twenty-seven

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LIA DISSE uma palavra no caminho para casa

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LIA DISSE uma palavra no caminho para casa. Quando chegamos a Ravenwood, ela abriu a porta do carro, fechou-a com força e saiu em direção à casa sem uma palavra.
Quase não a segui até a porta. Minha cabeça estava girando. Eu não
conseguia imaginar o que Lia  estava sentindo. Era ruim demais perder a mãe, mas mesmo eu não podia imaginar como era descobrir que sua mãe queria você morta.
Minha mãe estava perdida para mim, mas eu não estava perdido. Ela tinha me ancorado, a Esme , a Rosalie , a Emmett , ao Texas  antes de partir. Eu a sentia nas ruas, em minha casa, na biblioteca, até na despensa. Lia nunca tivera nada disso. Cresceu solta e à deriva, Marina  diria, como as balsas dos pobres no pântano.
Eu queria ser a âncora dela. Mas agora, acho que ninguém poderia ser.
Lia  passou por Boo, que estava sentado na varanda da frente e nem estava ofegando, apesar de ter corrido atrás do nosso carro obedientemente durante todo o trajeto. Também tinha ficado sentado no jardim da frente de minha casa durante todo o jantar. Ele parecia gostar de batata doce e dos pequenos marshmallows que joguei pela porta da frente quando Esme  foi à cozinha buscar mais molho.
Eu podia ouvi-la gritando dentro da casa. Suspirei, saí do carro e sentei nos degraus da varanda ao lado do cachorro. Minha cabeça já estava late- jando, com pouco açúcar no sangue.
— Tio Macon! Tio Macon! Acorde! O sol se pôs, sei que você não está dormindo aí!
Eu conseguia ouvir Lia gritando dentro da minha cabeça também.
O sol se pôs, sei que você não está dormindo!
Eu estava esperando pelo dia em que Lia fosse se abrir e me contar a
verdade sobre Macon, como tinha me contado a verdade sobre si mesma. Seja lá o que ele fosse, ele não parecia um Conjurador normal, se é que isso existia. Pelo modo como ele dormia o dia todo e só aparecia e desaparecia onde queria, não era preciso ser gênio para ver onde aquilo ia dar. Ainda assim, eu não tinha certeza se queria entrar nesse assunto hoje.
Boo olhou para mim. Estiquei minha mão para fazer carinho nele, e ele virou a cabeça, como se dissesse que não precisava. "Por favor não me toque, garoto." Quando ouvimos coisas começarem a quebrar lá dentro, Boo e eu nos levantamos e seguimos o barulho. Lia  estava batendo em uma das portas no segundo andar.
A casa tinha voltado para o que eu suspeitava ser o estilo preferido de Macon, com ornamentos antiquados do período anterior à guerra. Fiquei secretamente aliviado por não estar dentro de um castelo. Desejei poder parar o tempo e voltar três horas. Para ser honesto, eu ficaria perfeitamente feliz se a casa de Lia tivesse se transformado em um trailer e estivéssemos sentados todos em frente a uma tigela de sobras de recheio de peru, como o resto de Forks .
— Minha mãe? Minha própria mãe?
A porta abriu de repente. Macon estava lá, todo bagunçado. Usava um pijama de linho amassado, que, odeio ter de admitir, era um camisolão. Os olhos dele estavam mais vermelhos do que o habitual e a pele mais branca, o cabelo desalinhado. Ele parecia ter sido atropelado por um caminhão.
A sua maneira, ele não era tão diferente do meu pai, uma bagunça. Talvez uma bagunça mais refinada. Exceto pelo camisolão; meu pai jamais seria visto usando um vestido.
— Minha mãe é Sarafine? Aquela coisa que tentou me matar no Halloween? Como você pôde esconder isso de mim?
Macon balançou a cabeça e passou a mão no cabelo, irritado.
—Marian .
Eu pagaria qualquer coisa para ver Macon e Marian  acertando as contas
numa briga. Meu dinheiro seria apostado era
Marian ,  sem dúvida alguma. Macon passou pelo portal, fechando a porta atrás de si. Dei uma olhada rápida no quarto dele. Parecia algo saído do Fantasma da Ópera, com candelabros de ferro fundido mais altos do que eu e uma cama preta com dosséis adornada com veludo cinza e preto. As janelas tinham cortinas do mesmo material, que caíam pesadas sobre as janelas escuras da fazenda. Até as paredes eram cobertas de tecido puído preto e cinza que tinha provavelmente uns cem anos. O quarto era muito escuro, escuro como a
noite. O efeito era assustador.
A escuridão, a verdadeira escuridão, era algo além da pura ausência de
luz.
Quando Macon passou pelo portal, emergiu no corredor perfeitamente vestido, sem um fio de cabelo fora do lugar, nenhuma ruga na calça ou na camisa branca engomada. Até os sapatos de couro não tinham um arranhão. Ele não parecia nada como em um momento antes, e tudo que tinha feito era passar pela porta do próprio quarto.
Olhei para Lia. Ela não tinha nem reparado, e senti frio ao lembrar por um momento o quão diferente sua vida deve ter sempre sido em comparação à minha.
— Minha mãe está viva?
— Temo que seja um pouco mais complicado do que isso.
— Você quer dizer a parte sobre como minha própria mãe quer me
matar? Quando você ia me contar, tio Macon? Quando eu tivesse sido Invocada?
— Por favor, não comece isso de novo. Você não vai para as Trevas. — Macon suspirou.
— Não imagino como pode pensar diferente. Já que sou a filha da, abre aspas, Conjuradora das Trevas mais poderosa da atualidade, fecha aspas.
— Entendo que esteja chateada. É muita coisa para absorver, e eu mesmo devia ter lhe contado. Mas você tem que acreditar que eu estava tentando lhe proteger.
Lia estava mais do que irritada agora.
— Me proteger! Você me deixou acreditar que o Halloween foi apenas um ataque aleatório, mas era minha mãe! Minha mãe está viva e estava tentando me matar, e você achou que eu não devia saber sobre isso?
— Não sabemos se ela está tentando matar você.
Quadros começaram a bater contra as paredes. As lâmpadas alinhadas no corredor começaram a se apagar uma a uma. O som de chuva chegou às janelas.
— Já não tivemos tempo ruim o bastante nas últimas semanas?
— Sobre o que mais você tem mentido? O que vou descobrir agora? Que meu pai está vivo também?
— Lamento dizer que não. — Ele falou como se fosse uma tragédia, algo triste demais para se mencionar. Era o mesmo tom que as pessoas usavam quando falavam da morte da minha mãe.
— Você tem que me ajudar. — Sua voz estava falhando.
— Farei tudo que puder para ajudar você, Lia . Sempre fiz.

