Já não havia luz solar, somente a escuridão que confortava as sombras que por ali passavam.
Não mais corria alegre por campos floridos. Não haviam flores ou o verde da vegetação preservada.
No meio da escuridão estava ele, sentado sobre a terra com suas roupas escuras e o cabelo dourado em um balançar fantasmagórico.
Apenas desejava tocá-lo, senti-lo.
Olhava com desinteresse para a mensagem do amigo, Jean, na tela de seu celular. Já estava atrasado para buscá-lo, mas ainda permanecia deitado nos lençóis bagunçados da cama de casal. Um belíssimo "Seu cuzão vai se fuder, já é a terceira vez só essa semana >:(" aparecia nas notificações. Buscou pela conversa do contato salvo como "Armin esquisito", somente para ver suas mensagens ignoradas novamente. Tudo bem que havia pegado o número do garoto quase a força, mas poxa, custava responder?
Havia se passado mais de uma semana desde a última vez que tinha o visto e feito a "sábia" escolha de voltar na mansão. Não se lembrava de quase nada depois do jantar, por mais que se esforçasse, apenas aparecia o momento que entrava no carro após a tempestade passar. Sua cabeça chegava a latejar quando forçava-se a recordar se algo mais havia acontecido, mas nada parecia voltar além da dor do esforço inútil.
Sua vontade de ter que lidar com a escola hoje era praticamente nula, todavia já seria o quinto dia consecutivo a faltar. Zeke e Grisha tentaram tirar-lhe da cama até o terceiro dia, ao qual apenas se levantou para levar Jean e depois voltar para sua cama quente; mas agora não conseguia nem ouvir as merdas que jean tinha a dizer, estava de saco cheio. Por mais que a voz em sua cabeça continuasse a dizer que o melhor era permanecer em casa, ele se levantou e seguiu para arrumar. Chegaria bastante atrasado, mas quem liga?
Sem vontade, escovou os dentes, prendeu os fios castanhos com um elástico e vestiu um moletom preto em conjunto com as calças que havia dormido; calçou-se e foi para fora, a caminho do carro. Sem apetite, passou direto pela cozinha que já não havia uma alma viva.
Dirigiu alheio, nem música colocou como de costume. Estava cansado e com a maldita dor de cabeça começando a dar sinais. Seguiu o mais tranquilo que conseguia até o estacionamento já sem a movimentação que permanecia sempre durante a manhã.
Quando estava quase passando pelo portal de entrada do colégio, foi puxado para trás, se desequilibrando e por pouco não caindo.
— "Vossa alteza", resolveu aparecer foi? — olhou rapidamente para trás, dando de cara com a face debochada de Jean.
— Tá fazendo o que aqui? — perguntou, ajeitando o moletom e a mochila nas costas com uma carranca estampada no rosto.
— O que você acha?! Matando aula, óbvio. E você? Achei que não ia aparecer, de novo... — retrucou, cruzando os braços. Eren apenas ignorou e virou-se para o seu caminho original, pronto para procurar alguma sala vazia e provavelmente dormir até o próximo horário, mas Jean o impediu novamente:
— Não tô bravo, só quero saber o que rolou. Vem vamos sentar ali e fumar um, eu trouxe de casa — disse em uma abordagem amigável, balançando uma caixinha de metal em sua frente.
— Tudo bem, vem para o carro — Se virou e voltou ao lugar onde o veículo estava.
Ao chegar, apenas destrancou e entrou do lado do motorista, Jean logo já estava no banco do passageiro fechando a porta.
— Vai, desembucha, o que aconteceu? A última vez que te vi nesse estado foi quando a tia Carla morreu.
Eren sentiu como se tivesse levado um chute ao escutar o nome da mãe, fazia um tempo considerável desde o acontecimento, mas ainda era um tópico sensível para si. Jean já levava o baseado devidamente bolado aos lábios e o acendia com o isqueiro barato. Observou em silêncio o amigo acender e dar a primeira tragada, logo o tirando da boca e passando para o lado. Eren, o pegou entre os dedos e fez o mesmo procedimento que Jean.
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Ackerman's
FanfictionTodos ali tinham suas hipóteses diante da família; para alguns eram seres sobrenaturais e malignos, para outros, apenas pessoas comuns e reclusas. Não os conheciam, não sabiam seus verdadeiros nomes, muito menos se habitavam de fato naquela residênc...