VIII

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Eren abriu seus olhos preguiçosamente, seu quarto estava escuro e seu corpo dolorido sobre a cama macia. Com a cabeça ainda no travesseiro olhou para os lados lentamente, tentando focar sua visão em qualquer coisa do lugar. Parecia ter sido atropelado por um caminhão, estava psicologicamente cansado, de uma maneira até irritante.

Sentou no colchão, vendo a pouca luz entrar pela porta aberta. Não havia fechado ela antes de dormir? Balançou a cabeça, devia estar tão cansado que nem mesmo se recordou de fechar a porta. Olhou para seu pijama, uma blusa folgada e calças de flanela; não sabia que dia era, mas precisava se arrumar para ir ao colégio.

— Eren, já acordou? — Grisha apareceu nporta, segurando uma caneca grande e usando pantufas. O jovem apenas soltou um resmungo para sinalizar uma resposta positiva ao pai. — Como foi ontem? Armin está bem?

Eren olhou confuso para o rosto de seu pai; o mais velho havia usado um tom contagiante, de forma boa. Suas sobrancelhas franziram ao escutar o nome "Armin", como ele saberia se o garoto estava bem ou não?

— Eu não sei?! Eu nem falo com o Ackerman, pai. Na verdade, nem sabia que você conhecia ele — respondeu, levantando de sua cama e escutando seus ossos estralarem em reclamação.

O sorriso mínimo no rosto de Grisha fechou-se completamente.

— Oh me perdoe, ele foi um paciente meu — disse sem graça, tentando formular uma frase coerente. — Supus que por estudarem na mesma escola, vocês se conhecessem...

— Não, tudo bem! Mas deve ter, sei lá, mais de mês que não vejo ele por lá, então... — falou dando de ombros e se direcionando para o banheiro. Grisha saiu do quarto do garoto com um semblante pesado, se dirigindo ao seu próprio quarto para se aprontar. 

Eren se arrumou como qualquer outro dia comum, tirando o fato que às vezes uma pontada de dor atingia seu peito, fazendo com que ele precisasse se apoiar em algo; imaginou que talvez tivesse pegado uma gripe fodida, ou qualquer doença comum, mas a dor não o atrapalhou por muito tempo. Ajeitou-se e desceu acreditando que seu pai ainda estaria tomando seu precioso café. Se surpreendeu ao ver que não. Não havia sequer um resquício de Grisha; sem fome, apenas pegou suas chaves e mochila, indo a caminho de seu amado veículo. Jean não havia lhe mandado nenhuma mensagem até o momento, acreditou que não seria necessário buscá-lo em sua casa, passando direto pela quadra do amigo em seu trajeto.

Acabou por chegar mais rápido do que o costume a escola, a movimentação grande por todos os alunos e colegas que chegavam em simultâneo pelo portão da garagem. Deixando seu carro na primeira vaga que encontrou, desceu despreocupado e foi de encontro a multidão. Ao conseguir passar pela entrada, seu corpo foi agarrado em um abraço forte, assustando-o.

— Cara, você tá bem? — Jean se afastou, segurando os braços do amigo, o tom de voz quase assustado. 

— Eu tô?! Você tá bem? Para que isso tudo? — respondeu rindo da atitude do outro, afastando-se.

— Nada, é só que... Nada, senti sua falta — disse rindo sem graça e dando tapinhas nos braços cobertos pelo casaco.

— Okay...? — Eren olhou para os lados, segurando o riso. — Olha, você tá meio estranho, viu?! Vamos entrar logo — O Yeager passou o braço por cima dos ombros do amigo, que apenas confirmou com a cabeça e passou a caminhar com ele. 

O barulho estridente do pneu ecoou quando o carro foi parado com agressividade. Tirou a chave da ignição e desceu com rapidez do automóvel cinza, quase correndo para a sacada de madeira. Bateu na porta com o punho fechado, tentando fazer com que o som soasse mais alto, e em poucos segundos foi aberta pelo homem de cabelos negros.

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