— Não é verdade — respondeu ela. — Você não me contou sobre meus poderes. Não me ensinou a me proteger.
— Não sei a extensão dos seus poderes. Você é uma Natural. Quando precisa fazer uma coisa, você faz. Da sua maneira, no seu próprio tempo.
— Minha própria mãe quer me matar. Não tenho tempo.
— Como eu disse antes, não sabemos se ela está querendo matar você.
— Então como você explica o Halloween?
— Há outras possibilidades. Dei e eu estamos tentando descobrir. —
Macon se virou, como se fosse entrar de novo a no quarto. — Você precisa se acalmar. Podemos conversar depois.
Lia  se virou na direção de um vaso sobre uma prateleira no final do corredor. Como se puxado por uma corda, o vaso seguiu o olhar dela até a parede ao lado da porta do quarto de Macon, voando e se espatifando contra o gesso. Foi longe o bastante de Macon para não machucá-lo, mas perto o bastante para mostrar a opinião dela. Não foi nenhum acidente.
Não era uma daquelas vezes em que Lia tinha perdido o controle e as coisas apenas aconteceram. Ela tinha feito isso de propósito. Estava no controle.
Macon se virou tão rápido que nem o vi se mover, mas de repente ele estava parado na frente de Lia. Estava tão chocado quanto eu, e tinha percebido a mesma coisa: não tinha sido acidente. E o olhar no rosto dela dizia que ela também estava surpresa. Ele parecia magoado, tão magoado quanto Macon Ravenwood podia ser capaz de demonstrar.
— Como eu disse, quando você precisa fazer uma coisa, você faz.
Macon se virou para mim.
— Vai ficar mais perigoso, lamento dizer, nas próximas semanas. As
coisas mudaram. Não a deixe sozinha. Quando ela estiver aqui, posso protegê- la, mas minha mãe estava certa. Parece que você também pode protegê-la, talvez melhor do que eu.
— Olá? Eu estou ouvindo você! — Lia  se recuperou de sua demonstração de poder e do olhar no rosto de Macon. Eu sabia que ela se culparia mais tarde, mas agora estava irritada demais para ver isso. — Não fale de mim como se eu não estivesse aqui.
Uma lâmpada explodiu atrás de Macon e ele não moveu um músculo.
— Você está ouvindo o que você mesmo diz? Preciso saber! Sou eu que estou sendo caçada. Sou eu que ela quer, e nem sei por quê.
Eles olharam um para o outro, um Ravenwood e uma Dubois , dois braços da mesma árvore genealógica distorcida de Conjuradores. Me
perguntei se seria uma boa hora para eu ir embora.
Macon olhou para mim. O rosto dele dizia que sim.
Lia  olhou para mim. O dela dizia que não.
Ela me pegou pela mão, e eu pude sentir o calor, queimando. Ela estava
em chamas, mais furiosa do que eu jamais a tinha visto. Eu não acreditava que as janelas da casa ainda não tivessem estourado.
— Você sabe por que ela está me perseguindo, não sabe?
— É...
— Deixe-me adivinhar, complicado?
Os dois ficaram olhando um para o outro. O cabelo de Lia  estava se
mexendo. Macon estava girando o anel de prata.
Boo estava se afastando, o corpo rente ao chão. Cachorro esperto. Eu
desejava poder rastejar para longe também. A última das lâmpadas estourou, e então ficamos no escuro.
— Você tem que me contar tudo que sabe sobre meus poderes. — Esses eram seus termos.
Macon suspirou, e a escuridão começou a se dissipar.
— Lia . Não é que eu não queira contar. Depois da sua pequena demonstração, está claro que nem sei do que você é capaz. Ninguém sabe. Suspeito que nem você. — Ela não estava completamente convencida, mas ouvia. — É isso que significa ser uma Natural. É parte do dom.
Ela começou a relaxar. A batalha tinha chegado ao fim, e ela tinha vencido, por enquanto.
— Então o que vou fazer?
Macon parecia perturbadoramente com meu pai quando entrou no meu quarto durante o 5o ano para explicar sobre a cegonha.
— Dominar seus poderes pode ser um momento muito confuso. Talvez haja algum livro sobre o assunto. Se quiser, podemos ir ver Marian.
Ah, tá. Escolhas e Mudanças. O Guia da Garota Moderna Conjuradora. Minha Mãe Quer Me Matar: Um Livro de Autoajuda para Adolescentes.
Seriam longas semanas.

Seriam longas semanas

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NOTAS DA AUTORA

1. Primeiramente muito obrigado pelos 7K na fic eu realmente não sei o que falar

2. To com tanta pena da Lia , aaa tadinha

𝐌𝐎𝐑𝐍𝐈𝐍𝐆 𝐒𝐓𝐀𝐑 | 𝘫𝘢𝘴𝘱𝘦𝘳 𝘩𝘢𝘭𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora