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— Bom, tudo está como deveria — falou o médico, colocando seu estetoscópio no pescoço. — Continue tomando as vitaminas que lhe prescrevi, com o tempo não precisara mais dos remédios.

Sorriu para o garoto franzino, com a aparência de uns 14 anos, mas que possuía muito mais que isso. Ele era loiro e seus cabelos atingiam pouco acima de seu ombro, era tímido, mas gostava das consultas quase semanais que tinha com o doutor Yeager; ele o fazia rir e quase sempre lhe presenteava com alguma guloseima ou livro.

— Papai, quando não precisar tomar mais remédios, vou poder sair daqui? — perguntou, olhando para o homem de cabelos negros que esperava o fim da consulta, observando a paisagem pela janela.

— Você poderá ir à qualquer lugar que desejar — O homem sorriu, olhando para seu filho. — Quando melhorar, iremos à praia e veremos o mar, eu lhe prometo!

O jovem sorriu, um de seus maiores sonhos fora ver o enorme oceano; não podendo sair de casa por inúmeros motivos, só o viu por livros e fotos de seus tios que moravam próximos ao litoral. Batidas leves na porta foram ouvidas, chamando a atenção dos três, logo em seguida sendo aberta por uma mulher morena.

Ela usava um vestido leve carmesim e tinha os cabelos longos presos em um rabo de cavalo baixo; ela passou pelo portal, sorridente, segurando a mão de um pequeno menino que se parecia muitíssimo com a moça. A criança parecia ter 10 anos ou um pouco menos, era moreno e esbanjava enormes olhos verdes.

— Carla, querida! — O médico levantou de sua cadeira, indo de encontro a esposa e dando-lhe um selar em seus lábios. — Armin, quero que conheça meu filho, Eren.

Segurou a mão de seu filho, caminhando em direção ao loiro. Ambos os jovens se olharam por alguns momentos, Eren logo começando a sorrir e correu para dar um abraço em seu novo amigo, assustando-o, mas sendo retribuído meio desajustado.

— Por que não descem e brincam um pouco? Preciso conversar com Levi e Grisha — Ofereceu Carla, com um sorriso. Eren concordou e puxou o loiro pela mão, ambos saindo da sala.

— Então, o que vamos fazer? — O pequeno Yeager perguntou, finalmente soltando o outro.

— Eu não sei... — respondeu incerto, não era acostumado a conhecer pessoas. — Podemos ir para a biblioteca, você gosta de ler? 

Se sentiu inseguro com sua pergunta ao ver o sorriso no rosto do outro ir se desmanchando gradualmente, não sabia se havia feito algo de errado.

— Ler? Você vive numa casa desse tamanho e fica lendo? — Eren falou, com o tom verdadeiramente indignado. — Vamos eu vou te ensinar como se divertir de verdade.

Voltou a puxar o Ackerman, descendo até a porta de entrada. Correram para frente da fonte e ali o Yeager se propôs a ensinar todas as brincadeiras que lhe vinham à mente. Correram e lutaram, de modo que ao fim do dia ambos estavam sujos de terra e suor; mesmo cansado, Armin estava feliz pelo dia que tivera.

Eren teve que ir embora junto a seu pai, o que lhe causou um bico emburrado e um real descontentamento. O loiro tentou aliviar a tensão, prometendo que na próxima semana poderiam se ver novamente e assim se divertiriam como naquele dia.

E a assim seguiram semana após semana. A presença de Eren tornando-se mais frequente que as consultas de Armin, tendo sua mãe como guia. As crianças passavam horas a fio pelo jardim da casa, enquanto Carla se mantinha com os parentes do loiro; poderíamos dizer que, os Ackerman mantinham um enorme carinho por aqueles Yeager. 

— Preciso te mostrar um lugar — disse Armin, um dia. Recebendo o consentimento do amigo. Naquele tempo ambos já nutriam uma forte amizade, falavam sobre qualquer coisa e faziam quase tudo juntos. O garoto os levou para um enorme campo morto atrás da casa, ele não era feio, as folhas murchas e mortas lhe davam um ar melancólico e belo.

Ackerman'sOnde histórias criam vida. Descubra agora