XI

158 17 11
                                    

Uri andava pelo corredor com elegância, um andar calmo e sorrateiro que buscava seu destino sem muita pretensão. Parou em frente à porta aberta do quarto de seu neto. Armin estava sentado em sua cama, olhando perdido e sem nexo para a enorme janela, o quarto estava arrumado e limpo com o sol da manhã batendo na pele pálida de porcelana e a aquecendo. Trajava uma blusa preta lisa com mangas e que grudava em seu corpo, calças longas e de aparência pesada (também preta) e um sobretudo; os cabelos soltos, espalhados em suas costas.

— Como se sente, bebé? — Uri entrou no quarto sentando-se ao lado do outro.

— Melhor, eu acho — respondeu, sorrindo.

— Não pense muito sobre isso, o que lhe pertence está garantido — Colocou sua mão carinhosamente no rosto do jovem.

Armin aconchegou-se na palma morna e olhou no fundo dos olhos violetas. Uri viu... A mentira e ganância que esbanjava daquele ser, não era uma novidade, mas ainda o surpreendia como Armin conseguia esconder seu verdadeiro ego, mesmo que todos possuíssem um lado ruim apesar de tudo, até mesmo Uri. 

Mikasa, Annie, Kenny e Erwin conversavam na sala de entrada, com sua antiga decoração devidamente posta. Todos pareciam pensativos, e mesmo que trocassem sentenças alheias, estavam perdidos em seus próprios mundos com suas preocupações individuais. Uri descia as escadas com seu habitual humor ameno, dirigindo-se ao pequeno grupo de conversas.

— E ele? — Erwin perguntou.

— Está pronto, esperaremos o momento certo — Uri respondeu, sentando-se ao lado do marido. — Onde está Berthold, Historia e a elfa?

— Hisu e Ymir disseram que já estavam a caminho — disse Mikasa. — Berthold está ajudando ao irmão com a proteção de sua casa, ele teme que alguém venha para Paradis e os encontrem.

Todos concordaram com a sábia escolha do feiticeiro. Uma batalha estava a poucos passos de se iniciar, proteger sua família era uma escolha honrável. Permaneceram com a conversa, afastando-se o máximo do assunto principal. 

Levi saia de seu quarto, arrumado com suas roupas pretas costumeiras, aprontando-se para encontrar seus familiares no andar debaixo. Mas antes que descesse, passou pelo corredor já conhecido, como a palma de sua mão, e que estava sempre repleto de decorações; apenas desejava averiguar com seus olhos a situação que seu filho estava, nada mais. Sem pressa, abriu a porta dupla de madeira, deparando-se com o quarto vazio e gelado, graças a janela aberta. Estava na hora, Armin havia dado o sinal.

Deixou o local e se dirigiu para o térreo, já que todos se encontrariam ali. Mesmo sabendo qual seria a reação que receberia, não se incomodou em correr ou se exaltar, apenas desceu a escadaria e se juntou ao grupo com paciência. Todos se calaram e direcionaram seus olhos para Levi, esperando uma reação do homem; esse que esperou alguns segundos e então confirmou com a cabeça, sem precisar ditar uma única palavra.

Erwin e Kenny levantaram-se quase simultaneamente, saindo da sala e indo para outro cômodo da casa. E como se soubessem que aquele era o momento, a campainha da casa tocou, indicando que seus visitantes haviam finalmente chegado.

Mikasa se moveu rapidamente para ir de encontro a porta e buscar seus amigos, todos entraram e logo o local se completou com as vozes que conversavam com uma breve exaltação. 

— Como vai sua mãe, querido? Marco irá ficar com ela? — Uri perguntou, direcionando-se para Bertholdt.

— Eles irão ficar bem, Jean ficará com eles e vai avisar caso algo aconteça — respondeu, ajeitando a bolsa lateral que carregava.

Levi indicou para que todos o seguissem até a cozinha, onde poderiam conversar mais confortavelmente e esperar para que os outros chegassem.

Todos se acomodaram ao redor da mesa simples, Uri ofereceu chá e até mesmo alguns biscoitinhos — não era a ocasião, mas ele gostava de visitas — para se sentiram mais confortáveis, antes de irem para o que mais temiam naquele momento.

Ackerman'sOnde histórias criam vida. Descubra agora