Sixteen

236 10 0
                                    

UMA RACHADURA no gesso de quando acordei, não tinha ideia de onde estava

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

UMA RACHADURA no gesso de quando acordei, não tinha ideia de onde estava. Tentei focalizar o olhar nas primeiras coisas que estavam à vista.
Palavras.
Expressões escritas à mão no que pareceu ser caneta permanente, bem no teto acima da cama.
Momentos sangram juntos, sem dimensão de tempo.
Havia centenas de outras também, escritas em toda parte, partes de frases, partes de versos, grupos aleatórios de palavras. Na porta de um armário estava escrito o destino decide. Em outra, havia desafiada pelos destinados. Para cima e para baixo na porta, eu via as palavras desesperada/ inexorável/ condenada/ apoderada. O espelho dizia abra seus olhos as vidraças da janela diziam e veja. Até a pálida cúpula do abajur trazia escritas as palavras ilumine escuridão, ilumina a escuridão várias vezes, em um padrão de repetição infinito.
A poesia de Lia. Eu finalmente estava lendo alguma coisa escrita por ela. Mesmo ignorando a distinta escrita, esse quarto não se parecia com o resto da casa. Era pequeno e aconchegante, bem debaixo do telhado. Um ventilador de teto girava lentamente sobre minha cabeça, cortando as palavras. Havia pilhas de cadernos espiral em todas as superfícies, e uma pilha de livros na mesa de cabeceira. Livros de poesia. Plath, Eliot, Bukowski, Frost, Cummings — pelo menos eu reconhecia os nomes. Eu estava deitado em uma pequena cama de ferro branca, minhas pernas ultrapassando a beirada. Este era o quarto de Lia, e eu estava deitado na cama dela. Lia estava encolhida em uma cadeira no pé da cama, a cabeça descansando sobre o braço. Eu me sentei, grogue.
— Ei. O que houve?
Eu tinha certeza de que tinha desmaiado, mas os detalhes como eu poderia ter desmaiado com a minha imortalidade  me fugiam. A última coisa de que eu lembrava era da imortalidade se deslocando pelo meu corpo, minha garganta fechando e a voz de Lia. Achava que ela tinha dito qualquer coisa sobre eu ser seu namorado, mas como eu estava prestes a desmaiar naquele momento e nada tinha acontecido entre nós, achei que deveria duvidar. Manifestação dos meus desejos, eu acho.
— Jasper! — Ela pulou da cadeira e subiu na cama ao meu lado, apesar de parecer tomar o cuidado de não me tocar.  — Você está bem? Ridley não soltava você, e eu não sabia o que fazer. Você parecia estar com tanta dor, então eu só reagi.
— Está falando do tornado no meio da sua sala de jantar?
Ela olhou para o outro lado, infeliz.
— É isso que acontece. Eu sinto coisas, fico com raiva ou com medo e então... as coisas apenas acontecem. Estiquei o braço e coloquei a mão sobre a dela, sentindo o calor subir. — Coisas como janelas quebrarem?
Ela olhou para mim e fechei meus dedos sobre a mão dela até que estivesse toda dentro da minha. Uma rachadura no gesso velho no canto atrás dela pareceu aumentar, até cruzar o teto, circundar o velho candelabro e descer de novo. Parecia um coração. Um coração gigante, enroscado e feminino tinha acabado de aparecer no gesso rachado do teto do quarto dela.
— Lia.
— O quê?
— Seu teto vai cair na nossa cabeça?
Ela se virou e olhou para a rachadura. Quando viu, mordeu o lábio e ficou com as bochechas rosadas.
— Acho que não. É só uma rachadura no gesso.
— Você fez isso de propósito?
— Não. — Um rubor rosado se espalhou no nariz e nas bochechas dela. Lia olhou para o outro lado.
Eu queria perguntar o que ela estava pensando, mas não queria deixá-la sem graça. Apenas esperava que tivesse alguma coisa a ver comigo, com a mão dela aninhada na minha. Com a palavra que eu tinha pensado ouvi-la dizer logo antes de eu desmaiar. Olhei com dúvida para a rachadura. Havia muita coisa naquela rachadura no gesso.
— Você pode desfazê-las? Essas coisas que apenas... acontecem?
Lia suspirou, aliviada por falar de outra coisa.
— Às vezes. Depende. Às vezes fico tão sobrecarregada que não consigo controlar nem consertar, nem mesmo depois. Acho que não conseguiria colocar o vidro de volta na janela da escola. Acho que não conseguiria impedir a chegada da tempestade no dia que nos conhecemos.
— Acho que aquela não foi sua culpa. Você não pode se culpar por cada tempestade que cai sobre o condado de Forks. A temporada de furacões nem terminou ainda.
Ela se virou de barriga para baixo e me olhou nos olhos.
Não soltou minha mão, e nem eu soltei dela. Meu corpo todo vibrava com o calor do seu toque.
— Você não viu o que aconteceu hoje?
— Às vezes um furacão pode ser apenas um furacão, Lia.
— Enquanto eu estiver por aqui, sou a temporada de furacões do condado de Forks .  — Ela tentou puxar a mão, mas isso só me fez segurar com mais força.
— Isso é engraçado. Pra mim, você parece mais uma garota.
— É? Pois bem, não sou. Sou um alerta meteorológico, fora de controle. A maioria dos Conjuradores consegue controlar seus dons quando chegam à minha idade, mas na metade das vezes parece que o meu me controla. — Ela apontou para seu próprio reflexo no espelho da parede. O texto de caneta permanente se escreveu sozinho sobre o reflexo enquanto olhávamos. Quem é essa garota? — Ainda estou tentando entender tudo, mas às vezes parece que nunca vou conseguir.
— Todos os Conjuradores têm os mesmos poderes, dons, sei lá?
— Não. Conseguimos fazer coisas simples como mover objetos, mas cada Conjurador também tem habilidades mais específicas relacionadas ao seu dom.
Nesse momento, desejei que houvesse algum tipo de aula que eu pudesse frequentar para conseguir acompanhar essas conversas, Introdução à Conjuradores, sei lá, porque eu ficava sempre meio perdido. A única pessoa que eu conhecia que tinha alguma habilidade especial era Alice, Edward e eu . Ler o futuro , ler mentes e manipular sentimentos tinha que contar para alguma coisa, certo? E por tudo que eu sabia,  Rosalie conseguia fazer eu me mexer; ela conseguia botar meu rabo em movimento com apenas um olhar.
— E quanto à tia Del? O que ela consegue fazer?
— Ela é uma Palimpsesta. Lê o tempo.
— Lê o tempo?
— É assim: eu e você entramos em uma sala e vemos o presente. A tia Del vê diferentes pontos no passado e no presente, tudo de uma vez. Ela consegue entrar em uma sala e ver como ela é hoje e como era há dez anos, há vinte, cinquenta, tudo ao mesmo tempo. É meio como quando tocamos no medalhão. É por isso que ela fica sempre tão confusa. Nunca sabe exatamente quando ou onde está.
Pensei em como me senti depois de uma das visões, e de como seria me sentir daquele jeito o tempo todo.
— Caramba. E Ridley?
— Ridley é uma Sirena. O dom dela é o Poder da Persuasão. Ela consegue enfiar qualquer ideia na cabeça de qualquer pessoa, fazer com que contem a ela qualquer coisa, com que façam qualquer coisa. Se ela usasse o poder dela em você e mandasse você pular de um penhasco, você pularia. Eu me lembrei de como me senti no carro com Ridley, como se pudesse contar a ela quase qualquer coisa.
— Eu não pularia.
— Pularia. Você teria que pular. Um homem Mortal ou Imortal  não é páreo para uma Sirena.
— Eu não pularia. — Olhei para ela. O cabelo esvoaçava em torno do seu rosto com a brisa, apesar de não haver nenhuma janela aberta no quarto. Procurei nos olhos dela algum sinal de que ela estivesse se sentindo do mesmo jeito que eu. — Não se pode pular de um penhasco quando já se caiu de outro maior.
Ouvi as palavras saindo da minha boca e desejei não tê-las dito assim que as disse. Tinham soado muito melhor na minha cabeça. Ela olhou para mim, tentando ver se eu estava falando sério. Eu estava, mas não consegui dizer isso. Em vez disso, mudei de assunto.
— E qual é o superpoder de Reece?
— Ela é uma Sibila, lê rostos. Consegue ver o que você viu, quando você viu e o que você fez só de olhar nos seus olhos. Consegue abrir seu rosto e literalmente lê-lo como um livro. Lena ainda avaliava meu rosto.
