Não desista de mim

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Luffy subia as escadas da casa tentando equilibrar seus presentes em uma das mãos enquanto segurava sua xícara de chocolate quente na outra. Com muito custo e algumas gotas do doce derramadas sobre suas roupas conseguiu chegar em seu quarto.

Depositou os objetos de qualquer jeito sobre a mesinha e terminou de ingerir a bebida - que era sua prioridade - para se encaminhar ao guarda-roupas para trocar o moletom que usava por um mais quente e limpo.

Voltando para a mesinha, sentou-se suspirando e pegou seu celular, respondendo as mensagens dos amigos. Era madrugada de Natal e Luffy havia passado aquela data com seus irmãos e o cunhado, havia trocado presentes com eles e, como sempre, apesar de ainda um tanto diferente, foi um noite feliz.

Depois da conversa que tivera com Law ainda estava magoado e incomodado com toda a situação, sua irritação também sempre vinha a tona quando pensava nas palavras e atitudes do lupino, principalmente por não compreender a razão delas. Todavia não queria preocupar os amigos e os irmãos então apenas parou de focar sua atenção exclusivamente naquele problema e tratou de transparecer que estava melhor, voltando a sorrir e se divertir com eles, mesmo que não tanto quanto antes e eles percebessem a mudança.

Ao menos ele estava tentando, mas era difícil ter um sucesso em realizar tal tarefa quando não ter ele por perto doía mais que tudo, como um inferno, saber que ele estava tentando afastá-lo, fosse por qual razão qualquer que fosse, lhe machucava terrivelmente por dentro e tudo que queria era ir atrás dele, porém ele sabia que não deveria, pelo menos não ainda.

Quando terminou de responder a todos, que haviam passado a data comemorativa com suas respectivas famílias, e confirmar que passaria o dia seguinte - ou nas horas seguintes daquela madrugada - junto com eles, se levantou para apagar a luz, mas seu corpo parou no meio do caminho ao sentir, de repente, uma presença familiar, ao qual ele conhecia bem, se aproximar.

Mesmo que Luffy já esperasse que ele viesse até si em algum momento, não era como se estivesse preparado para isso. Seu coração disparou dentro do peito e mordeu o lábio inferior nervoso com o que poderia vir a acontecer, mas se manteve neutro - afinal eles precisavam conversar, verdadeiramente dessa vez - e foi até a janela do seu quarto rapidamente, a abrindo sem sequer olhar para baixo e se afastando em seguida pelo vento extremamente frio que passou a invadir o cômodo.

Luffy ficou de costas para a janela, parado no meio do quarto próximo à mesinha que estava sentado antes, tentando organizar a mistura de sentimentos que se apossavam do seu coração naquele momento enquanto esperava que ele entrasse, o que imaginava não ser muito trabalhoso para ele mesmo seu quarto sendo no sótão. Queria desesperadamente ir até ele e abraçá-lo, dar fim a toda aquela saudade, mas também queria bater muito nele por tudo que fizera e dissera, queria beijá-lo e sentir o toque dele em sua pele, e igualmente senti-lo por aquele desejo que ainda ardia e era muito mais forte, no entanto ainda tinha muito a dizer e ouvir, muito o que conversa. De toda forma, seguindo um ou outro, não queria ele longe.

Ouviu alguns ruídos e rapidamente o cheiro marcante e característico invadiu suas narinas, o vento frio que entrava cessou e imaginou que ele havia fechado a janela após entrar. Tudo permaneceu em silêncio por muito tempo e com a ansiedade e impaciência o dominando Luffy viraria, se não fosse, é claro, seu corpo ser contornado pelos braços forte e tatuados que eram cobertos por apenas uma camisa de mangas longas. Embora ainda estivesse irritado, foi inevitável fechar os olhos para aproveitar o calor do corpo quente ser transmitido para o seu naquele abraço caloroso e aconchegante. Sentiu a cabeça dele contra a sua e suspirou abrindo os olhos.

- Eu sei que você tá irritado. - Ouviu a voz rouca rente ao seu ouvido o que fez os pelos do seu corpo se arrepiarem e seu coração bater mais forte. - Sei que fui um babaca com você e não queria precisar disso. - Mesmo sem vê-lo Luffy sabia que a expressão dele era pesarosa pelo tom de voz usado, quase em um sussurro. - Eu te devo desculpas, mesmo sabendo que as coisas não são tão simples e não vai ser com isso que você vai me perdoar.

O lupino da floresta proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora