirigido à ele, deixou-o levemente desconcertado. Mas não deixou transparecer e devolveu:

_ Não foi nada demais.

Eijirou sorriu com ternura. Passaram o resto do dia conversando e comentando sobre a diferença de cores e como demoraria para que ambos se acostumassem com a mudança.

❇ ❇ ❇

No período de duas semanas, Eijirou e Katsuki foram ao café pelo menos mais três vezes. Descobriram preferências e manias. Kirishima tinha um gosto anormal por doces de frutas vermelhas, Bakugou estranhamente gostava de doces e bebidas apimentados.

A escola se encontrava em alvoroço para a organização do Festival de Abertura, que sempre acontecia no primeiro semestre letivo. O clube de música estava cooperando com o clube de artes para a realização de um show: Figurino, efeitos especiais e cenário.

Apesar de pequeno, o clube de música era muito bem visto por todos, então era a chance de Bakugou mostrar seu talento. "Sem pressão, certo?"

Mas, apesar de todos estarem cientes da capacidade de Bakugou, ele simplesmente não conseguia sair das preliminares da primeira estrofe. A música escolhida era rica em bateria, portanto a participação de Bakugou era no mínimo essencial. Não era que ele errava ou não sabia, ele simplesmente travava e não saía de seu transe até alguém toca-lo.

_ Bakugou... Você é ótimo tocando mas não tem como continuar se não consegue sair nem da primeira estrofe. - Jirou disse.

_ Tsk, vamos tentar mais uma vez.

* suspiro * _ Ok, última vez.

E assim começou, o teclado e a bateria intercalavam juntos, segundos depois os outros instrumentos entraram que era o baixo e as duas guitarras. Estavam indo bem, Bakugou conseguiu tocar por mais tempo mantendo um ritmo incrível, até que ele começou a dominar a música, obrigando os outros à seguir o ritmo dele com um pouco de dificuldade já que ele era bem rápido. Jirou tentou cantar mais rápido, encarou Bakugou na tentativa de fazê-lo entender o recado e tocar no ritmo certo. Era apenas um ensaio, mas não chamaram a atenção dele e o deixaram tocar à vontade, desistindo de tentar acompanhar.

Bakugou encarava os pratos e tambores à sua frente, espancando-os sem dó. Apesar disso estava inerte aos sons produzidos, mal sentia as vibrações e no desespero as espancava mais forte ainda. Estava apático de qualquer sensação. Seus olhos estavam prestes a derramar lágrimas, seus dentes trincaram e só saiu daquela bolha quando a baqueta se partiu, o impedindo de continuar tocando.

_ O-Oe, Bakugou... Tá tudo bem, cara?
Kaminari perguntou preocupado.

Os olhos de Bakugou arregalados encaravam a baqueta partida em suas mãos trêmulas, sentiu uma lágrima descendo por sua bochecha e caindo sobre a madeira lascada. Ao perceber que estava chorando em frente àquelas pessoas ergueu o rosto e viu os olhares preocupados dos seus colegas.

_ Eu compro outra baqueta. - Foi tudo que disse antes de cruzar a porta e andar apressadamente pelos corredores de cabeça baixa, em direção ao único lugar que conseguiria acalentá-lo.

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Inspiração:
Shigatsu wa kimi no uso.

Música que eu pensei enquanto escrevia:
Follow you - Imagine Dragons

O Menino do TelhadoOnde histórias criam vida. Descubra agora