— É, quem era aquela? Aquela outra mulher em quem Ridley se transformou por um segundo, quando Reece ficou olhando para ela? Você viu isso?
Lia assentiu.
— Macon não queria me dizer, mas tem que ser alguém das Trevas. Alguma mulher poderosa.
Continuei perguntando. Precisava saber. Era como descobrir que eu tinha acabado de jantar com um bando de aliens.
— O que Larkin consegue fazer? Encantar cobras?
— Larkin é um Ilusionista. É como um Mutador. Mas tio Barclay é o único Mutador na família.
— Qual é a diferença?
— Larkin sabe Iludir, ou fazer qualquer coisa parecer com o que ele quiser, por um tempo: pessoas, coisas, lugares. Ele cria ilusões, mas elas não são reais. Tio Barclay sabe Mutar, o que significa que ele consegue fazer um objeto virar outro, pelo tempo que ele desejar.
— Então seu primo muda a aparência das coisas e seu tio muda o que elas são?
— É. De um modo geral, a vovó diz que os poderes deles são parecidos. Acontece às vezes entre pais e filhos. São muito parecidos, então estão sempre brigando.
Eu sabia o que ela estava pensando, que ela jamais conheceria isso de perto. Seu rosto se fechou e eu fiz uma tentativa idiota de aliviar a tensão.
— Ryan? Qual é o poder dela? Estilista de cachorros?
— É cedo demais para saber. Ela só tem 10 anos.
— E Macon?
— Ele é apenas... o tio Macon. Não há nada que tio Macon não saiba fazer, ou que não faria por mim. Passei muito tempo com ele na infância.  — Ela olhou para o outro lado, evitando a pergunta. Não estava contando alguma coisa, mas se tratando de Lena, era impossível saber o quê.  — Ele é como meu pai, ou como imagino meu pai. — Ela não disse mais nada.
Eu sabia como era perder alguém. Imaginei se seria pior nunca ter tido essa pessoa.
— E você? Qual é o seu dom?
Como se ela tivesse só um. Como se eu não os tivesse visto em ação desde o primeiro dia de aula. Como se eu não tivesse andado tentando juntar coragem para fazer essa pergunta desde a noite em que ela se sentou em minha varanda de pijama roxo. Ela fez uma pausa por um minuto, refletindo, ou decidindo se ia me contar; era impossível saber qual dos dois. Então seus infinitos olhos verdes me encararam.
— Sou uma Natural. Pelo menos tio Macon e tia Del acham que sou.
Uma Natural. Fiquei aliviado. Pelo menos não soava tão mal quanto Sirena. Acho que não conseguiria lidar com algo assim.
— O que exatamente isso significa?
— Eu nem sei. Não é apenas uma coisa. Quero dizer, supostamente uma Natural consegue fazer muito mais do que outros Conjuradores. — Ela disse isso rapidamente, quase como se tivesse esperança de que eu não ouviria, mas ouvi.
Mais do que outros Conjuradores. Mais.
Eu não tinha certeza de como me sentia em relação a mais. Com menos eu conseguiria ter lidado. Menos teria sido bom.
— Mas, como você viu hoje, nem sei o que consigo fazer.
Ela puxou a colcha entre nós, nervosa. Eu puxei sua mão até que ela estivesse deitada na cama ao meu lado, apoiada em um cotovelo.
— Não ligo pra nada disso. Gosto de você como você é.
— Ethan, você mal sabe qualquer coisa sobre mim.
Um calor sonolento estava se espalhando pelo meu corpo e, para ser honesto, eu não dava a menor bola para o que ela estava dizendo. Era tão bom só estar perto dela, segurando sua mão, com apenas a colcha branca entre nós.
— Isso não é verdade. Sei que você escreve poesia e sei sobre o corvo em seu cordão e sei que você adora refrigerante de laranja e sua avó, e caramelos de chocolate misturados à pipoca.
Por um segundo, achei que ela poderia sorrir.
— Isso não é quase nada.
— É um começo.
Ela olhou bem nos meus olhos, os verdes dela examinando os meus azuis.
— Você nem sabe meu nome,
— Seu nome é Lia Dubois .
— Bem, pra começar, não é.
Eu me ergui e soltei da mão dela.
— De que você está falando?
— Não é meu nome. Ridley não estava mentindo sobre isso.
Parte da conversa de antes começou a voltar à minha mente. Me lembrei de Ridley dizendo
alguma coisa sobre Lena não saber seu verdadeiro nome mas não achei que ela estivesse
falando literalmente.
— Bem, qual é então?
— Não sei.
— Isso é alguma coisa de Conjuradores?
— Na verdade, não. A maioria dos Conjuradores sabe seu nome verdadeiro, mas minha
família é diferente. Na minha família, não sabemos nosso nome de batismo até fazermos 16
anos. Até então, temos outros nomes.
O de Ridley era Julia. O de Reece era Annabel. O meu é Lia.
— Então quem é Lia Dubois ?
— Sou uma Duchannes, isso eu sei. Mas Lia é apenas um nome que minha avó começou a usar para me chamar.
Não falei nada por um segundo. Estava tentando absorver tudo.
— Certo, então você não sabe seu primeiro nome. Saberá em alguns meses.
— Não é tão simples. Não sei nada sobre mim mesma. É por isso que sou tão louca o tempo todo. Não sei meu nome e não sei o que aconteceu com meus pais.
— Morreram em um acidente, não foi?
— É o que me disseram, mas ninguém fala sobre isso. Não consigo achar nenhum registro do acidente, e nunca vi os túmulos deles nem nada. Como vou saber se é verdade?
— Quem mentiria sobre algo tão horrível assim?
— Conheceu minha família?
— Certo.
— E aquela monstra lá embaixo, aquela vadia  que quase matou você? Acredite se quiser, ela era minha melhor amiga. Ridley e eu crescemos juntas morando com minha avó. Nós mudamos tanto que compartilhamos a mesma mala.
— É por isso que vocês não têm sotaque. A maioria das pessoas jamais acreditaria que já moraram no sul.
— Qual é a sua desculpa?
— Pais professores e uma jarra cheia de moedas cada vez que eu pronunciava o G direito. -- Revirei os olhos. — Então Ridley não morava com tia Del?
— Não. Tia Del só visita nas férias. Na minha família, não se mora com os pais. É perigoso demais. — Obriguei a mim mesmo a não fazer as próximas cinquenta perguntas enquanto Lia continuava disparada, como se tivesse esperado uns cem anos para contar essa história. — Ridley e eu éramos como irmãs. Dormíamos no mesmo quarto e tínhamos aulas em casa juntas. Quando nos mudamos pra Virgínia, convencemos minha avó a nos deixar ir pra escola normal. Queríamos fazer amigos, ser normais. As únicas vezes em que falávamos com Mortais era quando vovó ia a museus, óperas ou para almoçar no Olde Pink House e decidia nos levar.
— O que aconteceu quando vocês foram pra escola?
— Foi um desastre. Nossas roupas eram as roupas erradas, não tínhamos TV, entregamos todos os deveres de casa. Éramos umas tremendas perdedoras.
— Mas pelo menos esteve na companhia de Mortais.
Ela não olhava para mim.
— Nunca tive um amigo Mortal até conhecer você.
— É mesmo?
— Eu só tinha Ridley. As coisas eram bem ruins pra ela também, mas ela não ligava. Estava ocupada demais se certificando de que ninguém me incomodaria. Tive dificuldade em imaginar Ridley protegendo alguém.
As pessoas mudam, Jasper .
Não muito. Nem mesmo Conjuradores.
Principalmente Conjuradores. É isso que estou tentando dizer a você.
Ela afastou a mão de mim.
— Ridley começou a agir de um modo estranho, e então os mesmos caras que a ignoravam começaram a segui-la para todos os lados, e esperar por ela depois da aula, e brigar pra ver quem a acompanharia até nossa casa.
— Ah, bem. Algumas garotas, simplesmente, são assim.
— Ridley não é uma garota qualquer. Eu falei, ela é uma Sirena. Conseguia fazer com que as pessoas fizessem coisas, coisas que normalmente não iam querer fazer. E aqueles garotos estavam pulando do penhasco, um por um. — Ela torceu o cordão nos dedos e continuou falando. — Na noite anterior ao seu aniversário de 16 anos, eu segui Ridley até a estação de trem. Ela estava apavorada. Disse que conseguia perceber que estava indo para as Trevas, e tinha que ir embora antes que ferisse alguém que amava. Antes que me ferisse. Sou a única pessoa que Ridley já amou. Ela desapareceu naquela noite, e jamais tornei a vê-la, até hoje. Acho que depois do que você viu hoje, está bem óbvio que ela foi para as Trevas.
— Espere um segundo, de que você está falando? O que quer dizer com ir para as Trevas? Lia respirou fundo e hesitou, como se não tivesse certeza se queria me dizer a resposta. — Você tem que me contar, Lia.
— Na minha família, quando você faz 16 anos, é Invocado. Seu destino é escolhido, e você se torna da Luz, como tia Del e Reece, ou se torna das Trevas, como Ridley. Trevas ou Luz, Preto ou Branco. Não há cinza em minha família. Não podemos escolher, e não podemos desfazer depois que somos Invocados.
— Como assim, não pode escolher?
— Não podemos escolher se queremos ser da Luz ou das Trevas, bom ou mau, como Mortais e outros Conjuradores podem. Na minha família, não há livre arbítrio. Tudo é decidido no nosso décimo-sexto aniversário. Tentei entender o que ela estava dizendo, mas era louco demais. Eu tinha morado com Amma tempo o bastante para saber que havia magia Branca e Negra, mas era difícil acreditar que Lena não tinha escolha sobre qual das duas era a sua. Sobre quem ela era. Ela ainda estava falando.
— É por isso que não podemos morar com nossos pais.
— O que isso tem a ver?
— Não era assim. Mas quando Althea, a irmã da minha avó, foi para as Trevas, a mãe não conseguiu mandar Althea embora. Naquela época, quando um Conjurador ia para as Trevas, tinha que abandonar o lar e a família, por motivos óbvios. A mãe de Althea achou que podia ajudá-la a combater isso, mas não podia, e coisas terríveis começaram a acontecer na cidade onde elas moravam.
— Que tipo de coisas?
— Althea era uma Evo. Eles são incrivelmente poderosos. Conseguem influenciar pessoas como Ridley consegue, mas também conseguem Mudar, se transformar em outras pessoas, em qualquer pessoa. Quando ela se Transformou, acidentes inexplicáveis começaram a acontecer na cidade. Pessoas se feriram e, em um certo momento, uma garota se afogou. Foi quando a mãe de Althea finalmente a mandou embora.
E eu achava que a gente tinha problemas em Forks . Não conseguia imaginar uma versão mais poderosa de Ridley o tempo todo nas redondezas.
— Então agora nenhum de vocês pode morar com os pais?
— Todos decidiram que seria difícil demais para os pais virar as costas para os filhos se eles fossem para as Trevas. E desde então, as crianças moram com outros familiares até serem Invocadas.
— Então por que Ryan mora com os pais dela?
— Ryan é... Ryan. Ela é um caso especial. — Ela deu de ombros. — Pelo menos, é o que tio Macon diz toda vez que pergunto.
Tudo parecia surreal demais, a ideia de que todo mundo na família dela possuía poderes sobrenaturais. Tinham a mesma aparência que eu, que todo mundo em Forks ; bem, talvez não todo mundo, mas eram completamente diferentes. Não eram? Até mesmo Ridley, esperando na saída do Pare & Roube. Nenhum dos caras suspeitou que ela fosse qualquer coisa além de uma garota incrivelmente gostosa, que estava obviamente bem confusa se estava procurando por mim. Como acontecia? Como se era um Conjurador em vez de um adolescente comum?
— Seus pais tinham dons? — Eu odiava falar sobre os pais dela. Sabia como era falar sobre um ente morto, mas precisava saber.
— Tinham. Todo mundo na família tem.
— Quais eram os dons deles? Se pareciam com o seu?
— Não sei. Vovó nunca disse nada. Eu falei, é como se eles nunca tivessem existido. O que me faz pensar, sabe.
— Em quê?
— Talvez eles fossem das Trevas, e eu vá para as Trevas também.
— Não vai.
— Como você sabe?
— Como posso ter os mesmos sonhos que você? Como sei quando entro em algum lugar se você esteve ou não lá?
Jasper.
É verdade.
Toquei na bochecha dela e disse baixinho:
— Não sei como sei. Apenas sei.
— Sei que você acredita nisso, mas não tem como saber. Nem eu sei o que vai acontecer comigo.
— Essa é a maior merda que eu já ouvi. — Era como todo o resto esta noite; eu não tinha a intenção de dizer aquilo, pelo menos não em voz alta, mas fiquei feliz por ter dito.
— O quê?
— Essa idiotice sobre destino. Ninguém pode decidir o que acontece com você. Ninguém além de você.
— Não se você é um Ravenwood, Jasper . Outros Conjuradores podem escolher, mas não nós, não na nossa família. Somos Invocados com 16 anos, nos tornamos da Luz ou das Trevas. Não há livre arbítrio.
Levantei o queixo dela com minha mão.
— E daí que você é uma Natural. O que há de errado nisso?
Olhei nos olhos dela e sabia que ia beijá-la, e sabia que não havia nada com que me
preocupar desde que ficássemos juntos. E eu acreditava, naquele um segundo, que sempre
estaríamos juntos.
Parei de pensar no manual de estratégias de basquete da Jackson e finalmente deixei que ela visse como eu me sentia, o que havia em minha mente. O que eu estava prestes a fazer, e quanto tempo tinha demorado para que eu tivesse coragem de fazer.
Oh.
Os olhos dela se arregalaram, ficaram maiores e mais verdes, se é que isso era possível.
Jasper ... Não sei...
Eu me inclinei e a beijei na boca. O gosto era salgado, como suas lágrimas. Desta vez, não um calor, mas uma eletricidade irradiou da minha boca aos meus dedos dos pés. Eu sentia as pontas dos dedos formigando. Era como enfiar uma caneta em uma tomada, coisa que Emmett  tinha duvidado que eu faria a 8 anos atrás . Ela fechou os olhos e me puxou para ela, e por um minuto, tudo ficou perfeito. Ela me beijou, os lábios sorrindo sob os meus, e eu sabia que ela estava me esperando, talvez pelo mesmo tempo que eu esperei por ela. Mas então, tão rapidamente quanto tinha se aberto para mim, ela me expulsou. Ou mais precisamente, me empurrou para longe.
Jasper, não podemos fazer isso.
Por quê? Pensei que sentíamos a mesma coisa um pelo outro.
Ou talvez não sentíssemos. Talvez ela não sentisse.
Eu a estava encarando, da extremidade de suas mãos esticadas que ainda estavam pousadas sobre meu peito. Ela provavelmente sentia como meu coração estava batendo rápido.
Não é isso...
Começou a se afastar, e eu tinha certeza de que ela iria fugir como tinha fugido no dia em que achamos o medalhão na floresta, como na noite em que me deixou parado na varanda.
Coloquei minha mão no pulso dela e imediatamente senti o calor.
— Então o que é?
Ela me encarou de volta, e eu tentei ouvir seus pensamentos, mas não aconteceu nada.
— Sei que você pensa que tenho escolha sobre o que vai acontecer comigo, mas não tenho. E o que Ridley fez hoje não foi nada. Ela poderia ter matado você, e talvez tivesse matado se eu não tivesse impedido. — Ela respirou fundo, os olhos brilhando. — É nisso que posso me transformar, em um monstro, quer você acredite ou não.
Passei meus braços pelo pescoço dela, ignorando-a. Mas ela prosseguiu.
— Não quero que você me veja assim.
— Não ligo.
— Beijei a bochecha dela. Ela saiu da cama, deslizando o braço pela minha mão.
— Você não entende. — Ela ergueu a mão. 122. Cento e vinte e dois dias, ela tinha escrito em tinta azul, como se aquilo fosse tudo que tivéssemos.
— Entendo. Você está com medo. Mas pensaremos em alguma coisa. Estamos destinados a ficar juntos.
— Não estamos. Você é um Vampiro . Não consegue entender. Não quero ver você se ferir, e é isso que vai acontecer se ficar próximo demais de mim.
— Tarde demais.
Eu tinha ouvido cada palavra que ela disse, mas sabia só de uma coisa. Eu já estava envolvido.

Notas de autoras :
Desculpa pela demora porque eu não tava com criatividade para escrever .
Eu peço muito para vocês comentarem , porque é tão desanimador escrever e ninguém comentar .
É isso obg

𝐌𝐎𝐑𝐍𝐈𝐍𝐆 𝐒𝐓𝐀𝐑 | 𝘫𝘢𝘴𝘱𝘦𝘳 𝘩𝘢𝘭𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora