AS ÚLTIMAS três fileiras daquela aquela expressão, "caiu sobre mim como uma bomba"? É verdade. No minuto que ela virou o carro e acabou na minha porta de pijama roxo, foi assim que me senti em relação à Lia. Eu sabia que ia acontecer. Só não sabia que a sensação seria aquela.
Desde então, havia dois lugares onde eu queria estar: com Lia ou sozinho, para que eu pudesse organizar tudo em minha mente. Eu não tinha palavras para o que nós éramos. Ela não era minha namorada; não estávamos nem ficando. Até a semana anterior, ela nem admitia que éramos amigos. Eu não tinha ideia de como ela se sentia em relação a mim, e não podia mandar Alice descobrir. Não queria arriscar o que nós tínhamos, fosse o que fosse. Então por que eu pensava nela a cada segundo? Por que eu ficava tão mais feliz quando a via? Eu sentia que talvez soubesse a resposta, mas como podia ter certeza? Eu não sabia, e não tinha nenhum jeito de descobrir.
Homens não falam de coisas assim.
Apenas ficamos deitados debaixo dos escombros.
— O que você está escrevendo?
Ela fechou o caderno espiral que parecia carregar para todo lugar. O Professor de Biologia tinha cancelado as duas ultimas aulas ,então Lia e eu estávamos sentados no meio da floresta em parte do nosso tratado , que eu meio que tinha nomeado como o nosso lugar especial, apesar de isso ser uma coisa que eu jamais admitiria, nem mesmo para ela. Era onde tínhamos encontrado o medalhão. Era um lugar onde podíamos ficar sem todo mundo olhar e cochichar. Deveríamos estar estudando, mas Lia estava escrevendo no caderno e eu tinha lido o mesmo parágrafo sobre a estrutura interna dos átomos nove vezes. Nossos ombros encostavam um no outro, mas estávamos de frente para lados opostos. Eu estava esparramado no sol poente coberto pelas nuvens de sempre ; ela estava sob a crescente sombra do carvalho coberto de musgo.
— Nada demais. Só estou escrevendo.
— Tudo bem, não precisa me contar. — Tentei não parecer desapontado.
— É que... é uma bobagem.
— Então me conta.
Por um minuto ela não falou nada e ficou rabiscando na parte de borracha do tênis com a caneta preta.
— É que eu escrevo poemas às vezes. Desde que eu era criança. Sei que é esquisito.
— Não acho esquisito. Esme é escritora, e Carlisle lê tudo que ela escreve . —
Eu podia senti-la sorrindo, apesar de não estar olhando para ela. — Tudo bem, é um exemplo ruim, porque os Cullens são esquisitos , mas isso não é culpa da escrita.
Esperei para ver se ela ia me passar o caderno e pedir para ler um. Não tive essa sorte.
— Talvez eu possa ler um qualquer hora dessas.
— Duvido.
Ouvi o caderno ser aberto de novo e a caneta dela se movendo pela página. Olhei para meu livro de Química, pensando na frase que tinha ensaiado mentalmente cem vezes. Estávamos sozinhos. O sol estava indo embora; ela estava escrevendo poesia. Se eu ia fazer aquilo, agora era a hora.
— Então, você quer, sabe, ficar junto? — Tentei parecer casual.
— Não é o que estamos fazendo?
Mastiguei a gengiva por baixo da lingua , nervoso .
— É. Não. Quero dizer, você quer, sei lá, ir a algum lugar?
— Agora?
Ela deu uma mordida em uma barra de cereal aberta e mudou as pernas de posição de modo a ficar ao meu lado, estendendo-as até onde eu estava. Balancei com a cabeça.
— Não agora. Na sexta, ou algum outro dia. Podíamos ir ao cinema. Enfiei uma caneta no livro de Química, fechando-o.
— Isso é nojento. — Ela fez uma careta e virou a página.
— O que quer dizer? — Eu estava envergonhado , se pudesse já estaria corado .
Eu só estava falando de um filme.
Seu idiota.
Ela apontou para meu marcador de livro/lápis .
— Eu estava falando disso.
Sorri aliviado.
— E. Um mau hábito que peguei de Esme .
— Ela gosta de lápis ?
— Não, de livros. Ela lê uns vinte ao mesmo tempo, e os deixa espalhados pela casa; na mesa da cozinha, ao lado da cama, no banheiro, no carro, nas bolsas dela, uma pequena pilha na beirada de cada escada. E usava qualquer coisa que encontrasse para marcar. Um cartão postal , os óculos escuros dela, outro livro, uma foto .
— Um lápis velho e sujo ?
— Exatamente.
— Aposto que isso deixa Alice e Rosalie malucas.
— Elas enlouquecia. Não, espere. Elas ficavam... — Cavei bem fundo. —P-E-R-T-U-R-B-A-DA.
— Dez vertical? — Ela riu.
— Provavelmente.
— Isso era da minha mãe. — Ela mostrou um dos aneis que parecia nunca tirar. Era um pequeno pássaro prateado .
— É um corvo.
— Por causa de Ravenwood?
— Não. Corvos são os pássaros mais poderosos no mundo dos Conjuradores, são amplificadores . A lenda diz que eles conseguem atrair energia para si e soltá-la em outras formas , eles aumentam o poder de um conjurador . Às vezes são até temidos pelos seus poderes.
Observei enquanto ela desvencilhou o corvo dos outros aneis e ele caiu de volta no lugar, entre um disco com uma escrita estranha entalhada e uma conta de vidro preta.
— Você tem muitos aneis .
Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e olhou para o cordão.
— Não são exatamente apenas aneis , só coisas que têm algum significado pra mim. — Ela mostrou o anel de dourado com uma pedra em formato de coração vermelho
— Isso é da primeira joia que ganhei , sentada na varanda da minha velha casa em Savannah. Minha avó comprou pra mim quando voltei da escola chorando porque ninguém botou nada na minha caixa de presentes de dia dos namorados.
— Que fofo.
— Se fofo significar trágico...
— Eu quis dizer o fato de você ter guardado.
— Guardo tudo.
— O que é isso? — Apontei para o anel com uma pequena concha encravada .
— Minha tia Twyla me deu. É feita daquelas conhchas de corais bem remotas em Barbados. Ela disse que me traria sorte.
— É um anel legal. — Eu podia ver o quanto ele significava para ela pelo modo como ela segurava cada coisa, com tanto cuidado.
— Sei que parece um monte de lixo. Mas nunca morei em nenhum lugar por muito tempo. Nunca tive a mesma casa ou o mesmo quarto por mais de alguns anos, e algumas vezes sinto que nessa corrente estão pedaços de mim, e eles são tudo que tenho. Suspirei e puxei um pedaço de capim.
— Queria ter morado em um desses lugares, sei que temos que estar sempre nos mudamos , mas é constantemente,pro alasca e depois nos sempre voltamos para Forks ,não importa quando
— Mas você tem raízes aqui. Um melhor amigo de vida inteira como Emmet , uma casa com um quarto que sempre foi seu. Você provavelmente até tem sua estante de livros com marcação de qual ano estava quando leu tal livro .
Eu tinha.
Você tem, não tem?
Eu a empurrei com o ombro.
— Posso marcar o seu livro favorito lá . Você pode ser imortalizada pela eternidade na propriedade Cullen.
Ela sorriu para o caderno e empurrou o ombro contra o meu. Do canto do olho, eu podia ver o sol da tarde batendo em um lado do seu rosto, uma página do caderno, a ponta ondualda do cabelo e a ponta do All Star preta
Quanto ao filme, sexta está bom
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𝐌𝐎𝐑𝐍𝐈𝐍𝐆 𝐒𝐓𝐀𝐑 | 𝘫𝘢𝘴𝘱𝘦𝘳 𝘩𝘢𝘭𝘦
Vampire𝐋𝐎𝐕𝐄𝐑𝐒||Que ama alguém; que expressa amor por alguém; afetuoso. Em Forks , não havia surpresas . Pelo menos era isso que Jasper achava . Só que ele não podia estar mais errado , havia uma maldição , uma garota e um túmulo . Mas vamos por parte...